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João Távora

Férias I

Férias é largar a quadricula dos rituais utilitários,
E improvisar novas rotinas.
Férias é gradualmente desregular os horários.
E ficar na praia até às nove da noite.
Férias é preguiçar longamente a ler o jornal...
até o obituário se encher de areia.
Férias é jogar à rabia na maré vazia...
Até estourar humilhado pela rapaziada nova.
Férias é dar lastro às crianças,
... e a chave de casa aos mais velhos.
Férias é tempo de conhecê-las melhor.

Domingo

Evangelho segundo São Lucas 11,1-13

Naquele tempo, estava Jesus em oração em certo lugar. Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João Baptista ensinou também os seus discípulos». Disse-lhes Jesus: «Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’».
Disse-lhes ainda:
«Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados e não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa.Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».

Da Bíblia Sagrada

A banhos

Amanhã pela manhã a “família pipocas” parte rumo ao Sudoeste para umas merecidas férias. Um ritual incontornável, indispensável. Malas feitas, gás desligado, trancas na porta, todos na carrinha, alguma excitação: um choro aqui, um ralhete ali, todos na carrinha, todos ao caminho. Uma pequena temporada de Sol, roupa lavada e comida feita. Uns dias de indolência, livros, jornais e muita praia, muito mar. Gelados, sandwiches e bolas de Berlim também. E como é próprio da estação e dos “ares”, os miúdos aproveitarão para crescer. Em tamanho e (espera-se) em graça. Novidade é que desta vez levo computador, já que arranjei uma impecável Internet portátil. Hasta la vista!

Festas e romarias

Como o João Gonçalves, até compreendo que se podia recuperar o dia 24 de Julho para o calendário de festas do regime, como sugere Medeiros Ferreira no Bicho Carpinteiro. A malta gosta de festas e feriados, e para estímulo nacional há que alimentar alguns mitos. Mas aqui entre nós, que ninguém nos oiça, o que festejamos no 5 de Outubro? Além da ditadura “democrática” que pôs o país num caos e da “bandeira de pretos”, como dizia o republicano Guerra Junqueiro, que razão temos para fazer festa? O voto das mulheres? Eleições livres? Liberalismo económico? Liberdade de imprensa? Liberdade de culto? Mais ensino? Paz social? Tolerância nos costumes?
Sobre o assunto, desafio Medeiros Ferreira, por quem nutro uma simpatia "empírica", a dar-nos uma resposta intelectualmente honesta e historicamente fundamentada.

Às páginas tantas...

Ao contrário do que se possa pensar não sou um puritano, muito menos um moralista. Mulheres bonitas, maminhas, rabos e pernocas, quando justificadas pelo seu contexto, são graças com as quais convivo prazenteiramente, na medida possível a um comprometido marido e chefe de família.
Vem isto a (des)propósito das secções de classificados, “de RELAX” publicadas nalguns jornais chamados “de referência”. De há uns tempos para cá, estas páginas têm-se progressivamente transformado numa obscena montra da miséria humana, um profusamente ilustrado catálogo de prostituição. A diversidade de órgãos e membros femininos expostos é inúmera e a cores. A carne exposta como no talho.
Se bem me lembro, este tipo de publicidade surge ciclicamente como uma praga (lembram-se da publicidade às chamadas de valor acrescentado?) em resposta a um anónimo e vasto mercado de frustrados sexuais.
Por ora, aguarda-se que o legislador acorde um dia destes e decrete a regulação desta emergente(?) oferta publicitária. Até ver. Entretanto, é melhor preparar uma explicação de “bom gosto” para dar às minhas criancinhas, quando um dia destes, às páginas tantas, encontrarem os deprimentes anúncios ilustrados num qualquer diário generalista... de referência.

Liberdade e má conduta

Caro Pedro Sales

A respeito do seu acintoso texto que me mereceu a maior atenção, permita-me três observações:

1 - Na minha modesta opinião, as caricaturas a Maomé foram um nítido abuso da liberdade de expressão. Coisa de gente malcriada e blasé, de quem herdou a liberdade sem esforço, para quem a paz e a sopa na mesa é um dado adquirido.
2 – Não percebo com que sentido é que o Pedro mistura homossexuais com republicanos ou monárquicos. Há-os com certeza proporcionalmente nas duas facções politicas. Volto a afirmar que não julgo ninguém pelas suas inclinações sexuais. (Confesso que em termos meramente abstractos me irrita um pouco a imagem do republicano à antiga, todo engomado, de bigode e chapéu, mas isso passa depressa com um “passou bem”).
3 – Finalmente, acredito que a liberdade de expressão é um bem demasiado precioso, e por tal devemo-nos sempre indignar quando são cometidos abusos. Nada mais.

Com consideração,

Libertinagens de conveniência

Eu por mim até já estou calejado. Em nome da sacro-santa liberdade de expressão alheia, desde sempre e sob o patrocínio do regime, testemunhei conformado, nos media, às mais impunes e gratuitas provocações à minha fé e outras causas desalinhadas. E diz-me a experiência que qualquer reacção piora sempre as coisas, é melhor nem ligar. Há muito que conheço o valor da minha liberdade em confronto com a das vozes do regime. Mas com o tempo ganhei imunidade e indiferença. Valem-me as minhas convicções, e também o exemplo de Cristo.
Vem isto a propósito do caso das infames caricaturas dos Príncipes Filipe e Letícia publicadas em Espanha. E não é que a fecunda liberdade de expressão de nuestros hermanos comoveu desde logo alguns nossos tolerantes e laicos republicanos? Foi o caso de Ferreira Fernandes com a sua ironia ao lado de quem, no mesmo DN, o caricaturista porno Vilhena (sem link) quase se revela um sensível conservador.
Mas cá no quintal só se promove a respeitabilidade num sentido: o devido aos senhores do regime e seus venerandos símbolos. Experimentem só xingar da bandeira da república, ou gozar com a licenciatura do nosso primeiro ministro...
De resto, imagine-se a indignação da "inteligenzia regimental", se uma perversa publicação doméstica parodiasse os nossos estimados Aníbal e Maria naqueles realíssimos preparos... Não tinha mesmo graça nenhuma, pois não?!

Domingo

Evangelho segundo São Lucas 10, 38-42

Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

Da Bíblia Sagrada

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