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João Távora

Três meses depois (crónica)

A pior agressão que um anonymous me pode infringir, com as suas dentuças aguçadas (a expressão é do João Villalobos) é afirmar que o assunto de um meu post seja “irrelevante ou desinteressante”. Sempre tive “pele fininha” como a do Duarte, e desde cedo que me convenci que tenho coisas interessantes para dizer às pessoas.
Na escola brincava com as “redacções” e não me dava mal. Cresci indisciplinadamente e, ao sabor do “PREC” e de tantos excessos, não forcei o meu rumo académico. Até que fui expulso do Pedro Nunes já no final de carreira liceal. Então decidi aprender uma profissão de futuro. A hotelaria.
E a escrita? Tudo se ficava pelas leituras. Tantas histórias e correntes.
Nos anos 80 era fã do Independente do MEC e recepcionista em algum destino de sonho ao sul de Portugal. Na hotelaria, profissão que exerço desde os meus 19 anos, nunca se quis saber dos meus saberes, das páginas lidas e das minhas histórias. Da minha Ângela Carter, Garcia Marquez ou de Barrilaro Ruas e do seu Integralismo Lusitano. Muito menos da "mais bela bandeira do mundo" (com a Coroa Real em azul e branco). Na hotelaria imperam as “room-nights”, os “over-bookings”, os “couverts” os rácios e o GOP (gross operation profit).
Finalmente nos anos noventa, uma oportunidade, uma luz, um "nicho" para mim: o “marketing e a comunicação” chegam finalmente aos hotéis. Comunicar o produto, articular e hierarquizar a mensagem para o cliente final. Com o advento da Internet os hotéis e as pequenas cadeias têm finalmente a oportunidade de “falar”, de “vender”, de “comunicar” com o cliente final (no jornalismo e na literatura chama-se o público). A fotografia, o texto, as “reserva on line”, em todo o mundo, em qualquer lugar, sem necessidade de operadores e brochuras internacionais. Desde há uns anos que já importa a escrita, a imagem e a comunicação na hotelaria e no turismo. É aí, nessa tarefa, que a minha pequena equipa e eu nos afirmamos hoje, numa conhecida cadeia de hotéis. Manipulamos a palavra e a imagem e vendemos sonhos. Compomos as páginas e as newsletters, temáticas ou sazonais e potenciamos as “page views” para centenas de milhares de anonymous potenciais clientes.
Agora esta coisa da blogosfera foi uma descoberta que me tem entusiasmado. Lançar para o “ar” umas bocas, as minhas “fés”, os meus gostos e dizer bem dos meus amigos e amores... Não tenho a pressão dos objectivos, orçamentos e resultados. Tenho só as dentuças dos anonymous - às quais não me habituo facilmente... mas lá chegarei.
Tenho a liberdade de escrever por exemplo esta "sopa de letras". De falar de mim e de escrever para alguém, sobre tudo e sobre nada, para os meus amigos e inimigos, e o privilégio de ombrear com o Luís Naves, o Francisco, o José Carlos, o Pedro, o João, o Leonardo, o Nuno, o Rodrigo, às vezes com a Isabel, com o Duarte, que me convidou, e vamos lá ver com mais quem aí venha. De Esquerda e de Direita (quem mais?!). Mesmo republicanos, coisa rara nos dias de hoje. Muito obrigado a todos!

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