Magalhães, a cabala e o delírio
Há muitos anos a lidar com computadores, essencialmente para uso do Office e da Net, montei em casa uma pequena rede de três PCs e os imprescindíveis periféricos. Acontece que minha mulher gere uma pequena empresa de traduções Web-based e os miúdos mais velhos, por mérito, já têm o seu aperelho. Quer isto dizer que conheço na pele o exigente esforço de trabalho e aprendizagem para manter tudo em bom funcionamento sem gastar muito dinheiro. Para mais, é um facto que os jovens normalmente tendem a uma utilização perigosa das máquinas, pois trocam entre si muita tralha, instalam jogos e aplicações nem sempre "saudáveis", mesmo com o "controlo parental" activado. Acontece também que as dezenas de programas e aplicações que progressivamente se instalam num PC, a prazo trazem instabilidade e conflitos ao sistema operativo, nem sempre de simples resolução. Por experiência própria discordo do mito cultivado por muitos adultos (certamente ineptos tecnológicos) de que “os miúdos hoje em dia nascem a saber mexer naquela cangalhada, e que neles é inata a habilidade para com as tecnologias” (penso que se referem a comandos de TV, telemóveis e a jogos electrónicos...). É para mim claro que qualquer miúdo aprende depressa a brincar, mas poucos serão os que se dispõem a aprender ou investigar a resolução dos problemas informáticos por eles próprios causados – esses trabalhos muitas vezes de simples resolução sobram para os pais ou para dispendiosos técnicos. Também sei bem como as crianças estão pouco motivadas para utilizar as ferramentas de trabalho que um computador oferece, cingindo-se a sua utilização ao entretenimento e para, pela Internet, copiarem integralmente os conteúdos dos trabalhos “de grupo” da escola.