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João Távora

Sete polegadas de música

 

Como prometi há dias, aqui reproduzo um disco de 1888/89 com 7 polegadas (exactamente o tamanho de um single de 45 rpm) da marca Zon-O-Phone. O tema é “Cujus Animam” de Rossini num solo de corneta pelo Senhor E. Keneke (informação “cinzelada” ao centro) de quando a indústria fonográfica vivia uma fase experimental, assim como o disco de baquelite, ainda sem “rótulo” e sem um tamanho padrão, que se veio a fixar nas 10 polegadas a partir de 1907.

Music Hall

 

ANY OLD THING WILL DO

 

Letra e Música de Fred Murray e George Everard - 1906

 

I've been single all my life
Thought at last I'd take a wife
Dressed up in my best today
No mistake, I looked all gay
Went to a matrimonial agent
He was most polite
He said, 'What sort of wife do you want?'
I said, 'Oh, that's all right,

 

Chorus: 'Any old thing will do
Any old thing will do-do-do
As long as she's got money
She'll suit me to a T
Got no nose, got no legs,
Got no teeth, got no hair
I don't care - any old thing will do.'

 

Tommy Thompson by the sea
Once took all his family
Wife and kids and ma-in-law
Such a sight you never saw
Walking along the beach one day
A boatman to him ran
He said, 'What sort of boat do you want?'
When Thompson said, 'Old man,

 

Chorus: 'Any old thing will do
Any old thing will do-do-do
I don't care if it's leaking
It's good enough for me
Ma-in-law wants to row
on the ocean blue
Some old boat, too old to float
Any old thing will do.'

 

One day I got such a shock
Sitting near a great big rock
Some old girl the other side
Spotted me and then she cried
'Young man, I'm in an awful state
I am, I'm nearly froze
Do go and get me something to wear
'Cause I've lost all me clothes.

 

Chorus: 'Any old thing will do
Any old thing will do-do-do
All that I was wearing,
has been washed out to sea
Don't come near, there's a dear,
I'm turniing pink and blue
Your old hat - throw me that -
any old thing will do.

 

I went to a party once;
Hadn't had no grub for months.
On the table just my luck,
Up they brought a big fat duck.
When they started to carve the poultry
It filled us all with glee.
They said: 'What part of the bird would you like?'
I said: 'Don't bother me.

 

Chorus: Oh any old thing will do.
Any old thing will do, do, do.
Where it's tough and juicy
It will suit me to a tee.
Somewhere nice around the part
Where it's cut anew.
'E went and chose its parson'e nose.
Any old thing will do.

O império do fonógrafo

 

Os fonógrafos popularizaram-se muito no final do Século XIX: eram bastante funcionais e, além de muito competentes na reprodução, eram vendidos com um kit para gravação coisa que tornava o objecto muito mais completo e interessante do que os gramofones, ainda algo toscos. Concebidos numa cera castanha bastante frágil em que o registo se degradava em pouco mais de dez audições, originalmente os cilindros tinham de ser gravados, cada um deles, ao vivo. Posteriormente desenvolveu-se uma solução interligando os fonógrafos com tubos de borracha, um sistema não satisfatório mas suficientemente eficaz para a comercialização e venda de cilindros gravados em série. Tal obrigava os artistas, músicos e cantores a desgastantes sessões em que repetiam incessantemente o tema até produzirem um lote suficiente para satisfazer a procura. Dava-se o caso curioso de uma mesma edição inevitavelmente exibir ligeiras diferenças nas interpretações.

Ao longo dos anos, o tipo de cera utilizada nos cilindros foi melhorado e endurecido de modo que pudessem ser tocados mais vezes sem se degradarem tanto. Em 1902, a Edison Records lançou uma nova gama de cilindros de cera prensada, os Edison Gold Moulded. Muito aperfeiçoado, o progresso consistia na criação de um cilindro principal revestido com ouro que permitia a reprodução de várias centenas de cópias. O Disco da empresa Gramphone de Emile Berliner então emergente ainda teria uns anos para se impor definitivamente.

Aqui partilhamos uma cançoneta de 1907 de Ada Jones, uma actriz e cantora britânica emigrada para os Estados Unidos, que muito se popularizou - a solo e em duetos com Billy Murray e Len Spencer - através dos cilindros e discos gravados no início do século XX.

Senza nobiltà*

Sagrado património individual, o nome de cada um jamais deveria ser motivo de chacota ou causa de discriminação, tanto mais que não constitui mérito ou demérito próprio. Curioso como a oposição da candidatura de Fernando Seara à CML subitamente descobriu-lhe um apelido "novo" na cédula pessoal que não se cansa de evidenciar com sarcasmo. Tal foi o caso há momentos na SIC Notícias de João Soares, ressabiado príncipe desta miserável república. Uma vergonha a snobeira da nossa esquerda.  

 

*Gente ordinária

A questão dos papéis

Ontem à tarde no parque infantil em má hora decidi elogiar efusivamente um menino vestido com uma t-shirt do Jubas (a mascote do Sporting) com quem o meu filho brincava animadamente. Então, o miúdo estacou à minha frente e, chocantemente prolixo, tratou de me esclarecer que era simultaneamente adepto do Sporting e do Benfica, porque o pai sportinguista e a mãe benfiquista eram divorciados e só assim ficavam os dois felizes. Confesso que embatoquei.

 

Zon-O-Phone

Surgida ainda no final do século XIX de uma cisão na equipa de Emile Berliner que então laborava arduamente nos melhoramentos técnicos do gramofone e do disco, a "Zon-o-Phone" é uma marca fundada pelo vendedor de máquinas de escrever Frank Seaman. No fundo trata-se de um dos primeiros rótulos discográficos a surgir no mercado e a competir com o cilindro de cera de Edison. Aqui vos deixo em primeira mão a reprodução dum disco de 1903 “Bonnie Sweet Bessie” (ainda com 7 polegadas – o formato mais tarde normalizado fixou-se nas 10 polegadas). Após resolvidos os múltiplos diferendos com a justiça a Zon-o-Phone veio a ser integrada na Gramophone Company de Emile Berliner e de Eldridge Reeves Johnson como marca “económica” que irónicamente hoje ainda publica como marca de culto nos catálogos da EMI.

Prometo um dia destes partilhar uma gravação desta "etiqueta rebelde" produzida em 1898. 

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