Um destino desbaratado
A menos de dois anos do centenário da república, quando se rebuscam em desespero motivos para uma efeméride pouco menos do que ridícula, convém atender aos números que o Diário de Notícias de ontem divulgava sobre a qualidade prática das democracias europeias: Portugal, com menos de 34 anos de democracia formal, comparativamente com os restantes 26 países da UE ocupa o quinto lugar a contar do fim da tabela. A qualidade da nossa democracia apenas supera quatro repúblicas ex-socialistas saídas do mapa político do pós-guerra: Lituânia, Polónia, Roménia e Bulgária, países recém-chegados à “Europa” na sequência do desmembramento da Cortina de Ferro nos anos 90.
Significativo também é o facto de nos primeiros cinco lugares deste “índex democrático europeu” constarem quatro monarquias, e nos dez primeiros pontificarem sete.
É neste quadro que, iludidos por um suposto progresso material, os portugueses, acríticos e amesquinhados, amarrados a uma História ficcionada e instrumental, desistiram de construir a sua história e o seu futuro. Até ver.