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João Távora

Domingo

Leitura dos Actos dos Apóstolos  I - 6,1-7

Naqueles dias, aumentando o número dos discípulos, os helenistas começaram a murmurar contra os hebreus, porque no serviço diário não se fazia caso das suas viúvas.


Então os Doze convocaram a assembleia dos discípulos e disseram: «Não convém que deixemos de pregar a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo. Quanto a nós, vamos dedicar-nos totalmente à oração e ao ministério da palavra». A proposta agradou a toda a assembleia; e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos Apóstolos e estes oraram e impuseram as mãos sobre eles.


A palavra de Deus ia-se divulgando cada vez mais; o número dos discípulos aumentava consideravelmente em Jerusalém e obedecia à fé também grande número de sacerdotes.


 


Da Bíblia Sagrada

O caminho para a glória


A estrondosa vitória alcançada pelo Sporting frente ao arqui-rival Benfica e a conquista de um lugar final no Jamor a 17 de Maio próximo, além da motivação para o que resta da temporada, tem como consequência o reforço da imagem do treinador Paulo Bento, não só pública como interna. Espero que isto não seja uma má noticia para nenhum sportinguista.

Esvazia-se desta forma a tese da incapacidade do técnico leonino na moralização da sua jovem equipa, reclamada por uma facção de adeptos e opinadores profissionais. Os mesmos que reclamam uma nova estratégia para a gestão do clube de Alvalade, uma redentora direcção que devolva ao clube a tradição de glórias ancestrais.

Facto relevante é que eu, com quarenta e seis anos, não me lembro dessa mítica era. Lembro-me antes de obscuras administrações, sem estratégia ou desígnio, de João Rocha a Jorge Gonçalves, passando por Cintra e outros equívocos. A verdade é que há mais de quarenta anos, entre um campeonato ou uma taça doméstica, os resultados desportivos nunca foram extraordinários. E o que dizer das politicas de contratações, que salvo honrosas excepções resultaram quase sempre medíocres e desastrosas para os cofres do clube? Durante a longa travessia do deserto dos anos oitenta e noventa, enquanto o património definhava, os treinadores não aqueciam lugar e as jovens promessas abandonavam do clube a “preço zero”.

Hoje prepara-se um Congresso do Sporting, ideia louvável para promover o debate dos resultados e falhanços recentes, uma oportunidade para se repensar o futuro. Um futuro que se antevê difícil, dado os recentes aumentos do custo do dinheiro, e uma implacável crise económica internacional que se instala. Tudo factores que pouco propiciam aventureirismos e mistificações.


O êxito e a fortuna, decididamente, são bens escassos. Eu sou um conservador nato e na gestão de qualquer projecto não acredito em soluções miraculosas, ou “amanhãs que cantam”. Sem cedências ao conformismo, acredito na perseverança fundada numa estratégia racional e de médio ou longo prazo. O futebol quanto a mim deve ser jogo, paixão e delírio, mas só no campo e nas bancadas. Para que gloriosos jogos como o de quarta-feira não acabem jamais.

Domingo

Leitura dos Actos dos Apóstolos 2, 14a.36-41

No dia de Pentecostes, Pedro, de pé, com os onze Apóstolos, ergueu a voz e falou ao povo: «Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes». Ouvindo isto, sentiram todos o coração trespassado e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: «Que havemos de fazer, irmãos?». Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa». Os que aceitaram as palavras de Pedro receberam o Baptismo e naquele dia juntaram-se aos discípulos cerca de três mil pessoas.

Da Bíblia Sagrada


Cortinas de fumo


Um amigo meu há uns dias na caturrice gabava-se da sua veia esquerdista ao defender a liberalização das drogas “leves”. Perguntei-lhe se tinha consciência dos efeitos dessas substâncias nos miúdos, como a perda de concentração, auto-segregação e declínio no rendimento escolar. Finalmente indaguei se tinha adolescentes em casa. Confirmou-me que não.

Com quarenta anos de propaganda mais ou menos explícita na industria do espectáculo direccionada aos adolescentes, as drogas, mais ou menos pesadas, continuam a fazer vítimas e danos na nossa sociedade, já de si em rápida mutação e crise de valores. Impotentes perante o flagelo, as sociedades liberais ensaiam soluções, incluindo a liberalização. Não sou crente em teorias da conspiração, mas a quem interessa este estado de coisas? À colossal indústria de estéreis terapêuticas da toxicodependência, e às grandes farmacêuticas e seus incipientes paliativos?

Reconhecendo a complexidade do problema, a questão da proibição ou liberalização das drogas leves ou pesadas, mais do que a sua real eficácia legal, é para mim uma questão de ética. O sinal emanado pela lei não me parece uma questão menor: nalguns dos princípios promovidos na ordem doméstica, eu prefiro ser apoiado pela legislação do meu país.

De resto, se para algumas favorecidas luminárias da nossa praça o consumo de droga significa apenas uma caprichosa  diversão de circunstância, tal não altera o seu cariz desestruturante e funesto para a generalidade dos indivíduos.


Sem alternativa, nem responsabilidade

Quando o grupo de reflexão Alternativa e Responsabilidade se preparava para disputar as eleições para a distrital de Lisboa do CDS, eis que a respectiva Assembleia decidiu, num primário atropelo às mais elementares regras de lealdade institucional, antecipar as eleições em cerca de mês e meio relativamente à data em que o respectivo mandato termina. Esta atitude persecutória e antidemocrática inviabiliza o voto de novos militantes, posicionando-se o partido numa atitude de total  rejeição à perscruta da Sociedade Civil.


Consolida-se assim o cariz fulanista do partido de Paulo Portas: desgarrado dos valores e ideais da sua fundação, utilizado como se de uma marca (cada vez mais denegrida) se tratasse, o aparelho esgadelha-se em prol do projecto pessoal do seu dono. É assim que, num delírio cego e num total desprezo pela implacável realidade (o evidente descrédito de parte dos seus actuais protagonistas), o CDS se abalança para o abismo de um resultado eleitoral que já se prevê humilhante (à semelhança do que aconteceu com os mais recentes resultados eleitorais)... com  trágicas incidências no panorama do desemprego qualificado.

Esperamos que então não seja tarde demais para devolver o partido às pessoas e ao serviço de Portugal.

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Caricatura por Paulo Buchinho, com a devida vénia, daqui

Ponto de ordem

Por natureza, a luta pelo poder é coisa feia e normalmente revela o pior que o Homem tem. A política sem ideologia e sem utopia torna-se insídia primária, coisa rasteira. Desgosta-me a politica hoje em Portugal.

Jardins da fortuna


O Parque do Alvito tinha tudo para eu ser feliz, dos baloiços ao avião, da piscina à verdejante mata. Claro que conheci outros jardins onde espraiar tantas ganas de aventura e descoberta. Desde logo, recordo o jardim Maria da Fonte, ou "das rãs" como lhe chamávamos em família, logo ao pé de casa em Campo d’Ourique. Mas este era pouco interessante para a criançada, pois sendo plano não havia espaço para jogar à bola e não tinha baloiços. Ocupando apenas um quarteirão do bairro, limitava-se a ser um dos raros possíveis pontos de passagem em diagonal nas redondezas. Mais divertido e relativamente perto de casa era o Jardim da Estrela, meu jardim predilecto da infância até ao Liceu. Calcorreei-o meia vida, a passo e a correr, a pé ou de bicicleta, com os meus irmãos, primos ou com os colegas da escola. Nos bancos de madeira, feitos balizas, jogávamos um para um, dois para dois, com bolas furadas ou feitas de trapos. O Miradouro, ali para os lados da Rua de Sto Amaro, era um ponto obrigatório, encosta íngreme que escalávamos abaixo e acima qual Canyon, a brincar aos índios e cobóis. De volta ao local, as suas modestas proporções destoam chocantemente com as da minha memória. E como eu gostava de me imaginar, ali junto ao marco geodésico, um omnipotente herói, dono do jardim, senhor da cidade e do meu mundo. Com sorte tinha uma moeda de cinco tostões para comprar uns tremoços ou pevides da velhota de xaile e de mãos encarquilhadas ali no portão de frente prá Basílica.

O Jardim Zoológico acontecia-nos pelo menos uma vez por ano, no Sábado de Aleluia. Lá íamos então os cinco irmãos todos em romaria, com os primos e algum tio de circunstância. Esta era uma inusitada tradição, iniciativa da minha Avó materna - empreitada certamente legitimada como derradeira penitência a poucas horas das Celebrações Pascais. A aventura incluía uma moeda para o elefante, um pacote de amendoins para partilhar com a macacada, um gelado Rajá e, com a Primavera a despontar, umas azedas tenrinhas para mascar. Um dia em cheio; e uma tradição que ainda hoje tentamos manter, reunindo as crianças da família que aderem delirantes.

Voltando ao parque do Alvito... essa aventura acontecia ocasionalmente nas férias grandes de antigamente, intermináveis e insanas num terceiro andar de Lisboa. Então a minha mãe, do alto do seu metro e meio de mulher, corajosa e benevolente, fazia-se à aventura com as cinco endiabradas criancinhas e uma cesta de piquenique com sanduíches para todos. Nós, os mais velhos, tínhamos autorização para chapinharmos nas piscinas imundas e apinhadas de garotagem em histeria colectiva. Enquanto isso, a minha mãe tricotava e vigiava à distância, perto dos baloiços, com as minhas irmãs mais pequenas. Exaustos, ainda acabávamos a tarde a conduzir um eléctrico, um carro de bombeiros ou voando pela imaginação no esplêndido bimotor cravado ao solo - pendurados nas asas, que o odor emanado da cabine abafada era repelente. Como alternativa, por meio da mata verdejante, ainda nos entretínhamos na perseguição de algum insecto ou bicharoco, quais Dr. Livingstones à descoberta da natureza inexplorada.


Outros jardins me aconteceram dos quais guardo gratas recordações: o jardim “Salazar”, junto à residência do primeiro ministro, e o Jardim da Burra, à esquerda da Basílica da Estrela. Estes eram locais predilectos para ocasionais e clandestinas jogatanas de bola, ou apenas para furtivos encontros da rapaziada rebelde.

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Imagens daqui

 

Domingo

Evangelho segundo São Lucas 24, 13-35


Dois dos discípulos de Jesus iam a caminho duma povoação chamada Emaús, que ficava a duas léguas de Jerusalém. Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-Se deles e pôs-Se com eles a caminho. Mas os seus olhos estavam impedidos de O reconhecerem. Ele perguntou-lhes: «Que palavras são essas que trocais entre vós pelo caminho?». Pararam, com ar muito triste, e um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único habitante de Jerusalém a ignorar o que lá se passou estes dias». E Ele perguntou: «Que foi?». Responderam-Lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os príncipes dos sacerdotes e os nossos chefes O entregaram para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel. Mas, afinal, é já o terceiro dia depois que isto aconteceu. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos sobressaltaram: foram de madrugada ao sepulcro, não encontraram o corpo de Jesus e vieram dizer que lhes tinham aparecido uns Anjos a anunciar que Ele estava vivo. Alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas a Ele não O viram». Então Jesus disse-lhes: «Homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». Depois, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da povoação para onde iam, Jesus fez menção de ir para diante. Mas eles convenceram-n’O a ficar, dizendo: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus entrou e ficou com eles. E quando Se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho. Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-n’O. Mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram então um para o outro: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».

Partiram imediatamente de regresso a Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os que estavam com eles, que diziam: «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão». E eles contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir o pão.


Da Bíblia Sagrada