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João Távora

Wikileaks: os fins e os meios

 

Compreendo a defesa de Assange feita por um anarquista, ou extremista, dos que se batem por um “amanhã que canta” fundado nos escombros da nossa civilização, nunca menos que isso. A Wikileaks é fora da lei: não passa de uma loja de receptação com porta para a rua que redistribui “espionagem” por grosso e a retalho - como tal é um caso de polícia. Porque a liberdade, o mais precioso e delicado dos nossos bens, só sobrevirá salvaguardada por inevitáveis regras.

E desenganem-se os que julgam ingénuas as virgens ofendidas que choram e reclamam os vícios e equívocos do sistema: a última coisa que lhe auguram é uma regeneração.

 

Ler também o Nuno Miguel Guedes

Um novo ciclo

 

Sinal de decadência duma anafada burguesia de ideais perdidos foram os recentes anos iludidos com a bolha do experimentalismo social, traduzida em farta legislação fracturante, desconstrutiva. O preço será pago com altos juros, e é chegado o tempo de olharmos para o que se torna aberrantemente prioritário: a pobreza das pessoas. Aquelas que não frequentam bares do Bairro Alto, que não frequentam os blogues ou vernissages. Aqueles que não têm dinheiro para fazer uma sopa, ou dar um presente a um filho. Deslocados, escondidos, sozinhos, vivem envergonhados do mundo, sem pagar ou receber pensão de alimentos. A pobreza é humilhação e solidão; corrói a humanidade da pessoa, é dor profunda. Há demasiados portugueses em sofrimento e é tempo de se atender à realidade e acudirmos às pessoas. De deixarmos as discussões estéreis.

A luta continua

 

Um dos direitos que me confere o estatuto de “chefe de família”, é, quando em casa nos encontramos reunidos à mesa, fazer um género de “post”, um relato necessariamente fundamentado, curto e explícito por ocasião de uma efeméride. Preferencialmente o assunto tem que contar com o entusiasmo da mãe, e a técnica de comunicação tem que ser apurada, para não gerar anticorpos nos adolescentes, esclarecendo-os quanto possível, espicaçando a sua curiosidade para os livros – sempre possível inclui referências bibliográficas. Ontem o tema foi o 4 de Dezembro de 1980, Adelino Amaro da Costa e Francisco Sá Carneiro.
De resto, um dado observável é que  penhoramos o futuro sempre que não resolvemos o passado.

Entregues à bicharada

 

O caso das remunerações compensatórias para os funcionários da administração pública regional dos Açores que auferem entre 1500 e 2000 euros mensais decretadas pelo socialista Carlos César, tem um profundo significado simbólico: o da total ingovernabilidade do País. As excepções às medidas de austeridade que por estes dias se vão multiplicando além de desautorizarem a nossa desgraçada classe dirigente, seriam razões suficientes para legitimar um povo decente à desobediência cível e fuga aos impostos. E depois queixem-se da Merkel e dos mercados.

Para a Rússia com (muito) amor

 

Tirando os óbvios ganhos para o turismo e hotelaria que adviriam duns quantos jogos do Mundial em terras lusas, resultado que se consegue de forma mais sustentada com o mesmo investimento numa boa promoção pelos canais tradicionais, não antevia qualquer vantagem na empreitada - antes pelo contrário. De resto, a respeito do tão propalado “prestígio” que a organização do campeonato em 2018 nos traria estamos conversados: a total subalternização do nosso país perante a Espanha verificada na distribuição dos jogos, em que não nos cabe nem abertura nem a final, não nos permite qualquer veleidade. Por tudo isto confesso que me deixa satisfeito a vitória da Rússia, um mercado emergente carente de auto-estima, com petróleo, matérias primas e dinheiro para gastar em betão.

1º de Dezembro 2010 – A interpelação da alma portuguesa

Seguindo uma já longa tradição, ontem à noite cerca de oitocentos portugueses juntaram-se em torno da sua Família Real num tão sóbrio quanto elegante jantar no Convento do Beato, celebrando 370 anos da restauração da independência nacional, consubstanciada então na aclamação da dinastia de Bragança, uma preciosa conquista cuja herança não pode ser desbaratada.

Hoje de novo perante alarmantes sinais de depressão e perda de soberania nacional, é reconfortante escutar as inspiradoras as palavras do Chefe da Casa Real, o Duque de Bragança que, na sua magnanimidade, uma vez mais se afirma presente.
Provocador foi o desafio do presidente da Causa Real, Dr. Paulo Teixeira Pinto, referindo que aos conjurados presentes em tão grande número no jantar, lhes falta cumprir o ideal dos seus inconformados antepassados de 1640: os duros desafios que aí vêm requerem desacomodação e voluntarismo, a interpelação da alma portuguesa.

 

Da esquerda para a direita: os Infantes D. Diniz, D. Maria Francisca e D. Afonso,

com a mãe, D. Isabel de Bragança durante a alocução do Chefe da casa Real
Portuguesa, S.A.R Dom Duarte de Bragança.

 

Panorâmica dos claustros do Convento do Beato durante
o jantar que obteve uma assinalável adesão juvenil

 

Fotos: agradecimentos ao Raul Bugalho Pinto

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