Sejamos realistas...
Sou monárquico. Acredito profundamente na superioridade civilizacional da instituição realista e decidi há uns anos abraçar a missão de, neste país sem memória, não deixar esquecer a causa que anseio perdure e prospere nas futuras gerações.
Mas ao contrário do que possa parecer, o grande adversário deste ideal não está tanto na esquerda jacobina ou no positivismo materialista, mas antes reside entre os seus adeptos: está em primeiro lugar, em boa parte da elite académica cultural e política nacional que, nutrindo simpatia pela causa, abdica dela, bem fundo na gaveta do "pragmatismo", como garantia duma bem sucedida carreira pública sem embaraços. Em segundo lugar, está em algumas pessoas, pedantes snobs que gravitam em estéreis organizações monárquicas, ávidas de filar honrarias nobiliárquicas de obscuros antepassados. Estranho quanto a falta de noção de ridículo e tanta vaidade impeça esses patetas de perceber como prejudicam a nossa tão fragilizada causa.
Finalmente, concedo que a regeneração de Portugal está a montante desta questão do regime. Passo prioritário seria sem dúvida a implementação duma cristalina meritocracia, duma sólida cultura de responsabilidade e excelência, que se sobrepusesse à vigente lógica do ressentimento e da devastadora inveja portuguesinha. Só depois disso será possível a Restauração.