Novo-riquismo, pobre povo
Ainda a respeito deste texto de ontem sobre a notícia do DN em que a jornalista Patrícia Viegas, em detrimento da substância do discurso da rainha Isabel II, contrapunha ao programa de austeridade anunciado o luxo nos rituais da abertura do novo parlamento inglês, pergunto-me onde pairam estas zelosas consciências republicanas quando confrontadas com os exacerbados gastos com os “eventos”, modernaços rituais fashion de propaganda à nossa pindérica república. É que, sem reciclagem possível, afinal são gastos milhões em cenários feéricos, K-lines, lazers e truques pirotécnicos. E que dizer dos astronómicos despendidos no hemiciclo e da Assembleia com toda a sorte de traquitana tecnológica comprada por grosso cuja utilidade caduca em poucos anos?
Finalmente, nunca será demais relembrar que o site da Comissão do Centenário da República foi adjudicado por ajuste directo por cem mil euros (100.000,00): quem conhece os preços do mercado, entende o escândalo a que me refiro. Todo este despesismo não é mais que uma expressão da nossa mesquinhez, do novo-riquismo desta hipócrita e diletante república. De resto a profunda pobreza do nosso país e ignorância do nosso povo permanece um drama sem resolução à vista.
Na imagem: exemplo de uma tão dispendiosa quanto inútil e redundante operação de marketing a propósito da mais completa vacuidade política: o Tratado de Lisboa.
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