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João Távora

O regicídio, a propaganda e a RTP

Soube hoje que a RTP prepara uma série de seis episódios sobre o rei D. Carlos, de cujo cruel assassinato se assinala em 2008 cem anos. Como é que a televisão vai tratar o monarca e o seu período histórico?
A leitura da História, sabemos todos, dificilmente se desliga das modas e preconceitos conjunturais relativos à época em que ela é escrita. Mais, sabemos bem como são tratados os acontecimentos e os seus protagonistas quando se pretende simplificar a mensagem, tendo em vista os grandes públicos, menos preparados. A História serve quase sempre de propaganda. Basta constatar os preconceitos e o simplismo com que é abordada a Igreja e o papel do clero medieval nos manuais escolares para o ciclo preparatório. Sinais dos tempos, herdeiros da triunfante estética marxista no século passado.
O argumento desta série “O Dia do Regicídio” está a ser escrito por Filipe Homem Fonseca e Mário Botequilha, senhores de quem não conheço obra. Antes, reconheço a dificuldade de transcrever para um guião novelesco uma realidade social e politica tão complexa. Espero o mínimo de rigor e honestidade na abordagem romanesca do trágico e decisivo evento histórico. Espero que se apresentem os factos fundamentais sem desvios ideológicos. Mesmo tendo em conta o dramático desfecho, que compromete essencialmente os percursores do inquestionável regime, da bandeira, sob a qual vivemos. Esperemos que o regime vá perdendo os complexos e a História possa ser mais assumida. Em banda larga, horário nobre e aos olhos de todos.

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