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João Távora

Tenham medo... muito medo!!!

 

 

O Diário de Notícias titula em manchete de capa que “a Extrema-direita activa em Portugal preocupa a Europol” e eu tremo de medo. Medo que uns quantos manifestantes de cara tapada invadam e escaqueirem uma qualquer esplanada a favor das vítimas da exploração capitalista, contra a perigosa ameaça liberal, medo que violem a propriedade privada para a instalação de clubes recreação psicadélica e comunidades alternativas, que incentivem à revolução contra os ricos e o governo eleito pela partidocracia, medo que se ponham para aí a queimar automóveis “de marca”, bancos e representações comerciais imperialistas, e que suportem movimentos terroristas na América do Sul ou "ditaduras do proletariado" como a Coreia do Norte. Tremam de medo da extrema-direita.

Nós só queremos ver Lisboa a arder *

 

 

 

Quando a notícia de capa dum jornal chamado “de referência” sobre a efeméride do 25 de Abril é a discutível opinião das esquerdas na oposição sobre o discurso do Chefe de Estado no parlamento, está tudo dito. Dá ideia que o pessoal lá na redacção não descansa enquanto não tiver a malta na rua, uns bancos, carros e lojas a arder para fazer uns bons bonecos e manchetes. Ou então que aqueles que compram jornais se reduzam cada vez mais a um nicho de carolas masoquistas, agências de comunicação, gabinetes partidários, quadros do Estado e professores reformados.

 

* "Palavra de ordem" de uma claque de futebol do norte.

 

 

Vinte e cinco

 

Não podemos esquecer que nos dias seguintes à revolução dos cravos iniciou-se uma encarniçada luta pela Liberdade, que teve o seu auge a 25 de Novembro de 1975, mas que ainda hoje perdura, e perdurará enquanto imperar nas sombras e às claras uma casta omnipotente que se considera herdeira duma superioridade moral em relação aos demais. O sequestro da Direita, ainda hoje envergonhada da sua natureza e ideias. 

Ao cabo de trinta e oito anos deveria ser uma evidência que o socialismo, nas suas várias adaptações e intensidades, não é a única receita para a resolução dos problemas dos portugueses. De resto, aprender a conviver de igual para igual com os que pensam de maneira diferente é, neste País ainda hoje, uma longínqua meta civilizacional, o “25 de Abril” que nos falta cumprir e que acredito um dia nos redimirá. 

Après moi le déluge

  

É lamentável que os numerosos “pais da revolução” (que falta faz uma mãe para serenar as excitações), alguns politicamente activos nos últimos anos, não tenham tomado uma posição assim assertiva quando, numa criminosa gestão política, percorríamos o caminho da insustentabilidade financeira que nos atirou para este atoleiro de miséria. Aos militares de Abril não sei, mas a Mário Soares certamente não seria suposto explicar que o dinheiro não nasce nas paredes dos multibancos, já que ele foi primeiro-ministro de dois resgates financeiros pelo FMI, em 1977 e 1983, tempos de austeridade e miséria, ocasião em que foi politicamente vilipendiado pela habitual aliança entre a extrema-esquerda e os sindicatos, mobilizados para incendiar a rua e restabelecer o seu processo “revolucionário” interrompido.
Estranho pois como gente com responsabilidades, sabendo o que está em jogo no acordo com a Troika, prefira capitalizar protagonismos estéreis com atitudes incendiárias. Après moi le déluge, ou apenas um fenómeno de senilidade?

A glória disputa-se nas luzes da ribalta

 

 

Ontem em Alvalade perante o At. Bilbau assistimos a uma das melhores exibições da equipa do Sporting nesta época, definitivamente transfigurada pelo carisma do treinador, que teve o mérito de contagiar o balneário com a raça e determinação de quem tem genuíno coração de leão. Sá Pinto recuperou a motivação e restaurou auto-estima duma equipa de rastos, com um discurso que é um verdadeiro manual de boa comunicação, com resposta pronta, focada e sóbria, numa mistura mágica de inteligência, ambição, humildade… e um indisfarçável prazer que resplandece no brilho dos seus olhos. Uma aposta vencedora.

Finalmente, independentemente do resultado que saia desta meia-final, o jogo de ontem à noite recoloca o Sporting no luminoso palco a que pertence: o relvado. Assim se devolve o protagonismo aos verdadeiros artistas, a equipa técnica e os jogadores, que se vêm transcendendo, solidários e resolutos, devolvendo para a bancada e para o universo leonino o sentimento que resgatará o clube: um enorme orgulho e felicidade de sermos diferentes, de sermos do Sporting Clube de Portugal. Perante isto, aos dirigentes, exige-se que tenham juízo. Aos oportunistas que se retirem para os seus sombrios buracos. 

 

Publicado originalmente aqui 

 

Imagem daqui

Ser ou não ser...

O eleitor do CDS mais fiel é aquele que vota por princípios. Aqueles que agora estão em crise. Filipe Anacoreta Correia 

 

Acontece que não é só a economia, estúpidos! O crescimento dum sentimento de revolta, de epifenómenos de extrema-direita e do alheamento pela política por uma parte cada vez mais significativa da população, são factos intimamente ligados com a falta de coragem da Direita democrática em assumir os seus valores naturais: na ânsia de conservar o poder sendo aceite pela cultura dominante nos media, ela domestica-se à Esquerda, agrilhoada num discurso filosoficamente anódino.
Insisto que ao CDS exige-se um especial cuidado com a sua identidade axiológica pois ele arrisca-se a ser redundante, pelo simples facto de disputar o mesmo espaço político do PSD. 

Alcançada a maioria absoluta alternativa ao desastroso governo Sócrates afirmei o meu desejo de que a direcção do CDS pugnasse por um rigoroso respeito pelo seu ideário, que interpretasse a sua ascensão ao poder como uma oportunidade de afirmação do seu património ideológico; conservador, personalista e cristão, enquadrando-se desse modo ao duríssimo programa económico que está destinado a implementar. Com o inevitável degradar da situação política e o consequente desgaste da governação, a alternativa que sobra ao partido é pugnar pelos seus valores humanistas, tão ferozmente agredidos pelas duas últimas fracturantes legislaturas. Jamais uma “evolução” para a diluição. 

 

Sobre esta matéria ler ainda:

 

José Ribeiro e Castro na Avenida da Liberdade  

 

Filipe Anacoreta Correia no Cachimbo de Magritte 1

 

Filipe Anacoreta Correia no Cachimbo de Magritte 2

 

Filipe Matias santos no Senatus

 

Filipe Anacoreta Correia no Cachimbo de Magritte 3

 

 

O inferno de Seguro

 

Sabemos bem como os “aparelhos” partidários são implacáveis no cumprimento da sua vocação natural, que é o poder: sem contemplações, a empresa é pragmática e cega em concessões "laterais", quantas vezes aos princípios, ideias, Causas e até à Pátria. O mais das vezes essas matérias ingratas servem só para a “construção duma narrativa” entretanto entregues a uma reserva de idiotas úteis que escrevam nos jornais, nos blogues ou falem na TV. É a vida.

Vem isto a propósito da sobrevivência de António José Seguro à Páscoa que tudo indica está garantida. A oportunidade que a História lhe concedeu aparentemente era a do cordeiro a imolar para o oblívio dos pecados de seis anos de desgovernação socialista. Mas tudo indica que não sobreviveria ao destino duma normalíssima liderança “intercalar”, se a factura da perda de soberania nacional e o acordo da Troika não estivesse diariamente a martelar a consciência portugueses, cujos brandos costumes vêm sendo postos à prova: basta andarmos com os olhos abertos para ver como a pobreza grassa na nossa comunidade, impreparada e dependente dum benemérito Estado falido.
Por tudo isto o Partido Socialista necessita urgentemente do definitivo enterro do socratismo, dum luto que se prevê  doloroso e porlongado. A ressurreição do PS certamente demorará muito mais do que três dias e a Seguro resta-lhe ter paciência, cujo significado etimológico significa “saber esperar”… nas chamas do inferno que são os compromissos do seu partido para com o resgate de Portugal. E resistir ao voraz e implacável "aparelho". É obra.  

 

Créditos da imagem aqui