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João Távora

Sobre o caso de Torres Novas

Da barulheira gerada pelo caso da tutela menina de Torres Novas advém pelo menos uma lição: em quase tudo na nossa vida, as respostas maniqueístas revelam leituras emocionais, básicas ou superficiais de onde incorre invariavelmente o profundo erro. Tudo era mais fácil se uma das personagens desta contenda fosse definitivamente perversa e maldosa. Tudo era mais fácil se a razão não estivesse algures no meio de tantos intrincados equívocos. E isso deixa a entusiástica plateia nacional frustradamente perplexa, e desamparada, falha que foi a bengala das certezas.
Ao estado a que as coisas chegaram, o mais difícil é afinal o mais urgente: cumprir os interesses da menina, promovendo-se a sua sã convivência com a família adoptiva e paralelamente a sua gradual aproximação ao pai legítimo, relação sem a qual a criança dificilmente crescerá de forma saudável. A menina é definitivamente o elo mais fraco, o ser mais frágil de todo este macabro folhetim. Tem o seu destino ao sabor de duvidosos altruísmos e de uma fatídica burocracia.