Fiquei rendido ao "Discurso do Rei" de Tom Hooper, e ao contrário do que dizem as más-línguas (porque será?), posso garantir que a obra é muito, mas muito mais, do que a replicação no cinema dum telefilme da BBC. A grandiloquência narrativa, a fotografia simplesmente arrebatadora, e principalmente a extraordinária prestação dos actores, são aspectos que fazem desta película uma autêntica obra-prima. As primorosas representações de Colin Firth no papel de príncipe Alberto, de Geoffrey Rush, o excêntrico terapeuta da fala, Lionel Logue, e de Helena Bonham Cárter como Rainha-mãe, envolvem-nos num comovente drama humano: o tormentoso recontro do gago mas ciente príncipe com o seu inevitável destino, de perante a manifesta leviandade do irmão, vir a reinar o Império Britânico; e, no apogeu da telefonia, através da sua voz, encarnar a esperança e a dor dum povo em face à trágica guerra contra a Alemanha Nazi. Se outra mensagem não possui, esta persuasiva e tocante lição de humanidade, recentra a decisiva importância do trabalho e carácter dos actores no melhor cinema. Aquele que faz História.
O meu menino resiste ao sono, como se fora um cálice de morte; tem medo do escuro. Daquele momento em que se lhe silencia a alma entre a última brincadeira e o sono profundo. Conheço bem esse território de ninguém, que de tão silencioso se nos ouvem as entranhas, num ritmo batido pelo coração. Onde mora um ensurdecedor silêncio que amplifica o medo de não se voltar do fundo do fundo, onde se estabeleceram demónios dançantes, auroras boreais, aterradores animais: como num infindável castigo de existir, solto no frio do eterno espaço.
O meu menino tem medo da noite e implora-me mais uma história, mais uma canção. Agarra-me a mão com a sua mãozinha sôfrega, para que eu o ampare na descida à profundeza do vazio sem memórias, risos nem afagos, como um quarto escuro sem frestas, onde do nada se desenham os monstros pavorosos, de não ter colo nem pertença.
Estremunhado a meio da noite escura, qual heróico cavaleiro do apocalipse, o meu menino salta da cama, e com a bravura dos insanos atravessa os corredores das sombras, e as portas dos murmúrios. Num salto aninha-se ao meu lado de olhos esbugalhados, exausto da demente batalha, como quem privou com a morte, nos rumores do vazio. A salvo de volta a casa, o meu amor.
A música pop deve servir de voz a esta (Deolinda) aflição? Errado. Desde quando é que a pop serve para pedir segurança e estabilidade, vidas burguesas e deprimentes, em escritórios e armazéns, com contratos vitalícios e subsídios de férias? Ainda sou do tempo em que os Oasis cantavam "is it worth the aggravation to find yourself a job when there's nothing worth working for?" Francisco Mendes da Silva.
Eu sou mais velhote...
Back in New York City, um hino de revolta precursor do estilo "punk rock" numa interpretação de Peter Gabriel com os Genesis. Apesar da má qualidade da gravação pirata extraída dum concerto da tournée Lamb Lies Down on Broadway (que passou por Cascais em Março de 1975) vale a pena pela raridade.
Back in New York City - by Genesis
I see faces and traces of home back in New York City So you think Im a tough kid? Is that what you heard? Well I like to see some action and it gets into my blood. The call me the trail blazer-Rael-electric razor. Im the pitcher in the chain gang, we dont believe in pain cos were only as strong, as the weakesst link in the chain. Let me out of Pontiac when I was just seventeen, I had to get it out of me, if you know what I mean, what I mean.
You say I must be crazy, cos KI dont care who I hit, who I hit. But I know its me thats hitting out and Im not full of shit. I dont care who I hurt, I dont care who I do wrong. This is your mess Im stuck in, I really dont belong. When I take out my bottle, filled up high with gasoline, You can tell by the night fires where Rael has been, has been.
As I cuddled the porcupine He said I had none to blame, but me. Held my heart, deep in hair, Time to shave, shave it off, it off. No time for romantic escape, When your fluffy heart is ready for rape. No! Off we go.
Youre sitting in your comfort you dont believe Im real, You cannot buy protection from the way that I feel. Your progressive hypocrites hand out their trash, But it was mine in the first place, so Ill burn it to ash. And Ive tasted all the strongest meats, And laid them down in coloured sheets. Who needs illusion of love and affection When youre out walking the streets with your mainline connection? connection.
As I cuddle the porcupine He said I had none to blame, but me. Held my heart, deep in hair. Time to shave, shave it off, it off. No time for romantic escape, When your fluffy heart is ready for rape. No!
I see faces and traces of home back in New York City So you think Im a tough kid? Is that what you heard? Well I like to see some action and it gets into my blood. The call me the trail blazer-Rael-electric razor. Im the pitcher in the chain gang, we dont believe in pain cos were only as strong, as the weakesst link in the chain. Let me out of Pontiac when I was just seventeen, I had to get it out of me, if you know what I mean, what I mean.
You say I must be crazy, cos KI dont care who I hit, who I hit. But I know its me thats hitting out and Im not full of shit. I dont care who I hurt, I dont care who I do wrong. This is your mess Im stuck in, I really dont belong. When I take out my bottle, filled up high with gasoline, You can tell by the night fires where Rael has been, has been.
As I cuddled the porcupine He said I had none to blame, but me. Held my heart, deep in hair, Time to shave, shave it off, it off. No time for romantic escape, When your fluffy heart is ready for rape. No! Off we go.
Youre sitting in your comfort you dont believe Im real, You cannot buy protection from the way that I feel. Your progressive hypocrites hand out their trash, But it was mine in the first place, so Ill burn it to ash. And Ive tasted all the strongest meats, And laid them down in coloured sheets. Who needs illusion of love and affection When youre out walking the streets with your mainline connection? connection.
As I cuddle the porcupine He said I had none to blame, but me. Held my heart, deep in hair. Time to shave, shave it off, it off. No time for romantic escape, When your fluffy heart is ready for rape. No!
Ponhamos as coisas em bom português caro Francisco: na última reunião de Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em Bruxelas em 31 de Janeiro, foi rejeitado um projecto de resolução condenando as atrocidades recentes contra as minorias cristãs no Egipto e no Iraque. Apesar da maioria dos actos de violência religiosa nos últimos anos serem perpetrados contra os cristãos, o Alto Representante da UE Lady Catherine Ashton afirmou que seria politicamente incorrecto explicitar a identidade da religião.
Esta Europa não é minha, nem estes ministros me representam.
Mais logo vou ao hotel Cidadela votar nos delegados ao congresso do CDS de Cascais. A manhã, passei-a em sossego, refugiado na cozinha entre a leitura dos jornais e a confecção dum belo Bacalhau à Gomes de Sá segundo a Maria de Lurdes Modesto, uma receita muito em voga no tempo dos nossos avós. Enquanto o Louçã, digo, a cebolada frigia banhada em azeite, o fiel amigo repousava demolhado em leite. Na culinária como na vida o diabo está nos detalhes: as batatas foram cozidas com casca, mas no fim faltaram-me umas azeitonas em condições e o raio da salsa tinha pouco sabor. Mas o almoço foi um sucesso, a rapaziada gostou da graça e ainda tive a oportunidade lhes citar umas linhas da crónica d’hoje do Vasco Polido Valente. O tema é sobre o devaneio que é o Bloco de Esquerda, fenómeno que proporciona a um inveterado conservador como eu ser complacente com os índios de Jerónimo.
A história da senhora D. Augusta Duarte Martinho é toda ela uma macabra parábola sobre a cidade, a de cimento e a outra, dos homens, que vimos construindo na ilusão de civilização. De todas as responsabilidades que haja a apurar, do ministério público, à polícia, aos vizinhos ou familiares, não me parece que alguém se possa pôr de fora desta trama. Acusar uma "sociedade doente", é a melhor forma de cada um se descartar da sua cumplicidade. A “sociedade” em si é inimputável. Mas não as pessoas que a compõe, com as suas escolhas e atitudes. Com que se moldam e arquitectam vidas, algumas que degeneram em sofrimento e solidão, e que se finam todos os dias abandonadas num apartamento qualquer perto de nós. Mais perto do que queremos acreditar: só quem anda muito distraído se surpreende.
Anda por aí no facebook um "movimento" que quer pôr um milhão na avenida da Liberdade contra a classe política. Não sei se querem dar o poder aos militares, aos metalurigicos ou ressuscitar o Dr. Salazar. O disparate sempre foi bastante democrático e esta inaudita época da tecnologia e do conforto, trouxe consigo o fenómeno da participação cívica virtual, dos "grupos" e "petições" online, para todos os gostos causas e feitios. Entre a colheita dumas couves no Farmville, a aceitação dum convite a um evento que nunca irá, o cidadão, à distancia dum clique adere a um qualquer grupo contra a pesca à linha, e torna-se fã dos Pandas orfãos ou duma outra qualquer causa digital. É a ilusória cidadania de rabinho sentado, a militância com o esforço dum dedo e três neurónios, tão anódina quanto estéril. A questão cada vez mais pertinente, é saber o que é que cada um de nós está disposto a FAZER pelo País... depois de saír da frente do computador.
Em detrimento da designação de sexo, a prosaica condição biológica diferenciadora do homem e da mulher, vem vingando a “ideologia do género”, fundamentado nos gostos sexuais, um conceito que alguns pretendem plasmado na Constituição da República: onde é consagrada a igualdade entre “homem e mulher”, passaria para igualdade dos (muitos) “géneros”. Eu bem devia ter desconfiado no que isto ia dar, quando nos anos 70 a moda do falsete chegou à música POP. A seguir urge corrigir os milénios de alienação e preconceito, fundindo ou desmultiplicando os obsoletos balneários, camaratas e WCs equivocamente divididos em femininos e masculinos segundo a nova ordem, finalmente liberta do jugo da biologia.
Depois de meses de sombrio inverno, estes primeiros dias de sol sobrevalorizados pela escassez sabem como uma dádiva divina: desfolha-se-nos logo a alma, aliviamos os agasalhos e afoitamo-nos em romagem à beira-mar. Hoje pela manhã, o mar gélido e bravio de tanta invernia trepava zangado o paredão como que reclamando o seu território ameaçado. E como eu gosto de soltar as crianças e de me esquecer na esplanada a ver as pessoas, uma feira de caras e expressões, de trajares e restos de conversas, por entre um café e as páginas do jornal.
Recebi ontem na volta do correio um cheque no valor de 70,20€ referente à primeira remuneração duma conta de Adsense do Google, esse sistema de links temáticos aí na barra lateral, que activei há quase dois anos no blogue do Centenário da República e mais tarde aqui no Corta-fitas. Demorou mas arrecadou: isto significa que alcançámos finalmente a receita de 100 Usd. em cliques, a quantia base que a empresa americana definiu para encontro e liquidação das contas.
É assim que, após séria reflexão e algumas conversas, tenho o grato prazer de anunciar que a verba servirá integralmente para apoiar a Associação Vale de Acór uma IPSS sem fins lucrativos que trabalha desde 1994 na recuperação de toxicodependentes. Uma migalha para as necessidades deste ousado projecto que vem devolvendo a dignidade e um sentido para vida a tantas pessoas reais. Acredito que assim se recompensam com justiça todos aqueles que dão vida a estes blogues colaboradores e leitores. Obrigado a todos.