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João Távora

Quinta Feira Santa XXXVII

Sem querer bater mais "no ceguinho", soubemos hoje que cerca de metade dos deputados não justificaram a sua falta de Quarta-Feira Santa (o que está certo, não vale inventar) e que dentro daqueles que o fizeram, destaca-se entre várias razões o "motivo inconfessável".
Caramba! Dá para pensar em cada coisa!!!

Sá Pinto - O "Último dos Moicanos" ?


Soubemos agora que Ricardo Sá Pinto não mais jogará futebol profissional.
O conselho disciplinar da liga atribuiu dois jogos de castigo ao jogador em consequência de algum impropério dirigido ao fiscal de linha no passado jogo entre o Sporting e a Naval em que o seu (meu) clube foi literalmente vilipendiado pela equipa de arbitragem. Sá Pinto tinha anunciado o final da carreira para o final desta época. Não sendo politicamente correcto, (e correndo o risco de ser mal entendido) quero deixar aqui expresso a minha admiração por este jogador extra - ordinário, que primou a sua arte com paixão e emoção, além da técnica, contra o "calculismo" e a "gestão da carreira" tão na moda e que ameaçam estrangular o circo do Futebol. Provavelmente, ganhou um lugar especial na história do NOSSO CLUBE, e um lugar no coração de todos os Sportinguistas.

Responsabilidade...



Nos últimos tempos, as minhas leituras tenderam para o tema do Séc. XIX em Portugal. Fascinei-me com a intriga e vida de José Vieira de Castro em "Glória" de Vasco Pulido Valente, deliciei-me com a colecta da Maria Filomena Mónica de "As Farpas" de Eça de Queiroz, e acabei de ler ontem a Biografia de D. Pedro V da mesma historiadora. Parece-me que os nossos ilustres jornalistas e observadores de política nacional só têm a ganhar em estudar bem esta época fascinante. Emergidos de uma desestruturante tragédia que foi o terremoto de 1755, os recursos da expansão maritima tendem a acabar. Prevalece a precariedade das vidas; as pestes, uma pobreza endémica. Generalizando, um povo miserável, ignorante e dependente, uma classe média "boçal" (nas palavras de MFM) um clero inculto e acossado, as elites decadentes são o pano de fundo para a instauração de uma nova ordem que é o regime constitucional e representativo. E por aí entramos no Séc. XX. Pergunto: Quantas mais gerações serão necessárias para resolver tantos anos de fome e ignorância? Tem sido essa a prioridade dos nossos governos? O investimento no ensino, na responsabilização, a cidadania, a ética têm sido as nossas prioridades? Qual é a nossa (de cada um) responsabilidade?

Há Música a Mais?

Há música a mais? Concordo com a ideia. O silêncio é de ouro, música a mais é ruído. No escritório? No táxi? No Carro? Na cozinha? Torna-se ruído e é canseira.
A música devia ser para ouvir só quando nos apetece e com “cerimónia”. Com o desejo em ponto “rebuçado”. O resto é “enchimento”. Alienação, desperdício. É saudável ouvir o silêncio e a solidão… em paz.

Aerial – O Retorno de Kate Bush


Tinha que escrever sobre isto: Um dos maiores prazeres de que tenho usufruído nos últimos meses, é a audição do último disco da cantora (poeta, compositora e pianista) Kate Bush. Há muitos anos que um álbum de música dita “popular” não me entusiasmava tanto.
Como tantos outros descobri esta cantora britânica em 1978, através do seu álbum de estreia “The Kick Inside”. Um daqueles raros discos em que cada uma das suas 13 faixas (lembram-se das “faixas”?) devidamente divulgada na rádio era digna de lançar a artista nas tabelas de vendas. Foi o que aconteceu ao tema Wuthering Heights.
Kate Bush, oriunda de uma família de músicos, é antes de uma “invulgar voz”, uma excelente compositora, com muito bom gosto nos arranjos musicais. Uma artista completa, que acompanha a sua poesia ao piano com invulgar competência.
Depois do seu primeiro álbum, “The Kick Inside” acompanhei os álbuns seguintes com expectativa muito alta, Lionheart (1978), Never for Ever (1980), The Dreaming (1982), Hounds of Love (1985), The Sensual World (1989), mas confesso que à parte algumas inegáveis pérolas, mais nenhum álbum me convenceu inteiramente. Parece-me agora, à distância que as suas melodias foram anoitecendo, desvanecendo em cada vez mais complexos e abstractos temas e ritmos pesados, que sempre houve quem o fizesse melhor. O seu ultimo The Red Shoes (1993) nunca conheci.
Depois de treze anos de absoluto silêncio, Kate Bush surge, corajosa quarentona, com um poderoso duplo CD: Este Aerial é uma obra prima em dois discos (A Sea of Honey e A Sky of Honey) de 40 minutos cada, à boa maneira do antigo vinil.
Envolvidos em vozes de crianças e cantos de pássaros, sons de ventos: “(...) Is that the wind from the desert song? Is that an autumn leaf falling? Or is that you, walking home? Is that a storm in the swimming pool? (…) “ somos levados tema a tema por “recordações” fantásticas, como em “A Coral Room”. Visitamos Joana D’ Arc no campo de batalha em “Joanni”: “All the banners stop waving, And the flags stop flying, And the silence comes over, Thousands of soldiers, Thousands of soldiers (...)”. Em PI somos literalmente hipnotizados com um poema feito de números declamados aleatoriamente... Quase oitenta minutos de gozo, e às vezes de arrepiar.
Pesquisei sobre a cantora na net. Fiquei a saber que nada se sabe da vida particular e que não fala à imprensa sem ter alguma coisa para dizer. Assim é que é: A sua música é que nos interessa!

Sem Fitas: Estamos Na Semana Santa

Com a celebração do Domingo de Ramos, entrámos na Semana Santa, período decisivo na vida dos cristãos. É um tempo de renúncia e privilegio do silêncio. Assim possamos escutar o que é maior.
Como o melómano que descobriu que antes de toda a música há o silencio, e assim me recuso a ouvir os concertos de Brandemburgo no carro, no transito para Lisboa. E porque falamos tanto para não nos escutar.
Agora, por uns dias, devia desligar-me das “espumas dos dias” e de espírito livre focar-me no “homem novo” a que posso aceder, já hoje, com a Páscoa de Jesus.
Nem que seja para admirar a forma, convido à leitura de S. Marcos capítulos 14 e 15 (note-se a mestria densa e dramática desta “reportagem”) que tive o privilégio de ouvir hoje recitados na recém restaurada Igreja dos Mártires, no Chiado.

DES Paridades

Joana Amaral Dias ocupa a capa da Revista Única de hoje... Interesse Público? Por alma (vontade) de quem?!?

Uma Análise Estereoscópica

Como quase sempre acontece, a personalidade mais sexy do CDS, Maria José Nogueira Pinto, pinta hoje no DN os factos da actual governação com um discurso realista e desassombrado. E sobre o assunto ainda pergunto: A quem mais, as massas anódinas do enorme centro esquerda "liberal-ó-marxista" permitiriam esta liderança autoritária e reformista? Parece-me que só a um socialista pós moderno como o José Sócrates... Mas eu, por ventura peco "por pensamento" ao admitir que esta travessia do deserto até terá boas razões: “it is a dirty job, some body has to do it"... Sei que peco, mas como bom cristão prefiro a esperança!

PS I : Deixem-nos gostar de Futebol e de levar os putos ao Circo. Mas eduquemos os nossos filhos que serão professores e governantes amanhã, para que façam a diferença. Ainda não perceberam que é a responsabilidade individual que mais conta?!

PS II: Já agora que amanhã ganhe o Sporting!

Fui Ao Jardim da Celeste...


Acabo de chegar da Ilha da Madeira onde estive uns dias em trabalho. E uma vez mais, fica-me a impressão de que os Madeirenses amam a sua Ilha. Os Funchalenses recebem-nos como quem vive numa casa de que se orgulha com afecto e sinceridade. Isto parece-me indiscutível. Pensei nisto num solitário passeio nocturno na "Promenade" do Funchal. Um passeio público ajardinado à beira mar, no Lido. Tudo no sítio sem pretensões. Bonito e civilizado, com o mar escuro a fervilhar contra os calhaus.
Agora cheguei a Lisboa. Dá-me ideia que a esta terra ninguém a quer. Lisboa, aos solavancos, é espremida por muitos ingratos forasteiros perdidos e sem raízes. Lisboa podia ser amada e vivida também. Mas para isso precisava de ter mais Lisboetas, com relações e sentido de pertença... que lhe devolvessem algum "amor próprio".