Uma nova reconquista
Quando no Sábado passado no Plano Inclinado Silva Lopes elogiava o Programa de Estabilidade e Crescimento, justificando o método "gradualista" na implementação das medidas de austeridade, em confronto com Medina Carreira que desmontava o embuste, o antigo governador do Banco de Portugal acabou admitindo a inevitabilidade de, a prazo, a União Europeia vir impor uma radicalização das medidas, porque “somos incapazes de nos governar”, justificou.
Este é o maior drama dos portugueses: deslumbrados com a cultura do consumo e hedonismo, agrupados em corporações de interesses, sem liderança, sonho ou utopia, não vislumbramos para além dos dedos dos pés. Órfãos de liderança e com as instituições descredibilizadas, a governança sem veia ou estratégia, mera gestão de mercearia para as predadoras clientelas, este País é hoje incapaz de se governar.
Suponho que isto não acabará assim, que ainda nos falta o clímax desta história, deste drama. Afinal acredito que sempre se poderá romper com este fado e inverter este plano inclinado. Afinal o sucesso dum povo, depende da comunhão num ideal, superação e generosidade no lugar do conformismo e mendicância. Quem é que pega nisto?