Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

João Távora

Dia do pai

O Diário de Notícias apresenta hoje uma abordagem da efeméride pela perspectiva da paternidade precoce, o pai adolescente, herói anónimo prematuramente confrontado com a responsabilidade de sustentar e formar a sua descendência. As alternativas no enfoque seriam para além da paternidade regular que "não é notícia", a perspectiva que eu conheço melhor: a do pai tardio e entradote, confrontado com noites em claro, sustos, fraldas e bolsadelas no teclado do computador. A experiência possui uma magia e encanto muito próprios, para lá dos sintomas de cansaço, cabelos brancos e dumas pontadas nas costas de vez em quando: estou proibido de me acomodar, conformar, enfim envelhecer. Viva eu!

O anticlimax


A poucos dias da final no Estádio do Algarve, não sei o que passou pelas cabecinhas da organização da Taça da Liga para juntarem Nuno Gomes e João Moutinho, qual harmonioso casalinho, numa conferência de promoção do evento. Tratou-se duma descarada mariquice rematada no final com beijinhos e abraços entre as melenas do Nuno Gomes. Assim não vamos lá (ao estádio, claro).


Quer isto dizer que a Liga de Clubes não percebe nada da poda: para encher o estádio e pôr o país a roer as unhas com um derby entre os arqui-rivais Benfica e Sporting bastam umas provocaçõezitas e uns vitupérios brandidos por ambas as partes da contenda. O futebol fala grosso, pica na barba e é politicamente incorrecto. Deixem-se de tangas!

A questão do preservativo

Qualquer dia sou preso ou fazem-me uma espera mas eu não me importo: na adolescentocracia em que vivemos, compreende-se que a mensagem do Papa menosprezando a eficácia do preservativo como remição do flagelo da sida seja a priori rejeitada. Mas talvez um pouco de boa fé e uma pequena parte da nossa consciência nos ajudem a chegar lá: a questão da sida só será verdadeiramente mitigada e debelada através de uma adequada educação sexual, por via da difusão de exigentes valores civilizacionais, como a castidade, a fidelidade entre marido e mulher  - ou entre parceiros sexuais, para ser mais politicamente correcto - e a monogamia, em contraste com uma cultura de promiscuidade e de hedonismo que nem a lonjura e o calor dos trópicos justificam.


Muitos dos que se chocam com a exigência desta mensagem, preferem nela ver um farisaico encolher de ombros face à propagação da “pandemia africana”. Para anunciar fórmulas de facilitismo estão cá os políticos. A Igreja ensina, na dignidade da pessoa humana, uma via mais difícil, mais estreita e seguramente menos rendosa. Mas nem por isso menos necessária e verdadeira.

A respeito da eutanásia, a grande causa do reverendo Louçã...

escreve André Azevedo Alves no Insurgente: (...) Poucos acreditarão que a iniciativa (do Bloco de Esquerda) visa, efectivamente, combater a “obstinação terapêutica” mas há um aspecto da mensagem de Louçã que é inteiramente credível. Historicamente, o socialismo nunca foi particularmente eficaz a proporcionar o acesso dos cidadãos à larga maioria dos bens e serviços, mas revelou-se sempre terrivelmente eficaz a garantir o “acesso livre e informado à morte” (...). Leia tudo aqui.

Católicos de ocasião

O jornalista Luís Osório, que ontem no Rádio Clube Português a respeito de não sei quem que o desiludia afirmava-se simpatizante da  maçonaria, declarou esta manhã no mesmo programa que, como católico, sentia-se envergonhado com as afirmações do Papa sobre a estafada questão dos preservativos.


Eu por mim, acho surpreendente a facilidade com que despontam católicos quando é para dizer mal da Igreja. Onde é que eles estão quando é para fazer obra e arriscar um caminho?

Não há protocolo que acautele a má criação *

Eu que já acompanhei comitivas e dei uma mãozinha no MNE sei bem como viajar com políticos e lidar com alguns diplomatas dá broncas destas e bem piores, coisa que na era dos blogs pode criar alguns incómodos. Consta que num jantar informal à partida de Cabo Verde o ministro Rui Pereira ter-se-á apropriado dum lugar esquerda de José Sócrates (um péssimo lugar portanto) ocupado pela jornalista Dina Soares. Enfim, estes ambientes são propícios a melindres protocolares, que atingem foros paranóides alastrando qual epidemia, das salas de conferências e dos banquetes, para os ministros e funcionários, motoristas e estafetas. Os primeiros são os primeiros e os últimos são mesmo últimos – nem sempre se percebe bem para que campeonato, mas a coisa funciona assim. O tema dava um belo guião para um programa da National Geographic.


 


* Via João Villalobos no Corta-fitas

Quaresma


Não será boa altura a Quaresma, para expulsarmos os vendilhões do nosso templo que impunemente nos cercam o nosso coração, acenando-nos com as estéreis distracções e vaidades, coibindo-nos assim  duma mais íntima aproximação a Cristo? Não podemos nós cristãos ser melhores nesta quadra? 

 

A génese da nossa regeneração

Todos conhecemos as infra-estruturas de ensino construídas nas grandes cidades ao tempo da monarquia liberal. Todos reconhecemos pela sua traça característica o múltiplo equipamento construído pelo Estado Novo, ainda hoje parcela decisiva na oferta nacional. O abarracamento pré-construído é o estilo que marca o pós 25 de Abril em matéria de construção escolar onde impera o pladur e a cobertura lusalite ou argibetão.  De facto no período democrático da república as prioridades foram as auto-estradas, centros comerciais e estádios de futebol. Passados mais de trinta anos, com um parque escolar muito degradado, começa-se finalmente a notar sinais de mudança com o anúncio de muitos milhões para a sua recuperação. E haverá com certeza mais boas notícias: por exemplo aqui no Estoril foi recentemente inaugurada a escola básica nº 1 de Alapraia, unidade modelar até do ponto de vista arquitectónico.

Em matéria de ensino, onde se joga o futuro e a proficiência e da nação, fica ainda a faltar a aposta mais difícil, porém decisiva: a reconstrução das escolas por dentro, na sua vocação e substancia. Desafio para o qual o regime não tem força ou vontade.


 


Publicado também aqui

Pela sua rica saudinha

Hoje no parlamento uma proposta socialista  estipulando que o teor máximo de sal no pão passe a ser de 1,4 gramas por cada 100 gramas foi aprovada por larga maioria dos deputados da nação. Suspeito que o que se segue é o debate a respeito da quantidade de gordura no toucinho e sobre a porção de açúcar nos Ovos Moles ou nas Bolas de Berlim. Sempre é mais fácil regular a culinária.

Pág. 1/4