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João Távora

Receei até ser assaltado


Quando esta manhã reabastecia de gasóleo o carro, um esguicho matreiro do precioso líquido sujou-me as calças. Em resultado disso, durante o resto do dia o meu perfume caro foi várias vezes enaltecido. Por vezes pressenti até alguns olhares esquivos e silêncios cobiçosos. Vou mas é para casa tomar um duche e mudar de roupa!

Bonecada divertida para todos


Decorreu ontem no Palácio das Galveias o lançamento de “ZU - Grande Jogo!”, mais uma aventura do gato Zu da autoria do José Abrantes agora publicado pela editora Boa Imagem. Pena minha, não encontrei lá o João Villalobos, talvez porque não havia croquetes. Mas ele que saiba que foi servido um agradável buffet que incluía sushis, queijos variados e outras iguarias fantásticas.


Quase sempre ofuscada pela Banda Desenhada industrial de importação, "pronta a publicar" por meia dúzia de cêntimos pelas grandes editoras, nem sempre é fácil encontrar a produção nacional nos escaparates das livrarias. O facto é que poucos conhecem este simpático personagem infantil, um gatinho azul, que na companhia dos seus amiguinhos e de um fascinante lápis mágico transporta-nos para um mundo divertido e fantástico de que todos somos fãs lá em casa. O gato Zu, a namorada Milai, o preguiçoso Tobias e os pilantras  Murcão e Rosnão, são há muito cúmplices companheiros de infância dos nossos miúdos.


Durante anos pressionei o José Abrantes (que é meu irmão) para que não desistisse desta série divertida à qual os miúdos aderem entusiasticamente. Ontem foi a confirmação da boa noticia: uma nova série do gato Zu está no prelo da Boa Imagem, de modo que os miúdos e graúdos poderão continuar a seguir divertidos as peripécias destes simpáticos personagens. Espero que com o necessário reconhecimento e sucesso comercial.


 


Informação complementar: o supracitado livro, assim como reedição do 1º volume da colecção, estará disponível na Feira do Livro, na banca EDIÇÃO DE AUTORES instalada na tenda PEQUENOS EDITORES.

 

Domingo

Evangelho segundo São Marcos 10, 13-16




Naquele tempo, apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.


 


Da Bíblia Sagrada

Mentes mesquinhas

A polémica causada pelos lugares de estacionamento “rosa” do Centro Comercial 8ª Avenida em S. João da Madeira ainda me consegue espantar. Para quem não saiba, refiro-me a quatro lugares exclusivos para mulheres, mais à larga e estrategicamente posicionados para um fácil estacionamento automóvel. Após denúncia do Bloco de Esquerda à Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, que deu razão aos queixosos, a Sonae, proprietária do espaço comercial, prepara-se para repor a normalidade, ou seja, lugares iguais para todos - informa-nos o Diário de Notícias de hoje. Graças aos queixosos, os "queixinhas" do costume, a injustiça flagrante é devidamente reposta.


Desde sempre que me ensinaram a discriminar positivamente a mulher, atitude que interiorizei precocemente. Através de persuasivos castigos, meus pais reprimiram-me de pequeno os meus instintos agressivos para com as minhas três irmãzinhas indefesas. “Nem com uma flor”, troçavam elas, do alto do seu privilegiado estatuto. Restava-me implicar com o meu irmão, com resultados deveras desencorajadores.  E foi à força de muitos ralhetes e alguns calduços que, quase como um reflexo condicionado, adquiri o hábito de conceder sempre a precedência às senhoras.


Hoje, ajo por convicção: considero que não é em vão que as mulheres deveriam ser sempre acarinhadas e favorecidas; sabemos bem como seríamos todos mais afortunados com mulheres mais felizes e realizadas... Com mais disponibilidade interior para exercerem a actividade mais encantadora da sua existência: serem amorosamente femininas. Como se sabe essa disposição, preciosa para a harmonia global, é constantemente frustrada pela bestialidade humana e pelas contingências da vida, com os trágicos resultados que se conhecem. Isso quanto a mim justifica toneladas de discriminação positiva: com o miúdo pela mão, carregada de sacos de compras, latas, legumes, pacotes, fraldas e algum capricho que seja, depois de um dia de trabalho, o mínimo que a minha mulher merece é um lugar mais fácil para estacionar o carro. Pelo menos enquanto eu não a presentear com o céu que um dia lhe prometi.

Neste frémito moralista instituído pelos modernos Calvinos da esquerda estabelecida e anafada, a única meta é nivelar a existência das pessoas tão baixo quanto as suas vidas frustradas e rancorosas. Mas isso já eu tinha entendido.

O estádio do Jamor


Ontem, com as gargantas arranhadas, caras bronzeadas e ligeiramente molhados dos aguaceiros, regressámos felizes do Jamor. Com o coração acelerado, ainda parámos para umas farturas quentinhas, oleadas em açúcar e canela. O maralhal dispersava devagar, mais uma bifana e mais uma cerveja pró caminho, entre um cântico rouco e uma provocação aos rivais; o comboio ainda podia esperar por mais uns minutos de festa.


No Estádio Nacional apanha-se chuva, apanha-se sol e toda a sorte de intempéries ou imprevistos. No Estádio Nacional, à moda antiga, os sanitários são atrás de cada árvore, atrás de cada cabeço, entre os fumos das grelhas, a cheirar a febras e a fritos. No Estádio Jamor, à maneira dos grandes jogos de antigamente, entramos em fila indiana, devagarinho e apertados entre empurrões e desagravos, grosseiros ou bem humorados. Se não acontecer nenhuma desgraça, tudo corre bem. No Estádio Nacional só se joga à luz do dia, de preferência na primavera sob um esplendoroso verde natural.

As memórias que guardo do Jamor são diversas e quase sempre felizes. Em pequeno, no final dos anos sessenta, na Escola da Câmara éramos todos convocados para ensaiar o sarau para o Sr. Almirante. Sob a supervisão dum monitor, impecavelmente  equipados de calções e camisa branca, preparávamos ordeiramente o Dia da Raça, orgulhosa festa republicana de então. A viagem era feita em autocarros da Carris e  era o delírio da pequenada: “senhor chofer, por favor, ponha o pé no ‘celerador”; e por aí a fora. Mais tarde, no inicio dos anos 70, com Alvalade interditado uma temporada, o Sporting fez do Estádio do Jamor a sua casa provisória. Nesse tempo os jogos eram à tarde, a lotação era flexível, e assistíamos ao espectáculo sentados nos degraus de pedra. Havia uns espectadores mais sensíveis que alugavam uma almofada: “Olha a almofadinha... a cinco tostões” ...que era costume serem atiradas pró campo no fim do jogo. As coisas de que me lembro!

Hoje, nos modernos estádios, entramos de carro para o parque de estacionamento, passamos o cartão no torniquete e subimos de elevador para o nosso cómodo e seguro lugar. Comem-se hambúrgueres de marca ou pita shoarma, tudo aprovado pela ASAE, e os patrocinadores encarregam-se da animação, com passatempos iguais ao do estádio ali do lado. Mudam só as cores e os dizeres, tudo é de plástico higiénico e previsível, a bem da segurança e das emoções controladas. Recostados em cadeiras ergonómicas assistimos comodamente ao jogo e qualquer dia podemos “pôr pausa” para ir à casa de banho ou fazer um telefonema. Mas na bancada podemos saltar e cantar, “até morrer, Sporting allez” que “quem não salta, é lampião”... e “Só eu sei... porque não fico em casa!”. Em compensação, hoje em dia levamos as crianças sem preocupação, e encontram-se cada vez mais mulheres e cada vez mais bonitas nas bancadas.

Confesso que gostava que a final da Taça se mantivesse no Jamor, assim mesmo como é hoje. Para poder viver com os meus filhos, que são da geração I Pod, uma festa espontânea e popular. Um ambiente castiço de feira e de festa, com genuínos indígenas e forasteiros, mais a Maria e a merenda. Futebol emoção, com picadas de abelhas, apertos e outros imprevistos, além do pão com chouriço e vinho à pressão. E que mal tem isso?

C'um Caneco!


 


O caneco foi MESMO bem entregue, Francisco, e sem “à partes” de rodapé. O Sporting ganhou bem. O argumento da arbitragem utilizado pelo Jesualdo até à náusea é puro mau perder, coisa muito feia. Alguém reconheceu o FCP que entrou em campo nos primeiros 45 minutos e que sofreu um golo limpo? D' agora até Agosto começa a época vitoriosa do Benfica, nisso concordo consigo.

Domingo

Evangelho segundo São João 3, 16-18



Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita n'Ele já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus».


 

Da Bíblia Sagrada

Pedro Picoito


 


 

Carta aberta ao director do Instituto da Droga

 

Exmo. Senhor:

 

Dr. João Goulão

Director do Instituto da Droga, da Toxicodependência, da ganza, do xuto, do drunfo, da pedra, do cavalo e outras cenas práfrentex

 

 

         Foste muito porreiro, pá, em ter feito um dicionário do vício para a juventude. É que a ignorância da juventude sobre o vício é bué. Bem se queixa o Cavaco, embora ele não passe de um conservador desprezível que nunca tripou lá na parvónia. Uma civilização em que os putos não se entregam ao vício, como é seu dever, está condenada à morte. De tédio. Foi o que aconteceu a Roma (pergunta ao Picoito, esse betinho revionista). A grande civilização romana, que fez da má vida uma arte, não caiu por causa das orgias dos patrícios, mas porque os bárbaros não sabiam o que era uma orgia. Tivessem eles um dicionário da devassidão em bárbaro e Roma ainda hoje existiria. Por isso tomo a liberdade, diria até a libertinagem, de te enviar alguns palavrões que os cócós do IDT, sempre com aquele ar de quem não snifa às escondidas, pela certa desconhecem.

 

Tótó – infeliz que não bebe, não fuma, não joga e não escreve em blogues.

 

Supertótó – tótó que paga o IRS.

 

Sócrates – tipo que faz jogging e só fuma nos aviões da TAP.

 

Escuteiro – pamilitar alucinado que comete boas acções diárias.

 

Tratante – gajo que tem a lata de trabalhar para sustentar a família, em vez de roubar no Metro como toda a gente.

 

Morcão – quem toma banho todos os dias, sabe-se lá por que doença.

 

Sacripanta – alguém que não cospe na sopa nem bate na mãe.

 

Aleivoso - homem fiel à mulher, provavelmente por impotência.

 

Biltre - traidor que nunca apanhou uma carroça antes das 3 da tarde.

 

Cortesã - nome que se dava às generosas donzelas das Sextas, até que o careta do Távora o trocou por outro menos nobre para não misturar o trono e o lupanar.

 


 

 


Aqui ficam, para proveito da malta nova.


Recebe um abraço fixe do teu,



 

                                                           Viciado Compincha

 

Pedro Picoito (do blogue O Cachimbo de Magritte)

           

O combate do amor - uma história sem fim


A Igreja possui uma vasta obra social, que só não será reconhecida por má fé. A sua pluralidade é profunda e evidenciada pelos seus múltiplos movimentos de inspirações e estéticas distintas. Na sua hierarquia pontuam personalidades discrepantes e sensibilidades diversas. A perspectiva laica, exterior, ou “jornalística” da Igreja, incapaz de entender o seu cariz religioso, tende a tudo reduzir aos clichés da disputa política de Direita e Esquerda. Muito a gosto desta óptica redutora, está o antigo Bispo de Setúbal, injustamente rotulado como o “bispo vermelho”, um santo e sábio Homem de Deus que tive o privilegio de contactar pessoalmente no inicio dos anos 90.


D. Manuel Martins, sempre controverso e assertivo, é um dos protagonistas da reportagem que a revista Única do Expresso publicará amanhã, a qual, partindo da sinistra  ameaça de uma crise alimentar iminente e que poderá atingir as franjas mais fragilizadas da nossa sociedade, faz uma evocação da extrema crise social e humana que assolou a Península de Setúbal nos anos 80.

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