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João Távora

A má educação

Parece-me de quase total ineficácia a catequização da moral cívica oficial, pregada pelo regime no ensino escolar. Sei por experiência própria os resultados práticos das “lavagens de cérebro” efectuadas aos miúdos, massacrados desde a creche pelos bons princípios do amor à natureza, do amor à reciclagem e à solidariedade universal - bem mais bombástica e fácil do que a mesquinha e concreta “caridade” (palavra maldita) doméstica.
Sempre me pareceram deprimentes aquelas festas das escolas dos nossos miúdos (tenho em casa quatro saudáveis exemplares) em que as criancinhas, sob o olhar nervoso e cúmplice do pedagogo, ao ritmo duma dança étnica qualquer, apontam os ensaiados dedinhos aos progenitores babados, acusando-os pelo racismo ou a fome existentes no mundo... Ou no Natal aqueles bem intencionados presépios vivos, em materiais reciclados, ao som dum hino à “solidariedade”, em karaoke, contra a injustiça global. Incrédulo, ouvi os meus miúdos, chegados à 2ª classe, declamarem durante meses a "roda dos alimentos", também pintada a lápis de cera numa enorme cartolina. Isto até à próxima indigestão de chocolates ou gomas. Quanto ao seu amor à natureza, estamos conversados: sempre que nos distraímos, os higiénicos rotineiros “duches” dos miúdos dão para encher uma piscina municipal. Mais; há infindáveis anos que todos os dias de todos as semanas lembramos os adoráveis petizes para desligar as luzes que se acendem magicamente por onde passam. Quanto à propalada solidariedade é o que se sabe: basta observar atentamente a miudagem à pêra no recreio, a fanarem os cromos uns dos outros ou a gozarem até à náusea o mais fragilizado colega. Lá em casa, se não houver uma “ortopédica” voz de comando, bem vejo como funciona esse solidário cívismo principalmente se isso implicar o sacrifício dum interesse pessoal. Até a nossa mais pequenita, na hora de pôr a loiça na máquina, já aprendeu a refugiar-se “aflita” na casa de banho. Os irmãos, que não gostam de passar por otários, rapidamente reclamam, e lá se vai a preciosa harmonia no lar.
A batalha da “educação” trava-se principalmente em casa, e depende, além das referências do meio, da persistência e do exemplo categórico dos pais. Na escola, de onde Deus foi definitivamente banido, ensina-se o Mundo de acordo com a cartilha do regime. Na política, o que é importante é a ilusão de que vamos mudá-lo, amestrá-lo, mesmo que saibamos como desde sempre esse Mundo teima manter-se imutavelmente desconcertante, à imagem dos seus protagonistas.
É fácil arguir contra a violência ou injustiça, queimar automóveis e partir as montras na rua em prol da harmonia no mundo. Difícil, difícil, é olharmo-nos com humildade cristã para melhorarmos o pouco que seja em nós mesmos - a única fórmula para benignamente influenciarmos o nosso pequeno meio. Organicamente. Mas essa tarefa, tão anónima quanto imensa, quase sempre esbarra com o nosso orgulho e interesse imediato. Para nos revolucionarmos “por dentro” quase sempre somos demasiadamente comodistas e dificilmente encontramos uma motivação peremptória. E cristalizamo-nos a um passo da verdadeira redenção, e a verberar contra os outros, contra o Mundo tão injusto, num acto de desesperada catarse.

Cartas ao director (1)

Não se passa nada. Há quase uma semana que os noticiários destacam, com mais ou menos honras "de abertura", o caso do prédio de Setúbal e as desventuras dos seus azarados inquilinos. O LNEC, a solidez do edifício, a senhora do 5º andar, os pertences, a Protecção Civil, e demais “ondas de choque”. Por mim já chega: sobre o assunto há muito que estou informado e como folhetim acho-o pouco interessante. E se não se passa mesmo mais nada, "passem" antes uns desenhos animados ou entrevistem o Dr. Mário Soares.

Dia da Liberdade

Hoje dia 25 de Novembro celebram-se 32 anos sobre o fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso) – a interrupção da via para o socialismo de Cunhal, Otelo e camaradas.
Hoje, festeja-se o sonho de um Portugal mais próspero e livre. Mesmo sabendo que temos ainda tanto, tanto que fazer...

Na imagem Danny Kaye.

Domingo

Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses

Irmãos: Damos graças a Deus Pai, que nos fez dignos de tomar parte na herança dos santos, na luz divina. Ele nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o reino do seu Filho muito amado, no qual temos a redenção, o perdão dos pecados. Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.

Da Bíblia Sagrada

Nota: No próximo Domingo começa o Advento, a preparação para o Natal cristão. Assim, durante essas quatro semanas festivas, esta rubrica será devidamente ilustrada.

As nossas guerras

Por Rui Ramos (que não está mal colocado no inquérito aqui ao lado), no Blogue Atlântico
(...)
Morreram mais portugueses em combate na Flandres num ano, entre 1917 e 1918, do que durante 13 anos de guerra em Angola entre 1961 e 1974 (1380 contra 1098).
Há uma primeira explicação para a escassez de memória pública. Estas foram guerras numa sociedade politicamente polarizada e comprimida. A intervenção na I Guerra Mundial foi a guerra de Afonso Costa, da esquerda republicana e da sua “ditadura da rua”; as campanhas de África, a guerra de Salazar, da direita nacionalista e da ditadura da PIDE.
(...)
48 anos de ditadura, e 33 anos de democracia: para além dos mortos e dos traumas, eis o que, até ver, devemos às nossas guerras. >>Ler tudo>>

As perigosas religiões laicas

Patrícia Lança n' O Insurgente:

Para quem tenha recuperado ou nunca foi contaminado pelo vírus, é perfeitamente evidente que existem diversas formas de religião laica. Os contaminados, precisamente porque estão possuídos irracionalmente por uma fé, têm problemas no uso da razão. Daí a grande dificuldade em manter um debate racional com eles. Pior, quando se trata de pessoas de inteligência, cultura ou autodisciplina fracas, a ameaça à fé suscita fúrias e excessos de linguagem impróprios de pessoas civilizadas. >Ler mais>>

O processo Casa Pia

Cinco anos depois, o processo Casa Pia é a maior prova de pujança do nosso virtuoso regime, um exemplo prático de genuína moral republicana. Não há "jornalismo de causas" que lhe valha. Alguém ainda tem dúvidas de como tudo vai acabar? Está à vista de todos que o culpado será o mordomo, e talvez o “estado” que é sempre tão infeliz no recrutamento de mão d’ obra. E que impunemente continua a apadrinhar os programas sociais nocturnos das crianças a seu cargo.
Já vos tinha dito que não acredito na Justiça portuguesa?

História de algibeira (28)


1909 – Cerimónia oficial da inauguração da estátua do Marechal Saldanha, presidida pelo chefe de estado, rei D. Manuel II. Na imagem, a estátua da autoria do escultor Tomás Costa e do arquitecto Ventura Terra. Ao fundo, sob as bandeiras nacionais, vislumbra-se a avenida Ressano Garcia, renomeada avenida da República pelo regime subsequente.

Imagem daqui.

E a mulher mais bonita da TV é...

Caros Leitores:

Aproveitando um súbito assomo de bom senso dos nossos leitores (e leitoras) que sabiamente colocaram a apresentadora Adelaide de Sousa no primeiro lugar do nosso inquérito, decidimos então terminar esta veleidade que a todos nos ia deixando ficar mal. Não foram necessários os métodos antidemocráticos propostos pelo João Villalobos, posto que imperou o bom gosto e a decência neste concorridíssimo passatempo. Tudo acabou em mais uma prova da maturidade democrática dos portugueses anónimos. É assim tempo de mudarmos rapidamente para uma nova página das nossas vidas, ou seja, para num novo inquérito que vos será apresentado já daqui a pouco pelo ilustríssimo curador Pedro Correia. (Manda-me o cheque para a morada do escritório, sff)

Sempre vosso e leal escriba,

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