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João Távora

O mitómano

 

Os poucos que se extasiam com os olhos piscos de Sócrates são os mesmos que há tempos se embeveceram com Baptista da Silva. Burlão por burlão, prefiro o segundo. Por causa dos óculos. 
Quanto ao mais, a realidade passa alheia ao mirabolante circo de horrores que a RTP decidiu patrocinar. De facto, só um banco do Estado para emprestar dinheiro para o mitómano Sócrates viver em Paris dois anos, assim como só a televisão do Estado para lhe "dar voz”. Por estes dias, cada um tem a casa dos segredos e as novelas que quiser nas Tvs. O difícil mesmo é sacar dinheiro à Europa, ter economia e sair da crise.  

Virar a página?

 

Passado algum tempo (demasiado) em que o Sporting vem sendo para mim um assunto profundamente desagradável e com pouco que ver com futebol, eis que estou de volta aos assuntos da bola para umas curtas considerações. 
Em primeiro lugar lamentar o triste espectáculo que resultou da comunicação dos resultados eleitorais, condicente com o que se vem verificando nas quatro linhas: um desastre de improvisos e amadorismo gritante. Em segundo, sendo eu avesso ao estilo de Bruno Carvalho, reconheço-lhe uma enorme virtude em relação às candidaturas concorrentes: um visível gosto e determinação férrea em conquistar o poder, condição que julgo valiosa para a tarefa ciclópica que o aguarda.
Foi este dilema que me levou pela primeira vez a abster-me em eleições no meu clube. Pela minha parte felicito a nova direcção e torço para que, imbuída de realismo e muita ambição, esteja à altura da história deste (ainda) grande clube que ocupa o meu coração. Tenho sede de vitórias e um enorme desejo voltar a Alvalade. Boa sorte, Bruno de carvalho.


Publicado originalmente aqui

Convite

 

Liberdade 232 é uma selecção de comentários, crónicas e memórias, publicadas nos últimos seis anos por João Távora em diversos blogs e agora convertidos num livro com 192 páginas ilustrado com fotografias de Osias Filho e do arquivo do autor. Numa prosa com laivos intimistas e um discurso virado para o imenso “pátio dos gentios” existencial e politico, o livro é dividido em cinco capítulos temáticos onde as fronteiras muitas das vezes revelam-se difusas, o livro tem o nome de uma Avenida de Lisboa e número de uma porta que o autor reclama de particular significado na sua iniciação ao Mundo. 

Valha-nos o circo

A notícia de que as extraordinárias reflexões políticas de José Sócrates irão voltar ao nosso quotidiano por via dum programa no canal público, caiu-nos esta manhã nas cabeças que nem uma bomba de estilhaços. Muitos como eu ter-se-ão questionado por momentos se não se trataria de uma mentira de 1º de Abril ou de outro equívoco qualquer, mesmo que saibamos como o sistema mediático simpatiza com o escândalo e as aberrações para se alimentar com os mais baixos instintos humanos. É por isso que, depois de pensar melhor, acabo por compreender a lógica desta contratação. Basta verificar a estupefacção que reina nas ruas, nos cafés, e que emerge num invulgar escarcéu nas redes sociais: assim como o Diário de Notícias ganhou o dia com a cacha, de um momento para o outro a R.T.P. passou da obscura circunspecção para as bocas do mundo, tema do dia, tema da semana, vão ver. No fundo, no fundo, quais serão aqueles de nós que resistirão ao perverso voyeurismo de, pelo menos no primeiro programa, verem com os próprios olhos a cara de pau e a total falta de vergonha do “delinquente político” que pastoreou alegre e convictamente os portugueses para o desastre.

A mais importante eleição do mundo

Sou daqueles que sentem uma profunda confiança no resultado do conclave que hoje se inicia na mais bela sala do Mundo, a Capela Sistina. Para tal não é preciso ser Crente, apenas ter conhecimento de causa e honestidade intelectual para constatar a excepcionalidade humana e intelectual dos 117 cardeais a que têm a incumbência de, em retiro colegial, eleger o próximo Santo Padre da Igreja Católica. Mas se isso não bastasse, como crente, acredito por experiência própria no poder do Espírito Santo convocado através da fervorosa oração proveniente das profundezas do coração que é Crente. E querem saber uma coisa? Por estes dias sinto uma especial vaidade de pertença a esta comunidade universal, de ser dos de Cristo. 

 

Foto daqui

A desgovernada III republica

 

As justificações do aflito e impopular presidente no famigerado prefácio ao seu livro “Roteiros VII" constituem a prova provada da ineficácia do sistema de Chefia de Estado da nossa república. Refém de prerrogativas constitucionais que lhe legitimam a interferência no poder executivo, qualquer silêncio ou abstenção de Cavaco perante a gravíssima crise que afunda os portugueses no desespero, por mais sincero que seja, é interpretado à luz das cores partidárias que o elegeram, as mesmas que nos governam hoje impondo ao país em profunda crise brutais doses de austeridade. Nesse sentido é absolutamente inglória qualquer tentativa sua de se posicionar acima das facções em disputa do poder.
De facto o nosso sistema semipresidencialista convida ao conflito institucional. Imaginem por momentos que o "candidato poeta" ocupava nesta altura a cadeira de Belém. O mais provável seria a este ponto ter já cedido à tentação de atender ao ruído dos protestos da rua e das redes sociais, em boa parte a sua base social de apoio. Dessa forma teria Alegre “monarquicamente” (no sentido de unilateral) assumido o conflito institucional com o parlamento (em qualquer país civilizado o órgão democrático por excelência, porque representativo, colegial e plural) cuja maioria há menos de dois anos legitimada pelo voto popular suporta o governo do resgate, destituindo Passos Coelho e comprometendo o ajustamento a que a Europa e os credores nos comprometeram.
Eis que os desgastados órgãos de soberania nacionais se revelam reféns da arquitectura do regime, quando a Nação sitiada num trágico processo de resgate financeiro, delas mais necessita.

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