Em conversa há alguns dias alguém me dizia que a catalogação Esquerda e Direita no espectro da política já não fazia sentido. No meu entender ela mais do que nunca é necessária, assim haja espaço para a pluralidade de perespectivas e que eu saiba os conservadores ainda se sentam no lado direito da bancada parlamentar. O que melhor define a Direita no meu entender, não é tanto a questão da economia mais ou menos liberal, é antes a convicção de que é com uma atitude conservadora que se alcança o verdadeiro progresso. Porque são os indivíduos livres, na sua imensa complexidade e contradições, com os seus desejos, frustrações e atitudes que, de forma orgânica, operam na realidade social e económica. Ao contrário, a esquerda tende a desculpabilizar as pessoas, imputando as responsabilidades pelo status quo ao "sistema", uma entidade abstrata, convenientemente diabolizada. De nada serviu matar o rei, a realidade impôs-se e as coisas só pioraram.
É nesse sentido que a Direita deve desconfiar do construtivismo social, a pretensão da mudança de hábitos e costumes por decreto de uns quantos "iluminados". Porque não se legisla o amor, a honestidade nem o empreendedorismo - factores decisivos para um Mundo melhor. Os decretos políticos são sempre soluções ortopédicas que no imediato pouco interferem com a realidade, e está comprovado que o estoicismo é atributo que hoje em dia não se vende bem - ninguém mais quer vestir a pele do casto e magnânimo Cavaleiro Branco.
Depois, não se promulga o desenvolvimento de uma Nação, este depende das escolhas e atitudes das pessoas que a constituem, com a sua história ou falta dela. Curioso como na sua origem etimológica, a palavra “revolução” (revolutĭo, - ōnis) nada tem a ver com "progresso" antes significa "rotação" o retorno para o ponto de partida. Por exemplo, não se pode andar duzentos anos a promover o Individualismo e o Hedonismo, enquanto ao mesmo tempo se combate a Religião e a Aristocracia, e virem depois (agora) os poderes políticos aflitos exigir resultados rápidos de um decreto contra a crise da natalidade. Tal como não é possível imobilizar a marcha de um longo e pesado comboio em cinquenta metros, vai demorar muito tempo a travar a decadência do Ocidente democrático.