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João Távora

Incontornáveis papéis

 


 Em matéria de informação, continuo fiel consumidor de notícias em papel, apesar de lhes dedicar cada vez menos tempo, disperso que estou com a Internet e os blogues. Não falando de livros, coisa que daria outra crónica, lá em casa, entre a sala e os quartos, passando pelo WC até ao “ecoponto” instalado na cozinha, alastra constantemente uma assustadora praga de papéis. Ele é revistas de decoração e catálogos de moda, jornais desportivos, diários, semanários, encartes, suplementos e revistas, especializadas ou generalistas. Para bem da paz doméstica o fenómeno é aceite pelas partes, apenas requerendo alguma gestão, por forma a salvaguardarmos a estética e a liberdade de movimentos, também ameaçada pelos brinquedos dos mais pequenitos, que têm vida própria e se espalham pelos sítios mais incríveis - os brinquedos, entenda-se!

De resto o esquema está montado, foram-lhes instituídos prazos de validade: os gratuitos valem por uma viagem (nem lá chegam a entrar), os semanários morrem ao domingo à noite, os diários duram até à manhã seguinte, os desportivos caducam ao almoço e as revistas aguentam uma semana. Para mal dos meus pecados estão por definir os prazos de validade dos magazines de decoração e alguns sofisticados catálogos de que a minha extremosa patroa é fã. Estas publicações acabam invariavelmente por perdurar meses na sala a ofuscar os meus belos e majestosos livros de mesa de que tanto me orgulho. Enfim, unidos pelo gosto de ler, lá assumimos essas irresolúveis questiúnculas, sem as quais já não saberíamos viver.

A crise da crise da crise

Com o inesperado exacerbar das suspeitas de envolvimento José Sócrates no caso Freeport, para mais "importadas" duma missiva do “mundo civilizado” de onde não se conhecem as queixas ao funcionamento da justiça, parece-me que o nosso primeiro ministro fica definitivamente fragilizado para os desafios que a trágica conjuntura económica promete. Com ou sem eleições antecipadas, o problema dele agora é o de enfrentar uma inglória luta contra o tempo da justiça, na perspectiva duma sua clara ilibação a tempo de disputar as eleições.

Bem sei que eles nos queriam a todos, do Minho ao Algarve, a discutir o casamento dos homossexuais entre copos de Gin Tónico, de preferência no Bairro Alto ou na 24 de Julho. Mas o problema do país é outro, é o da crise Freeport, que acontece sobre uma grave crise financeira, sobreposta à nossa crónica crise estrutural, arrastada por muitos governos, quase todos tão socialistas como ineficazes.

Creio que o descrédito dos portugueses nos políticos e nas suas instituições bateu no fundo. Assim, não antevejo saída deste lamaçal que não passe por uma regeneração profunda ao sistema, um projecto patriótico de Salvação Nacional que com autoridade resgate os seus principais protagonistas – os portugueses.

Portugal em questão

Para gáudio de muitos o circo da política chegou aos píncaros no fim-de-semana que passou, com José Sócrates a fritar em fogo lento sob o crepitar das informações sobre o caso Freeport.

Não fora o estado caótico do regime, que potencia estes fenómenos de suspeitas e de escândalos cirúrgicos, conjugado com uma crise económica de consequências incalculáveis, o caso até podia ser interessante, para quem como eu não gosta da matriz ideológica do governo.

O problema é que estes acontecimentos reforçam a ideia que há tempos venho afirmando, da necessidade urgente de uma profunda regeneração do regime e das suas instituições, que redima a sua imagem e a sua eficácia. Para que a política saia do atoleiro e volte a atrair as elites, gente de valor, e assim consiga mobilizar as pessoas para um projecto de salvação nacional.

Porventura sou um ingénuo: os países pouco desenvolvidos só se regeneram à bordoada e é suposto degradarem-se continuamente nas presas dos oportunistas de ocasião até que o regime caia de podre. O que nos obriga a recomeçar sempre do zero, às mãos de perigosos aventureiros. Tem sido essa a  nossa sina há duzentos anos para cá.

ShopPINg


 


Passei hoje pelo Beloura Shopping (vizinho do gigante CascaiShopping) e a minha mulher comentou que quando lá entrara pelo Natal tinha encontrado um panorama desolador, com as lojas quase todas fechadas. O facto é que o projecto, hoje com sete anos de existência, sempre me pareceu condenado ao fracasso por falta de mercado. Aliás desconfio que o Beloura Shopping, mais um caso exemplar do “empreendedorismo nacional”, tenha sido considerado um Projecto de Interesse Nacional – PIN.

Na corrente

Duas honrosas nomeações, (do João Carvalho do Delito de Opinião e do Samuel Paiva Pires do Estado Sentido) precipitam-me por uma inevitável "corrente" blogosférica, obrigando-me à selecção de quinze blogues da minha preferência. Esta escolha reflecte diferentes critérios - amiguismo e estado d’ alma incluído. O certo é que a estes, visto-os com gosto e frequência:


 


O Insurgente

Portugal dos pequeninos 


Nem tanto ao mar


Nocturno


Mar Salgado


Hole Horror


Estado Sentido


Pedro Rolo Duarte


Delito de Opinião


Corta-Fitas


Bic Laranja


A Origem das espécies


Tomar Partido


Da Literatura


31 da Armada


 

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