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João Távora

A voz da incompetência

Considerando a inegável e avassaladora hegemonia do Futebol Clube do Porto face à concorrência doméstica, cada vez que Luis Filipe Vieira vocifera reclamando a destituição dos responsáveis no caso Apito Dourado, por mais razão formal que lhe assista, a coisa soa a falso. É que, mais grave do que a disfuncionalidade da justiça em Portugal, só mesmo a mediocridade e o chico-espertismo imperante nas classes dirigentes nacionais. Ou não estará tudo ligado afinal?

O blogue da semana

Calhou a mim fazer a estreia da eleição do  blogue da semana do Corta-Fitas. Assim, já consta ali na barra lateral o Nocturno, blogue que descobri  recentemente via Miguel Castelo Branco – honra lhe seja feita. Neste sitio mora uma Luísa que compõe primorosamente uma escrita com gente lá dentro. E as suas fotografias, magnificamente sedutoras, estão cheias de Lisboa, em diferentes ângulos, poses e esquinas. O Nocturno é um sítio cheio de luz. Uma dádiva enrolada nos dias, a usufruir com regularidade e prazer.


Lisboa, terra de ninguém

Será que António Costa, por conta das más contas, se esqueceu de que assegurou aos lisboetas uma cidade com o estacionamento disciplinado? É por falta de dinheiro que não se reprime eficazmente o estacionamento selvagem, ou simplesmente a autoridade receia a rebelião popular? É que, no bipolar entendimento bem português, a efectividade da lei tem no mínimo duas leituras, consoante se é vitima ou prevaricador.

Uma história sem moral

No outro dia, ao contornar a sumptuosa estátua do Marquês de Pombal, a minha filha de sete anos perguntou-me quem era aquele personagem de cabeleira lá em cima de tão magnificente pedestal. Falei-lhe então do Sebastião José, politico astuto, ambicioso e visionário. Acontece que por razões óbvias e para não faltar à verdade não pode ignorar o seu carácter facínora. Logo notei como criara a confusão naquela cabecinha maniqueísta e cheia de conceitos absolutos. Perguntou-me a seguir como é que aquele senhor, depois de ter mandado matar os Távoras e os padres Jesuítas não tinha sido preso pela polícia; ao que eu, encurralado, elucidei-a  que era ele que mandava na policia, e que na realidade a vida era complicada e nem sempre era justa. Expliquei-lhe ainda, com afecto, que ao contrario das histórias do Tintim que lhe leio à noite, e dos contos da Disney que ela consome deliciada, na vida real nem sempre ganham os bons. Já em silêncio, cruzámo-nos então com a estátua do António José de Almeida a caminho da casa da avó que agora mora ali prá Almirante Reis.

A grande rivalidade, sempre


Soares Franco, presidente do Sporting Clube de Portugal, deu ontem o pontapé de saída para uma campanha (há muito adiada) de angariação de novos sócios. O discurso, do ponto de vista da comunicação, está próximo da perfeição, ao pretender  atiçar a velha rivalidade com os vizinhos da outra margem, como motivação base para os fins previstos: se “eles” que são seis milhões alcançaram os 150.000, “nós conseguimos melhor”. Desta vez a grande provocação é direccionada para o interior do universo leonino: o Sporting tem que conseguir melhor “do que eles”. E “eles”, têm aqui um papel fundamental. A grande rivalidade Sporting vs Benfica é um precioso património cultural válido para os dois grandes clubes de Lisboa. A rivalidade acirrada (de forma saudável), promove o jogo conferindo-lhe acrescida emoção e paixão, coisa sem a qual  não há arte ou beleza que valham ao futebol. Um pouco como acontece a tudo na vida.


A estratégia é pois de tornar o desafio da angariação de novos sócios, num despique, num jogo também a disputar com os velhos rivais. O problema com que Soares Franco e a sua equipa de marketing se deparam, e cuja solução não depende deles no imediato, são os resultados desportivos da equipa de futebol profissional. Estes podem comprometer definitivamente a melhor campanha do mundo. Lançar esta acção de marketing, após uma miserável derrota sofrida em Setúbal, mesmo precedendo as emoções de derby de Domingo, pode resultar num rotundo fracasso, uma completa falsa partida. Não valia mais esperar pelo próximo fim de semana? Talvez não, pois há que contar com as contingências dum espectáculo cujo fascínio se fundamenta na imprevisibilidade: um verdadeiro jogo.

Uma cobardia sem idade

Foi com espanto e choque que recentemente a minha mulher e eu testemunhámos uma cena de violência ente um casal de jovens adolescentes, enquanto tomávamos um café junto à estação de S. João do Estoril. Consta que é vulgar na urbana "movida" juvenil (equivocas conquistas da propalada “igualdade de géneros"?), mas a cena pareceu-nos macabra: na plataforma da estação e perante a passividade do restante grupo de teenagers , um dos  jovens, aplicava continuamente umas valentes murraças na rapariga, que humilhada, se encolhia e gritava de dor mas sem fugir. De notar que o pequeno bando em nada aparentava constituir-se por marginalizados ou por miúdos "socialmente desprotegidos". A minha distância do grupo era grande, para mais separado pelas linhas dos comboios, o que me deixou impotente perante o acontecimento. Entretanto os jovens desapareceram numa das carruagens em direcção a Lisboa, provavelmente para uma boa noitada de radicais e emocionantes sensações... de valentia.

Dá que pensar como, apesar das campanhas, dos alertas e das denúncias divulgados na comunicação social, estas cobardes aberrações se perpetuam impunemente nas novas gerações. Supostamente civilizadas e educadas...  pela escolaridade obrigatória e pelos media.

Domingo - 3º da Quaresma

Evangelho segundo São João, 4, 5-15.19b-26.39 a 40-42 (Forma breve)



Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-Me de beber». Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?». De facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva».



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Da Bíblia Sagrada


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