Com alguma dificuldade, muito matutei para eleger com gratidão os cinco personagens de Banda Desenhada que mais me marcaram a existência. Uma forma de homenagem ao seus autores que tantas horas de prazer me proporcionaram. E espero que um incentivo e algumas pistas a quantos não conheceram o prazer de vibrar com as histórias e aventuras destes “seres” quase vivos.
Em primeiro lugar, estará sempre o
Tintim de Hergé. Meu companheiro de infância, de sonhos e brincadeiras. Do pequeno e inocente
Tintim do
Ídolo da Orelha Quebrada, passando pelo sofisticado
Tintim do
Carvão no Porão e acabando no adulto e contemporâneo
Tintim do
Voo 714 para Sydney.
Em segundo lugar o meu grande herói do Oeste, o insolente
cowboy Lucky Luke de Morris & Goscinny. Realço o humor desregrado e delirante de Goscinny, também autor dos incontornáveis
Petit Nicholas e
Asterix.Em terceiro lugar o meu pessoal e íntimo amigo de infância
Spirou, o “grumete” de hotel. De Franquim. Não me esqueço do seu amigo
Fantasio, que para mim representa o plausível leitor, companheiro do herói, sempre falível, leal e bem intencionado. E o fabuloso
Marsupilami. Um animal que Deus teria por certo Ele próprio criado se não tivesse mais que fazer e criar, tudo naquela semana decisiva.
Em quarto lugar, mais crescidinho, apaixonei-me pelas aventuras de
Olivier Rameau e Colombe Tiredaile de Greg. Nomeadamente por Colombe. Os meus infantis e primeiros passos conscientes na dimensão libidinosa da vida. E aqueles pequenos e malandrecos falos peludos os
Pouyoutouffus… e o horroroso pássaro gigante com uma máquina de barbear na ponta do bico… lembram-se?
Em quinto lugar o anti-herói da minha pré-adolescência…
Spirit de Will Eisener. O enigmático detective de
Central City. Em quantas das suas aventuras este herói começa a acção entre caixotes do lixo vítima de uma brutal "coça"? A negritude dos anos 70 no seu melhor. Uma paixão.
É injusto não me referir a muitos outros personagens que marcaram as solitárias e íntimas horas de leitura da minha infância. Por isso vou mencionar os meus
Príncipe Valente de Hal Foster e
Homem Aranha de Stan Lee. Bom, mas já que estes são registos tão pessoais porque não hei-de falar do
Cuto, de Jesus Blasco?