Uns reis felizes
A vitória do troféu europeu de futebol ajudará certamente à consolidação do grande reino da Espanha tal como a conhecemos hoje. Um orgulho contra todos os separatismos. Eu, por mim, sofro de inveja... duas vezes.
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A vitória do troféu europeu de futebol ajudará certamente à consolidação do grande reino da Espanha tal como a conhecemos hoje. Um orgulho contra todos os separatismos. Eu, por mim, sofro de inveja... duas vezes.
Não me entusiasmam muito as noticias que por aí circulam anunciando projectos de ciclovias para a cidade de Lisboa. Antes preferia conhecer desenvolvimentos quanto aos prosaicos problemas da limpeza ou do estacionamento caótico na cidade. Por mais politicamente correcta que seja a ideia, trata-se quanto a mim de uma caprichosa veleidade provincianamente importada das eficazes e planas cidades europeias.
Acontece com as pessoas, acontece com as famílias, acontece com os povos. O excesso de história é causa de entropias fatais, de decadência, de extinção. Agarrados a velhos mitos e traumas, cultivam desavenças e incompatibilidades pueris. Qual amargo solteirão que não se liberta de vazios rituais e trôpegas manias, é atraído para o abismo da estéril solidão. Sem futuro nem esperança, mistificam um passado glorioso, e esperam um improvável messias, uma miraculosa lotaria que os resgate da ameaçadora decadência.
Leitura da Segunda Epístola do apóstolo São Paulo a Timóteo
Eu já estou oferecido em libação
e o tempo da minha partida está iminente.
Combati o bom combate,
terminei a minha carreira,
guardei a fé.
E agora já me está preparada a coroa da justiça,
que o Senhor, justo juiz, me há-de dar naquele dia;
e não só a mim, mas a todos aqueles
que tiverem esperado com amor a sua vinda.
O Senhor esteve a meu lado e deu-me força,
para que, por meu intermédio,
a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada
e todos os pagãos a ouvissem;
e eu fui libertado da boca do leão.
O Senhor me livrará de todo o mal
e me dará a salvação no seu reino celeste.
Glória a Ele pelos séculos dos séculos
Da Bíblia Sagrada
O verdadeiro problema de Portugal, maior do que todos os seus “desgovernos”, é os portugueses. Salvo honrosas excepções, genericamente somos gente matreira, irresponsável, preguiçosa e por consequência deprimida.
Exceptuando os anos de António Guterres (que está reformado graças a Deus), desde que me conheço que oiço falar em “crise”: há séculos que todos os estudos e estatísticas teimam revelar o nosso país bem no fundo de quase todas as tabelas.
Ora parece-me que aquilo de que Portugal precisa, mais do que bem intencionadas reformas “ortopédicas”, é de uma mudança radical de mentalidades. Que começa pela assumpção de cada um da responsabilidade que o próprio tem pela sua vida, pelo seu projecto, pelo seu país. Com ambição, com vontade, sem desculpas. Há séculos que vivemos a responsabilizarmo-nos uns aos outros pelos nossos insucessos. Responsabilizam-se os ministros, responsabilizam-se os empresários, responsabilizam-se os empregados, responsabilizam-se as elites e os trabalhadores, responsabilizamos o clima, a religião e a vizinha do lado.
É tempo de deixarmo-nos de pieguices e de cada um encher o peito de ar e fazer-se à vida com ambição e responsabilidade. É tempo de incutirmos princípios, aspirações e força de vontade aos nossos miúdos, dar-lhes o exemplo. Ensinar-lhes que eles são os primeiros e últimos responsáveis pela sua vida e pelo seu sucesso. Que o único verdadeiro poder que detêm é sobre os seus comportamentos e atitudes.
Por patriotismo, devíamo-nos todos deixar de tretas e juntos mobilizarmo-nos para uma enorme campanha pela auto-responsabilização e motivação dos portugueses. Só com uma profunda reforma dos portugueses acredito que algum dia possamos sair do buraco. O resto são balelas, politiquices e pura perda de tempo.
* "Tire a Mãe da Boca” é o título de um ensaio e de um antigo programa radiofónico da autoria de João de Sousa Monteiro.
Instantâneo na calçada Marquês de Abrantes no final do séc. XIX
Fotógrafo não identificado, imagem daqui.
Quando em qualquer contexto me adjectivam como “pai de família”, sinto um misto de orgulho e decepção, já que a paternidade para mim, mais do que um papel é um "estado" sem mérito, tão inevitável quanto eu ser homem ou ter olhos azuis. Depois, é a minha traiçoeira imodéstia que aspira a distinta adjectivação, como se tal fosse importante ou influísse na realidade da minha existência.
Por fim até aceito o relevo desse meu traço: acreditem que o mais despudorado e horrível dos filmes de terror, por mais elaborado nos efeitos ou perverso no argumento, pouco me amedronta comparando com uma qualquer cena de drama familiar com crianças à mistura. As mais inocentes histórias de família com mortes ou desaparecimento de miúdos são para mim um suplicio total. E das mais sofisticadas nem se fala: não me esqueço como me contorci de sofrimento com algumas cenas de "Babel", de Alejandro González Iñárritu, quando a Amélia a baby sitter perde as criancinhas algures na fronteira mexicana, ou com as trágicas desventuras de Yussef e Ahmed nas montanhas de Marrocos. Simplesmente insuportável.
Tribunal de Contas (Os seus pareceres ou chamadas de atenção jamais colhem consequências – grassa a impunidade na gestão das contas publicas)
Fumar ou não fumar
Duas iniciativas legislativas aparentemente não relacionadas entre si merecem alguma reflexão: estou a referir-me à lei do tabaco entrada em vigor no início do presente ano e às alterações que o governo pretende introduzir no código do trabalho. Imagine-se alguém que tendo desempenhado as suas funções sem qualquer problema até 31 de Dezembro passado, fumador inveterado, cujo local de trabalho é por exemplo um 6º andar, impossibilitado de fumar nas instalações onde exerce funções, se desloca durante um dia de trabalho umas cinco ou seis vezes à rua, estamos a falar dum médio fumador, dez minutos cada cigarro, mais elevador, subir e descer, irá gastar cerca de hora e meia diária com o seu vício, agravadas pela quebra de ritmo, pelo que será previsível uma baixa de produtividade de tal trabalhador.
Será legítimo que a sua entidade patronal, face à quebra de produtividade do seu empregado, o vá penalizar em termos salariais, podendo inclusive ponderar a sua substituição por outro isento de hábitos tabagísticos? Será exigivel à entidade patronal continuar a suportar os custos e actualizar se possível o salário de tal trabalhador quando o mesmo já não apresenta os resultados anteriores? E se tais resultados eram absolutamente necessários à sobrevivência da empresa? Ficará esta amarrada à manutenção deste funcionário, obrigada a contratar um terceiro para fazer parte das tarefas que o primeiro até aqui assegurava? E se a empresa apenas conseguir honrar um dos compromissos salariais?
Permitirá o código do trabalho, a bem da sobrevivência económica duma empresa, discriminar alguém apenas por ser viciado em cigarros? Despedido o trabalhador, iremos todos enquanto sociedade suportar os custos do subsídio de desemprego a tal cidadão, e ainda onerar o SNS com consultas de desabituação tabágica, acrescidas da despesa que a SS irá realizar na comparticipação dos medicamentos?
De todo este problema que aqui apresentei, o qual poderá estar a ocorrer num qualquer escritório perto de nós, qual terá sido a variante da equação capaz de causar todo um drama? Porque se a empresa decidir tolerar o hábito do seu funcionário sabemos as multas em que incorre e quem são os ninjas de serviço prontos para a acção, bem como os rostos que irão justificar tal actuação.
António de Almeida (do blogue Direito de Opinião)
Evangelho segundo São Mateus10, 26-33
Da Bíblia sagrada