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João Távora

Tudo como dantes: quartel general em Abrantes

Ontem num indolente zapping pelos canais de notícias entre as 22,00 e as 23,00 (período do dia em que às vezes eu consigo desacelerar) deu para perceber que este ano o Benfica, com as suas messiânicas contratações, é uma vez mais o campeão da pré-época titulo a que já nos vem habituando. O povo exulta. Depois dos especialistas escalpelizarem interminavelmente o auspicioso momento do “Clube da Luz”, ainda sobrou uns minutos para um comentário ao inevitável Futebol Clube do Porto (uma maçada), e para invectivarem sobre o passado do Sporting, que este ano não tem casos para grandes manchetes e vender jornais. 

Ao fim de uns anos de por aqui andar, quem tiver memória apercebe-se facilmente como estes debates e considerações são completamente fortuitos e irrelevantes. Ainda não percebi porque é que esta tropa de comentadores desportivos não fazem como eu e metem umas semanitas de férias para arejar a cabeça: a nova época não tarda vai mesmo começar e eu já tenho o meu lugar em Alvalade para ver a bola que é disso que eu gosto. Para conversa de chacha não tenho pachorra. 

Há quarenta anos na lua

Quando os Neil Armstrong e Buzz Aldrin pisaram a Lua eu tinha sete anos e estava em Milfontes de férias. Nessa noite morna de Verão, como grande parte dos habitantes da vila, desci com os meus pais ao Café Miramar na Barbacã, para assistir na televisão ao acontecimento em directo. Não mais me esquecerei da emoção vivida, aquelas imagens difusas e misteriosas, as palmas, as interjeições e efusivos comentários dos adultos.

De resto lembro-me da estranheza que me causava o Jacinto, um pescador nativo amigo da família, que afirmava que tudo aquilo era uma encenação cinematográfica à boa maneira do cinema americano.  Para ele era inconcebível que o homem chegasse à Lua, talvez porque acreditasse que o satélite era feito de queijo: custa-me a acreditar que a sua opinião se devesse a qualquer dogma político.
Apesar da desilusão que senti nos anos seguintes com a perda de espectacularidade dos programas espaciais da NASA, imagino que este terá sido o maior acontecimento histórico sucedido na minha existência. Por mim continuo a imaginar com entusiasmo como será a grande aventura da expansão humana para o Espaço. 

Lavo daí as minha mãos...

Já em pequeno me diziam ser uma "porcaria" andar de mãozinhas sujas. No entanto, apesar de as estranhar nas vacas, jamais reconheci mãos aos porcos. Com os porcos é mais "pezinhos", de preferência de coentrada. Também me diziam que a anatomia dos porcos é chocantemente parecida com a dos homens. Por isso parecia-me natural que o bicho fosse um omnívoro, mesmo sem entender porque lhe tiravam o h. Vem isto a propósito das regras profilácticas contra a gripe suína que por aí se anunciam, num fervoroso desígnio de adiar a inevitável epidemia: trinta segundos a ensaboar as mãos parecem-me um exagero. A vida é muito curta. Contrariado, aceito que me escapem as mais aprazíveis delícias do lar por ter de trabalhar como um camelo para lhe conferir um estatuto e existência condigna - agora desperdiçar a vida a lavar as mãos durante trinta segundos entre uma ida ao Multibanco e a contorção duma maçaneta de porta, definitivamente isso é de mais. Prefiro apanhar a dita gripe, que agora entendo porque lhe chamavam "dos porcos": é porque as suas vítimas não “guardaram” um metro de distância dos perdigotos da recepcionista do hotel em Cancun, e porque não lavaram convenientemente as mãos, bem fundo nas palmas e nos sovacos dos dedos, onde se escondem os mais perigosos germes. 

Quando era pequeno e acordava de manhã em férias, parecia-me um interminável aborrecimento os minutos que me demorava a vestir, nomeadamente a apertar os atacadores, antes de me precipitar na brincadeira com os primos ou amigos: havia toda uma vida a esvair-se enquanto eu me atrasava com tão supérfluas tarefas. Lavar a cara e os dentes era um castigo ainda maior. Enfim, uma grande porcaria.
Talvez por isso e por escrever estas bacoradas, e apesar de me ter tornado um cidadão honesto e medianamente asseado, me arrisque a cair de cama (não sei se é por ser hora da sesta mas soa-me bem a expressão) como que vítima de um castigo divino. Mesmo sem sair do distrito de Lisboa.
Mas desculpem-me a insistência: tenho verificado com estranheza como os media dos povos bárbaros, os britânicos por exemplo, teimam em chamar gripe suína (swine flu) à maleita, apesar da sábia deliberação da OMS em mudar-lhe o nome. Chissa que a Velha Albion não aprende! Nisto os portugueses são bons e obedientes rapazes. Disso deveremos nós sentir orgulho: desde a manhã seguinte ao comunicado nem o mais rebelde redactor de jornal se atreveu a desacatar a ordem. Imagino-os nas redacções todos a beber café em copos de plástico, a assomarem-se uns aos outros em distâncias higiénicas e a fazerem bicha para os lavabos. Eu por mim tenho mais que fazer.   

 

Contra os tabus e os fantasmas do regime

Ainda a respeito da polémica proposta de revisão constitucional de Alberto João Jardim, ontem á noite Lobo Xavier e José Pacheco Pereira surpreenderam-me pela sua coragem ao afirmarem a genética totalitária do Partido Comunista Português e o cariz ideológico da Constituição Portuguesa. Lobo Xavier foi até mais longe contestando a tese oficial da "nomenklatura", de sistemático branqueamento do papel da Extrema Esquerda e do Partido Comunista no combate pela implantação dum regime totalitário pró soviético em Portugal no pós 25 de Abril. É preciso estar de fora do sistema para se poder dizer o que se pensa? 

O facto é que hoje vivemos em Liberdade porque os comunistas foram derrotados em 25 de Novembro, e apesar da hipócrita política de “acalmação” instaurada pelos vencedores: talvez por isso Melo Antunes e os socialistas afinal sejam os principais responsáveis pela poderosíssima Extrema Esquerda que subsiste hoje em dia em Portugal. 

De resto, a Direita portuguesa só terá futuro se for livre de complexos e tiver a coragem de afirmar a sua versão da história. A Direita em Portugal só terá futuro se for LIVRE. 

Antes as Cortes de Lamego!

Alberto João jardim é sempre polémico. Mas não deixa de ser curioso como, do meio duma sua excêntrica proposta de revisão constitucional, seja o ponto mais coerente e pacifico, aquele que propõe que a Constituição interdite o comunismo a exemplo da explicita proibição do fascismo, aquele que embaraça o seu partido e choca os apaniguados da Inquisição Regimental.

Aliás é bom de ver que o único partido que votou contra a actual Constituição, uma lei pouco fundamental, completamente politizada e marcada pela conjuntura revolucionária da época, foi o CDS.
Simplificando: entre os regimes opressivos e sanguinários do século XX destacaram-se os Comunistas e os Fascistas. Porquê preterir um deles? O facto é que isso não interessa nada, nesta mascarada hipócrita em que vivemos.

 

O perigoso desígnio das esquerdas unidas

O grande problema da esquerda está no cerne da sua bandeira, aquela mais popular e demagógica, que a catapulta ao poder: a utopia da igualdade como remição da injustiça e do sofrimento humano. O problema é que “as esquerdas” sabem que a imposição da “igualdade” depende da restrição do mais precioso valor humano: o da diferença, ou seja o da Liberdade. E uma parte dessas esquerdas, chamemos-lhe “democrática” não está disposta a avançar muito para esse abismo, e trava sabiamente o seu desígnio perante a realidade dos factos: o caminho da igualdade só se percorre à conta de bárbaros atropelos, infames injustiças e violações aos mais basilares direitos humanos. Além disso a história ensinou-nos como a coacção da igualdade tolhe a excelência, a iniciativa, e promove a dependência, o paternalismo e a estagnação. 

É assim que a esquerda “do arco do poder”, para jogar no respeito das regras civilizadas, por regra hipoteca parcialmente a sua utopia. E é deste equívoco que se alimentam as outras esquerdas, as extremas e necrófagas. Que sabem bem o preço a pagar pela cadeira do poder: ou a cedência perante a realidade ou uma temerária e despótica aventura política.

Mesmo sendo um poeta, Manuel Alegre deveria saber isto. 

 

Epidemia de parvoeira

À conta de gripe suína (sempre gostei deste nome), uma onda de puritanismo higiénico grassa no meu escritório onde uma virtuosa mão invisível substituiu as elegantes chávenas de loiça onde bebíamos o café por uns etéreos copitos de plástico. Depois, lá na copa já se trocam acusações de falta de consciência etológica quem bebe o café em dois copinhos sobrepostos para não queimar os dedos. Suspeito que é mais fácil sobreviver à gripe suína do que a uma epidemia de parvoice.

 

Sinais dos tempos

Ainda bem que este mundo é redondo, pois ele está definitivamente a virar ao contrario: a propósito das mexidas e remexidas na TSF, soube há minutos por um colega blogger que ele acabara de receber um Press Release com esclarecimentos da própria rádio-notícias. 

De resto, com a modéstia inerente a um pequeno blogue como o nosso, prometo que, se a TSF nos enviar o tal comunicado, dar-lhe-emos a nossa melhor atenção!

Eles andam aí!!!

Esta manhã fui alertado por um amigo que estava no ar no Rádio Clube Português uma entrevista à Professora Fernanda Rolo a respeito das actividades da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República (uff!) pelo locutor de serviço Nuno Domingues. Tenho a dizer que me impressionou a subserviência manifestada pelo entrevistador: ignorando o regime terrorista a que deu origem a revolução de 5 de Outubro, e que a maior parte dos países evoluídos da Europa são monarquias, o pivot limitou-se a estender o tapete à Senhora Doutora para uns valentes minutos de publicidade gratuita. Ficámos a saber alguma coisa sobre o novo portal da Comissão de festas na Internet e sobre o ambicioso programa que a Comissão está a delinear para as escolas: publico com o qual a Comissão nutre um particular  carinho (sic).  Protejam bem os vossos filhos então, pois a velha estratégia da mentira mil vezes repetida continua em voga. 

Resta-nos a satisfação de verificar que sempre que a Comissão das Comemorações se manifesta publicamente nos grandes meios de comunicação a respeito do seu Portal, o numero de visitas à nossa modesta plataforma na Internet disparam. 

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