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João Távora

Eu gosto de Música no Coração, da Mary Poppins e de Julie Andrews

E então? É isso que eu sinto e não tenho vergonha: Julie Andrews foi a musa da minha infância. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />

E perdoe-me o João Villalobos, eu não descubro nenhum apelo libidinoso na figura da Mary Poppins Scarlett em fato saia-casaco e soquetes que acompanha a sua posta Sobe sobe, Scarlett sobe aqui em baixo.

Aliás, há dias assisti e “relatei” integralmente à minha filha Carolina, de cinco anos, o filme Música no Coração (Robert Wise – 1965). Este filme marcou a minha infância e considero, para o género e à época, uma excepcional realização do cinema. Agora, para nosso castigo cá em casa, vê e dança e canta e revê o filme sistematicamente. Só lhe faz bem.

Compreendo que para as luminárias reinantes, herdeiras do jacobinismo “bem pensante”, o filme seja considerado mau e até algo perverso. O optimismo e a harmonia são duas perspectivas mal consideradas na dialéctica da luta de classes em curso.

Neste filme “conto de fadas” a Igreja Católica tem um papel digno, as freiras, para escândalo da nossa culta “polícia de costumes”, por uma vez saem das anedotas. Pior: uma família austríaca, burguesa e “fascizante” possui princípios e valores, enfrentando com coragem a encarnação do mal que no Ocidente é o nazismo. Finalmente inaceitável para a estética marxista, temos uma esplêndida banda sonora melodicamente vigorosa.

A minha filha Carolina (de forma diferente) encanta-se como eu me encantei. É seduzida com a figura maternal de “Maria” Julie Andrews, adora os vestidos das miúdas e as suas saias que fazem roda bem aberta. Trauteia canções de fácil memorização e, parece-me, acredita que o mal pode ser vencido e que o mundo é um sítio onde sempre poderá ser feliz.

De resto, quanto ao erotismo dos nossos heróis e dos nossos mitos, parece-me que muita gente tem ainda de acordar estremunhada para uma dura realidade: A vida das pessoas comuns, se bem que regida pela sua sexualidade, nunca será euforicamente plena de sexo e embriagante romance. Essa é uma redenção que a sociedade de consumo nos quer vender há 40 anos. E essa será a grande depressão da modernidade.

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