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João Távora

Cantando espalharei por toda a parte...

 

"A barra da minha saia

Foste tu que a queimaste
Com a ponta do cigarro"

 

Emissora Nacional - Repartição dos serviços de produção
(gravação de dentro para fora - Sem informação 1940/1950)

 

Autor: Jorge Alves

Emissora Nacional Serviço de Gravação

78 rpm Junho 1948

Jornalismo de causas

A reportagem sobre a greve no Primeiro Jornal, o noticiário da hora do almoço da SIC generalista constitui em si uma parábola dos tempos vertiginosos que vivemos. Provavelmente à falta dos serviços da Lusa, os incidentes com os piquetes de greve na Carris foram ilustrados com filmagens de telemóvel retirados do site do Partido Comunista Português. A peça fecha com chave de ouro quando a magnânima repórter sugere a um talhante de S. Bento que não concorda com a greve como forma de luta, a alternativa das "manifestações como no Brasil”. 
Como inevitável conclusão, fica que a greve está a ter um significativo sucesso na Função Pública e nas empresas do Estado. Para os portugueses em geral é só mais um dia difícil. 

 

Sair do euro

Não vale a pena iludir o essencial: no actual estado da arte, a esquerda em Portugal está tão bloqueada como a direita - e está longe de se afirmar como alternativa consistente ao status quo.” Este assomo de realismo pertence a Ana Sá Lopes no editorial de hoje do jornal i, que se entorna às tantas para a questão levantada na entrevista ao Eurodeputado Rui Tavares que defende a criação de novo partido à esquerda “expurgado dos complexos” que conseguisse alianças à esquerda num consequente “corte com a Troika” (leia-se a saída do Euro). Até pode vir a ser uma inevitabilidade, mas não se pode vender como boa a saída do euro cujas consequências são um inferno extremamente difícil de gerir em democracia - uma ideia que por isso mesmo tanto atrai as franjas necrófagas à direita e à esquerda. A solução deste imbróglio não é uma questão de pessoas ou de discurso, é um problema sério para a democracia. O sonho dourado de qualquer revolucionário, nacionalista, marxista ou trotskista.

 

Não, não é uma questão cromática

 

As avenidas e praças do mundo podem encher-se de protestos contra o inimigo, contra o sistema, contra o governo, contra os partidos do governo, contra os gastos e contra os cortes, mas nunca contra a Esquerda. O ambiente de intolerância, o ódio e o medo (sim, o medo do Daniel Oliveira) são instrumentos legítimos, mas nunca contra Esquerda. Só se começa a sentir apreensão e ouvir vozes indignadas, não quando os manifestantes incendeiam bancos ou multinacionais (destroem emprego), não quando vandalizam monumentos ou vilipendiam símbolos ou instituições, mas quando o povo “contra os partidos” queima bandeiras… vermelhas. Isso nunca, toca a rebate, que a democracia está ameaçada. A da esquerda, que é a que importa. Sim, eu conheço muito bem este filme. 

 

Imagem e notícia daqui

Os cristãos e a política

É sempre com alguma estranheza que constato que a maioria dos católicos parece preferir viver distante da acção política. Apesar disso, não deixam de se alvoraçar com algumas decisões tomadas - cada vez mais distantes dos seus valores. Assim se vão entrincheirando, desistentes, justificando a rendição com a impotência de cada um para debelar as mais fantásticas teorias da conspiração e todo um cardápio de obscuros adamastores inexpugnáveis. 
Se é certo que os católicos nos dias de hoje já não possuem a representatividade de outrora, parece-me que em Portugal constituem ainda uma força social significativa, provavelmente mais informada e convicta do que noutras eras. Para mais, acredito que o sentido filosófico e existencial que representam constitui uma referência decisiva, e necessária, na sociedade actual, crescentemente enleada em tão profunda crise. 
É nesse sentido que interpreto a exortação do Papa Francisco aos cristãos para que se envolvam na política, considerando-a uma forma de caridade. De facto, talvez o pouco empenho dos cristãos contribua decisivamente para a má reputação das organizações políticas. "É muito fácil culpar os outros", referiu.
É inspirado por este sentido de serviço que estou envolvido na vida política, no caso, partidária, tentando, com o meu modesto contributo reconhecer-me um pouco mais no País a que pertenço e de que me sinto parte. E no próximo congresso do CDS defender uma Moção que com orgulho sou subscritor. Porque a esperança é a última a morrer.

Canção Nova


Uma "Canção Nova" de 1923 é uma contradição de termos... esta é interpretada por uma esquecida cantora portuguesa chamada Marimélia (no entanto com reportório considerável na editora mericana Brunswick), pertence à revista Lua Nova, de Ernesto Rodrigues, F. Bermudes, João Bastos, Henrique Roldão e Alves Coelho. 

Dia de Portugal Real

Como já foi referido em baixo pelo meu amigo João Afonso Machado, aconteceu no fim-de-semana passado no Alto Minho à revelia do país mediático e da opinião publicada: foi por ocasião do 161º aniversário da Associação Empresarial de Viana do Castelo, que com o apoio das Reais Associações do Alto Minho Real e de Braga, a Casa Real Portuguesa na pessoa de SS AA RR os Duques de Bragança apadrinhou uma série de eventos que animaram as populações de Ponte de Lima, Viana do Castelo e Arcos de Valdevez, numa mostra do que de melhor e genuíno se produz nesta nobre e tão bela região de Portugal. Com o céu cinzento e entre chuviscos e tímidas abertas, foram as forças vivas locais e as gentes da terra que imprimiram radiante cor e na alegria do seu profundo sentido de pertença. A manhã de Sábado foi vivo exemplo disso numa cidade de Viana cujo comércio se engalanou para receber D. Isabel e D. Duarte de Bragança que não se pouparam ao contacto com os lojistas que faziam questão de os felicitar dentro de portas. Depois da recepção no Museu do Traje pelo presidente da câmara da cidade, particularmente emotivo foi a passeata dos Duques de Bragança pelas ruas da cidade num banho de afectuosa multidão e o almoço em Santa Maria de Portuzelo de beneficência em favor da Casa dos Rapazes, Instituição Particular de Solidariedade Social que desde 1952 se dedica à protecção da infância, que juntou mais de duas centenas de beneméritos naquilo que também foi uma mostra de produtos e artesanato do Alto Minho.
Sem assobios, protestos ou “grandoladas” esta visita da família real portuguesa ao Alto Minho, relembra-nos que há um Portugal de têmpera que esforçadamente trabalha e se reinventa indiferente às fantasias fracturantes de Lisboa. Um Portugal com os pés na Terra e de alma imensa.  

 

 

 

 

 

 

Religação

De onde nos pode vir a serenidade e energia senão do desprendimento das questiúnculas terrenas, da certeza de que à partida estamos todos derrotados e que ao pó retornaremos? A mesma certeza que nos indica que o desafio determinante compete ao Espírito no encontro intemporal com o Criador.



Le Temps des Cerises

"Le Temps des Cerises" é uma canção de 1866 letra de Jean-Baptiste Clément, e música de Antoine Renard muito associada à Comuna de Paris de 1871. Este é um cilindro de cera de Edison  muito deteriorado (ouve-se melhor a partir do meio para o fim) produzido em França entre 1901 e 1905.

A via revolucionária

 

No dia que o governo completa dois anos de sobrevivência num contexto político e económico particularmente severo, sabemos por esta sondagem que apesar dos sacrifícios que se nos vem sendo exigidos, a maioria dos portugueses deseja que termine a legislatura. Mas não é essa a sensação que fica ao "auscultarmos os ventos" - o que diga-se, não é um método muito fiável de aferir a vontade popular. 
Nesse sentido é para mim um espanto a capacidade de atracção mediática dos grupelhos de protesto “espontâneo” que se desmultiplicam promovidos pelas estruturas dos sindicatos ou partidos da esquerda radical. É extraordinário como meia dúzia de profissionais do tumulto se arvoram representar a maioria dos portugueses no desejo de demissão de um governo a meio de um mandato. É muito perigosa a pretensão terceiro-mundista de que a legitimidade de um governo está sistematicamente em causa, seja ao sabor das sondagens ou de acordo com a agenda de cada grupo que pretenda o assalto ao poder através da rua, tentação só possível num país em que se cultiva o descrédito das já de si tão frágeis instituições políticas. De resto, fica por saber a quem interessa a destruição e o caos que sempre causaria ao País a via “revolucionária”. 

 

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