Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

João Távora

Viva Portugal!

O bom que se retira da nossa presença fase de grupos do Mundial do Brasil é que a partir de amanhã os portugueses vão fazer das suas vidas tudo aquilo que exigem aos jogadores da Selecção Nacional. 

Rapsódias de Fado

Sobre o fadista Lino Teixeira que se redescobre neste disco de 1929, ficamos a saber através de uma entrevista de J.O. Vidal num número do Jornal "Guitarras de Portugal" de 1932 encontrada aqui, que era um “cantador dos mais antigos, dos mais fadistas e dos mais conscientes”, um homem de aspecto “esguio, magro, negro” de feitio ”sempre falador”. Nascido num meio ligado ao Fado, acompanhava-se a si próprio à guitarra, instrumento que conheceu desde muito novo, por via de um tio com o mesmo nome. Influenciado por nomes como Júlia Florista e Manuel da Mota, o versátil artista não só cantava “à fadista” sem “pieguices” como versejava pela própria pena, tendo obtido um prémio do Diário de Lisboa por conta duma quadra. 

Nessa entrevista, é curioso como Lino Teixeira assume ter sido o “momento mais emocionante da sua vida” a primeira vez que gravou a sua voz, que dessa forma “perduraria através de longos anos” (!!!). Com mais de 14 discos gravados à época para as casas Brunswick e Odeon, Lino Teixeira não esconde o orgulho de ter sido sempre bem pago por isso, “pois embora sinta mais o Fado quando canta de livre vontade, não está disposto a deixar-se explorar em benefício dos exploradores da Canção Nacional”. Com incursões no fado humorístico, foi consagrado numa modalidade de Fado inédita, as rapsódias (das quais aqui partilhamos a nº 1 e nº 2), “um número interessante, com variante de que o público gosta mais do que ele.”

Assim se resgata mais uma voz ao baú do esquecimento – ora escute.

 

Publicado originalmente aqui

Proclamação

 

Acabo de chegar dos estúdios da CMTV o canal 8 da MEO onde estive a comentar a grandiloquente proclamação de Filipe VI como rei de Espanha no programa da Maya (entre as 9,30 e as 10,30). Descartei-me logo da parte protocolar e das mexericos, temas para os qual não estou vocacionado, tentei focar-me nas questões políticas e evidenciar os contrastes entre uma monarquia constitucional moderna como a espanhola e o modelo de chefia de Estado republicano em Portugal. falei com orgulho da Causa Real em que milito e da Casa Real Portuguesa que tanto estimo. 

De resto, e propósito do mesmo assunto, aqui partilho o meu artigo no jornal i.

 

Junho

Tem boa onda o mês de Junho - é tempo de escola cumprida, promessa de grandes férias grandes ainda por desvendar. Junho é mês de feriados e arraiais, com fumo de assar sardinhas e cheiro a farturas com canela, sangria gelada em noites retardadas por um sol arrogante num desaforo de cores nos limites da decência. O mês de Junho desponta o corpo destapado do inverno que já toma a temperatura ao oceano: submerge com os primeiros banhos de praia num engano de emancipação, logo dissipada como a espuma duma cerveja ao final dum Domingo. Depois há toda esta comunhão planetária, euforia partilhada do futebol em horas impróprias. Uma crescente ilusão de irmandade global de afectos, como num anúncio de chuteiras em que se junta o mundo inteiro nos olhos fundos duma criança. Ou de como o chuto numa bola rasgando o espaço interrompe uma guerra, adia os negócios, diverge os amantes, acelera os corações e suspende as marés. Com alguma sorte entramos em Julho de cabeça nas nuvens.  

Os antípodas

 

Não sendo por manifesta má-fé, custa muito a entender a escolha feita por Ana Lourenço pelo contestatário Frei Bento Domingues para comentar a extraordinária entrevista de Henrique Cymerman ao Papa Francisco que ontem à noite passou na SIC Notícias. Outra hipótese é que a ideia da jornalista fosse saleintar dessa forma o carisma generoso e inclusivo do Papa por oposição ao sectarismo ressabiado do comentador. Se da histórica entrevista ressalta a extraordinária vocação do Papa para abrir janelas, criar pontes, fomentar o encontro, de Bento Domingues não se pode dizer o mesmo: colando-se ao discurso de Bergoglio, ele não evitou exibir toda a sorte de preconceitos e ressentimentos para acentuar todas fracturas reais e imaginárias existentes na Igreja de Pedro. E para que fique claro: os católicos que ele chama “de direita” revêm-se e orgulham-se deste Papa cujo coração do tamanho do Mundo devia ser uma lição para certas franjas fundamentalistas de que Bento Domingues é um triste exemplo. 

Sorte a deles

No final dos anos noventa do século passado tive a oportunidade de testemunhar em Caracas e na Ilha Margarita, onde se desenrolava uma Cimeira Ibero Americana, um dos principais argumentos a favor da chefia de Estado Real: o impacto da visita do rei de Espanha à Venezuela, ex-colónia espanhola, foi arrasador e o furor emanava das ruas engalanadas pelo povo exultante. O facto é que a instituição monárquica espanhola, através do seu prestígio, teve um papel preponderante na afirmação da grandiosa Espanha moderna no Mundo e constitui por estes dias o elemento unificador do frágil puzzle de nacionalidades que a compõe. Sorte a deles.  

Se é verdade que nos últimos anos tudo vinha correndo mal no reinado de João Carlos o facto é que todas as sondagens hoje apontam para o apoio de larga maioria dos espanhóis ao regime que foi sufragado em 1978. Nesse sentido, segundo o jornal El País, e salvo algum imprevisto, o príncipe Filipe será proclamado rei pelo parlamento espanhol com cerca de 91% votos dos deputados eleitos democraticamente. Sorte a deles.  
Ora acontece que a imprensa regimental tem dificuldade em lidar com este panorama, que é uma afronta aos preconceitos que sustentam o nosso disfuncional regime semipresidencialista e o tão perorado inquilino do Palácio de Belém eleito por pouco mais de 21% dos portugueses. E é porque sou português e vivo numa triste e falida república, com as suas instituições desacreditadas e em decadência acelerada, que este ponto me incomoda de sobremaneira: a debilidade do nosso regime contrasta com a grandiloquência da instituição real dos nossos vizinhos. E isso, por oposição, torna-nos mais pequenos e mais irrelevantes na cena internacional. É esta realidade que a generalidade dos media portugueses tem medo de encarar, preferindo salientar a marginal, posto que legítima, contestação dos republicanos em Espanha, ignorando, de um só passo, duas cruas realidades:  a de que foi a monarquia que permitiu consolidar a democracia em Espanha e de que a república se instaurou em Portugal por meios violentos e antidemocráticos. De resto, como referia há dias um amigo meu, esperemos que o novo Chefe de Estado espanhol não escolha Lisboa como sua emblemática primeira visita. Seria muito azar, o nosso.

 

Publicado originalmente aqui.

Sair do sofá

Acredito que a lista B candidata à concelhia de Lisboa do CDS liderada por Pedro Pestana Bastos, cumprirá o exigente programa que propõe. Acredito que vale a pena passarmos a palavra aos nossos amigos militantes deste que é o maior conselho do País para na próxima quinta-feira se deslocarem ao Largo Adelino Amaro da Costa e votarem na mudança. Porque com uma equipa assim é possível dar a volta