Incontornáveis papéis
Em matéria de informação, continuo fiel consumidor de notícias em papel, apesar de lhes dedicar cada vez menos tempo, disperso que estou com a Internet e os blogues. Não falando de livros, coisa que daria outra crónica, lá em casa, entre a sala e os quartos, passando pelo WC até ao “ecoponto” instalado na cozinha, alastra constantemente uma assustadora praga de papéis. Ele é revistas de decoração e catálogos de moda, jornais desportivos, diários, semanários, encartes, suplementos e revistas, especializadas ou generalistas. Para bem da paz doméstica o fenómeno é aceite pelas partes, apenas requerendo alguma gestão, por forma a salvaguardarmos a estética e a liberdade de movimentos, também ameaçada pelos brinquedos dos mais pequenitos, que têm vida própria e se espalham pelos sítios mais incríveis - os brinquedos, entenda-se!
De resto o esquema está montado, foram-lhes instituídos prazos de validade: os gratuitos valem por uma viagem (nem lá chegam a entrar), os semanários morrem ao domingo à noite, os diários duram até à manhã seguinte, os desportivos caducam ao almoço e as revistas aguentam uma semana. Para mal dos meus pecados estão por definir os prazos de validade dos magazines de decoração e alguns sofisticados catálogos de que a minha extremosa patroa é fã. Estas publicações acabam invariavelmente por perdurar meses na sala a ofuscar os meus belos e majestosos livros de mesa de que tanto me orgulho. Enfim, unidos pelo gosto de ler, lá assumimos essas irresolúveis questiúnculas, sem as quais já não saberíamos viver.