Numa época de assumpção plena do relativismo dos valores fundadores da nossa sociedade, sempre em benefício do imediato interesse do mais forte, o casamento civil vem sendo progressivamente esvaziado dos seus frágeis fundamentos. Transformado num precário acto burocrático e muitas vezes pretexto para burlescos regabofes à moda de Las Vegas, decadentes exibições de intemperança, a admissão de pares do mesmo sexo na mesma caldeirada será a prazo a machadada fatal na instituição. Assim se vai afirmando ao mundo o Ocidente, berço da civilização, hoje terra da opulência e da ganância, cada vez mais agrilhoada a um decadente hedonismo.
Porque não acredito na inevitabilidade dum caminho para a História, porque não creio que o progresso tenha um sentido obrigatório, acho importante a assumpção do contraditório face ao progressivo pensamento único instalado nas nossas pseudo-elites. Assim, considero que Manuela Ferreira Leite foi corajosa ao afirmar claramente as suas reservas quanto ao casamento entre homossexuais. MFL exprime e reflecte uma opinião legítima que é partilhada por muitos portugueses ainda não subjugados à propaganda da moderna inquisição.
De resto, insisto que o respeito pelas pessoas e suas diferenças é antes de mais um acto concreto da relação. É uma aprendizagem de berço e não é legislável.