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João Távora

Educação: uma disciplina exacta

 Ontem o dia foi de emoções fortes lá em casa pois saíram as notas dos exames da Margarida e do Francisco, respectivamente do 12ª e 11º ano: perante os desfechos verificados admito que somos uma família privilegiada, na qual, com mais ou menos atritos e resistências, sempre se vai incutindo a importância do esforço e da vontade como única garantia de sucesso... para as disciplinas exactas. 
Uma coisa é certa: durante os últimos anos em que eles frequentaram o Ciclo e o Secundário do Estado, foi quase em desespero, contra tudo e contra todos, que nós clamámos esses valores. Inesperadamente contra a própria Escola, que a certo ponto mais nos parecia um asilo de marginais, um foco de vícios e de tantas outras impertinências.

Entretanto, a nossa pequena Carolina ainda no 1º ciclo (e que espero manter tantos anos quanto possíveis no ensino privado), que tinha como uma das brincadeiras predilectas passar horas de caneta e caderno em punho a “escrever histórias” e ilustra-las com desenhos e recortes, deixou-se disso para render-se ao Magalhães impingido pelo Ministério da Educação. Agora passa horas esgazeada a teclar jogos electrónicos. Salva-a “cruel marcação” de que é vítima dos pais. 

Talvez assim o Estado se desse ao respeito...

A propósito deste post do André Abrantes do Amaral, convém ressalvar que, apesar de actualmente me parecer exagerado o peso do Estado na promoção de uma nova ordem ética (refiro-me às questões fracturantes), quando eu defendo o liberalismo em Portugal como uma questão de patriotismo, refiro-me essencialmente à questão económica onde o seu peso é deveras asfixiante. Em vez de desperdiçar recursos dos contribuintes a doutrinar o povo e alimentar clientelas, tirando alguns sectores estratégicos como o da Segurança, da Defesa ou da Justiça, o Estado deveria concentrar-se tanto quanto possível na regulação. Ninguém nega a importância para o país dos supermercados, mas porque raio haveria o dito cujo geri-los? Imaginem o só bom-bom que seria o ministério da sua tutela! As secretarias de Estado, os assessores, a multidão de administrativos, já para não falar dos institutos e fundações. E punha mais sindicalistas na rua do que o da Educação!

Crónica de balanço

Cheguei aos blogues há pouco mais de três anos pela mão do Duarte Calvão que me convidou a integrar o  Corta-fitas, um blogue de profissionais da escrita, maioritariamente jornalistas, que veio a tornar-se uma das referências da blogosfera nacional. Foi com eles que desenvolvi o gosto por esta vertiginosa escrita e por isso ficar-lhes-ei para sempre grato: prezo-lhes não só a coragem de me terem acolhido, mas o escorreito estilo com o qual tentei aprender. Assim, a blogosfera proporcionou-me o prazer de opinar, de dizer livremente o que me passava na alma, quantas vezes arriscando no arame os limites da exposição pessoal. Um risco por vezes mal calculado devido ao carácter imediatista deste meio e o bichinho exibicionista que afinal anima o meu irrequieto espírito. 

Como me acontece na leitura, na música e em tantas coisas na vida em que sou lento a envolver-me, na escrita tendo a mastigar hesitante a forma e o conteúdo antes de publicar, coisa que na Internet está à curta distância duma tecla. Jamais deixei de tremer ao carregá-la: mais do que a um suposto perfeccionismo, tal deve-se em parte à minha insegurança, sentimento que definitivamente constitui um traço do meu carácter. O facto é que quando nos aceitamos como somos, conquistamos o mais valioso património humano: a liberdade. 

De resto, a idade não me aligeirou as paixões, os medos ou as dores, só me ensinou a aceitá-las e resolvê-las com mais e mais rapidez: nas minhas actividades, como profissional ou chefe de família, sou hoje impiedosa e profusamente chamado a agir e decidir muito mais do que alguma vez julguei ser possível. E quem me conhece não adivinha os tumultos por que perpassa a minha alma. Para sobreviver, com a graça de Deus, fiz-me bom aluno da vida... e conquistei o amor duma mulher maravilhosa e uma família de que me orgulho e sou pertença a tempo inteiro. É desse meu mundo que vem a energia e a vontade de continuar a abordar reagir com todo o fôlego contra o curso da história, que qual imensa rocha se mantém naturalmente imutável e insensível ao meu protesto. Resta-me a esperança de que tanta exigência e inconformismo tenham-me ajudado a aperfeiçoar a mim próprio,  e que o leitor seja comigo bem mais benevolente e menos severo. 

 

Em busca dum novo túnel, com luz ao fundo

A maneira como o Partido Socialista desbaratou quatro anos de maioria absoluta prova que a questão da governabilidade do país não depende tanto da dimensão dessa maioria, mas antes do programa eleitoral em causa, da coesão do governo e da sua capacidade deste mobilizar o país para uma urgente mudança de rumo. Ou parafraseando o nosso José Mendonça da Cruz, há luz se mudarmos de túnel. Adorei esta frase!  

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