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João Távora

Autárquicas 2013 - Pediram uma leitura nacional?

 

- Em Lisboa a abstenção rondou os 55%. Em Cascais, o meu município, a abstenção "venceu" com 62%.. Um muito lamentável sinal dos tempos do qual urge tirarem-se ilações.

- O pândego do António Costa se se abstiver de disputar as aspirações de Seguro tem o tapete vermelho para a se bambolear dez anos como presidente da república. Ai apagada e vil tristeza, Pátria minha.

- De pouco serviu um mês de holofotes e generoso patrocínio mediático sobre João Semedo e Catarina Martins em Lisboa, a reclamarem uma "leitura nacional" para os resultados autárquicos. Pois aí está a "leitura nacional": o Bloco de Esquerda desapareceu do mapa, representa pouco mais de 2,5% do eleitorado.

- Uma "leitura nacional" por certo também não interessará nada a António José Seguro. Dois anos de severa austeridade e duma tremenda inabilidade na gestão dos candidaturas autárquicas de Lisboa Porto ou Sintra por parte do PSD, o Partido Socialista não se destaca eleitoralmente como alternativa ao governo de Passos Coelho.

Um outro fado de Lisboa

  

“Muitos estão prontos a ‘rasgarem as vestes’, diante de escândalos e injustiças – naturalmente cometidos por outros -, mas poucos parecem dispostos a actuar sobre o seu coração, a sua consciência e as próprias intenções (…)”

Bento XVI

 

 

 

Talvez inspirado pelo instinto de sobrevivência, admito que sou um cândido optimista, mas o facto é que me perturbou a notícia de que Lisboa ganhou recentemente o título de cidade menos honesta: tal foi o resultado do teste feito pela Reader’s Digest em 16 cidades onde os seus repórteres andaram a “perder” carteiras em "parques, centros comerciais e passeios” recheadas com dinheiro e documentação suficiente para poderem ser devolvidas. Pois então, se em Helsínquia onze das doze carteiras foram devolvidas, em Lisboa apenas uma logrou tal destino! E não me venham cá com argumentos economicistas, justificando a desonestidade com a diferença do PIB entre as cidades, porque em Bombaim, na Índia, foram devolvidas 9 em 12.
Enfim, quem ouve nos cafés ou redes sociais os protestos contra a desonestidade dos governantes e corrupção dos políticos, quase chega a acreditar num país dividido entre uma virtuosa sociedade civil e uns quantos criminosos que se decidiram por uma carreira pública ou simplesmente pela militância partidária, que se concentram particularmente nos corredores dos tribunais, ministérios e no hemiciclo de S. Bento. Mas não, pela minha parte eu não necessitava duma brincadeira destas para acreditar no pior dos diagnósticos: o maior problema de Lisboa e de Portugal é colectivo, somos nós os portugueses e o nosso transversal grau de incivilidade e sentido de honra. 

Foxtrot

 

 

"I'll Say she Does" pelo All Star Trio gravado em 1919 para a Victor HMV é um primitivo Foxtrot, uma música de dança popularizada depois da I Guerra Mundial e com o seu auge na louca década de 1930 quando era tocada pelas célebres “big bands”. É curioso como as editoras discográficas rotularam os primeiros discos de “rock and roll” como sendo foxtrot, um ritmo inicialmente mal recebido na Europa, onde foi visto como uma perniciosa “americanada”.

Kiddyphone

Este disco para crianças, do princípio dos anos 30, vale também pela originalidade do rótulo e pelo tamanho muito reduzido 6" polegadas (os "singles" têm, 7").

Um país inSeguro

O tom radicalizado assumido por António José Seguro reforça a minha ideia de que o PS envereda por caminhos escusos na sua estratégia de assalto ao poder, que fragilizado, arrisca um dia destes lhe caia ao colo. Se esse discurso de desespero satisfaz o aparelho do partido e as franjas mais à esquerda do seu eleitorado que acredita genuinamente que a ruptura com o Euro é saída válida para a crise, desconfio que a irracionalidade das reivindicações assuste o eleitorado de centro que é aquele que consubstanciaria aos socialistas uma clara vitória eleitoral. De resto, nas actuais circunstâncias o excesso de teatralização no combate político prejudica qualquer uma das partes da contenda: as pessoas da rua não só descrêem em promessas fáceis, como anseiam secretamente o termo deste ambiente de pré guerra civil e por uma solução o menos dolorosa que possível para a crise financeira em que o País mergulhou com o governo Sócrates.

Se a votação nas autárquicas não for um indicador credível desta tese, aguardemos então pelas próximas sondagens para verificar.

Stormy Weader outra vez

 

Ontem na sua crónica musical “Se as Canções Falassem” (blog desde já na barra lateral) transmitida diariamente de segunda a sexta na Antena 1, Miguel Esteves Cardoso homenageava com justiça o compositor americano Harold Arlen com uma curiosa interpretação por Etta James do seu tema "Stormy Weather", originalmente integrante da banda sonora do filme Cotton Club nos primórdios do cinema sonoro. O que poucos conhecem, e desconfio que o popular cronista também não, é esta interpretação do tema pelo próprio Harold Arlen, para a gravadora Victor, num disco His Master’s Voice de 1933. 

Modernices

 

Louis Armstrong - "Blues for yesterday" em gravação de 1949
a tocar num Perpetuum Ebner - musical 2V, de 1958 a válvulas

 

Os velhinhos discos de goma-laca mantiveram-se muito populares até meados dos anos 50, o advento da alta-fidelidade das micro espiras em vinil. Acontece que os mais modernos 78 rpm's com gravação ortofónica (eléctrica e equalizada) soam mal no gramofone de amplificação mecânica (campânula) e surpreendentemente bem num gira-discos portátil de válvulas. A performance desses aparelhos era perfeitamente adequada à amplitude de frequências gravadas dos profundos e resistentes sulcos desses discos. 

Amanhãs que cantam

 

Para memória futura, aqui está um balanço do que nos promete António José Seguro quando for 1º Ministro:

  • Vai repor o IVA da restauração em 13% 
  • Vai revogar a convergência dos sistemas de pensões 
  • Vai repor o Helicóptero de INEM em Macedo de Cavaleiros 
  • Vai rever a organização das freguesias

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