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João Távora

Box

Uma vantagem da box de TV por cabo é poder-se assistir mais tarde a debates entre comentadores e saltar a Constança Cunha e Sá, Pedro Marques Lopes, Ana Gomes ou o Carlos Abreu Amorim que por razões de saúde estou proibido de ouvir.

Presidentes

Como os meus amigos sabem sou objector de consciência no que respeita à disputa das presidenciais, mas ao ouvir com atenção Rui Rio tomei nota de como dentro da facção que representa tem um discurso bem menos equívoco que o de Marcelo.

Exílio

Ainda bem que a NASA descobriu o Kepler 452b, um planeta "gémeo" da nossa mal-amada Terra. Com a vida como está e as eleições em Outubro é bom termos uma escapatória.

Odivelas

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Ontem foi para mim uma honra e privilégio, em representação da Real Associação de Lisboa, travar contacto pessoal com a Senhora Presidente da Câmara de Odivelas. Susana Amador de forma franca e amistosa deu-nos a conhecer as dinâmicas e desafios deste grande Município e comprovou-nos (se necessário fosse), a férrea determinação com que há tantos anos batalha pela afirmação da sua tradição e história.

Fotografia Nuno Albuquerque

A tempestade perfeita

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Ao contrário das mais antigas democracias europeias, a arquitectura da república portuguesa está edificada para favorecer a conflitualidade entre instituições.

Não só as prerrogativas do “semi-presidente” da facção triunfante o convidam ao choque com o Parlamento (a sua dissolução, no limite), como o sistema eleitoral saído da nossa última revolução não favorece as maiorias, pelo contrário, promove a instabilidade política. Perante o impopular ajustamento económico que inevitavelmente se vai prolongar pela próxima legislatura, o quadro pode tornar-se verdadeiramente aterrador: imagine-se que à eleição de um governo minoritário e à proverbial incapacidade dos grandes partidos gerarem consensos, se junta um presidente lírico e “interventivo”. Para evitar uma tempestade perfeita que nos atire para uma sequela de mau gosto da tragédia grega, resta-nos confiar na sabedoria dos portugueses que várias vezes já nos surpreendeu com improváveis maiorias absolutas. Só assim se evitará o caos duma legislatura com os políticos às turras, mais preocupados com vantagens imediatas para as suas tribos que com o interesse público.

 

Publicado originalmente no Diário Económico 

Quando "governar é criar descontentes" *

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Disse-o e repito: as consequências da actuação do governo Syriza na Grécia põem em evidência o sucesso da estratégia escolhida pelo governo português nos anos de chumbo do resgate. Assentada a poeira desta dura e persistente crise, estou convicto que a História reservará um lugar de destaque a Passos Coelho pela sua coragem e tenacidade. Mas no curto prazo isso não é perceptível para a maioria das pessoas: as feridas abertas pelos efeitos colaterais do duro e inacabado ajustamento da nossa economia, que levará tempo a produzir resultados dignos de nota, condicionarão os resultados das próximas legislativas. Com erros próprios, uma comunicação social de esquerda e os condicionalismos das trágicas circunstâncias herdadas, a coligação não conseguirá evitar pagar uma pesada factura pelos mais de três anos de excepcional desgaste. 

Por tudo isto é que me parece que o PSD e CDS só ganhariam evitar qualquer espécie de triunfalismo na campanha eleitoral que se vai iniciar. Pelo contrário deveriam adoptar uma propaganda fundada na sobriedade, no humilde reconhecimento do sofrimento causado a tantas pessoas e famílias sacrificadas pelo ajustamento levado a bom termo. A implosão dum estéril modelo económico assente na construção civil, no investimento público e consumo interno nunca deixaria de causar vítimas concretas e um assustador alarme social como aquele que vivemos não há muito tempo. Não há malabarismos estatísticos nem propaganda que acelere a cicatrização dessas feridas ainda recentes. Os eleitores não deixarão de castigar a boa actuação duma governação de emergência, a que a História se encarregará de homenagear e prestar justiça.

 

* Anatole France

 

Publicado originalmente aqui

O resto é conversa

No caso da Grécia, o problema da esquerda portuguesa e das suas "antenas" nos orgãos de comunicação social, é que, o aprimorar da tragédia Grega e a solução encontrada desacredita toda a narrativa utilizada contra a estratégia (bem sucedida) do governo português no resgate de Portugal. 

Europa

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Nunca fui um incondicional europeísta, antes pelo contrário; mas uma das virtudes que reconheci à adesão de Portugal à então CEE nos anos 80 foi o facto desse projecto, chamuscados que emergíamos então do terror do PREC, constituir uma clara barragem à ascensão de projectos extremistas na política doméstica. Esse caminho garantia a conversão do regime português num modelo de democracia liberal em que os nossos filhos poderiam crescer em liberdade. É por isso muito estranho por estes dias ouvir certas vozes indignadas com o “despotismo da Europa” e o facto das instituições europeias fazerem frente às veleidades de um governo de esquerda radical da Grécia, país que nos últimos anos desbaratou de forma dramática muito do seu crédito. 

Os mal vestidos

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Durante a última semana li por aí os mais bizarros comentários daqueles que lamentam a afastamento de Varoufakis por uma maligna conspiração, personagem cuja principal sedução passava por ser sexy  e… “mal vestido”. Não é de estranhar que a adolescentocracia eleja “mal vestido” como sinal de virtude na construção dos seus mitos. Eu tenho para mim que algum Rock n’ Rol até é coisa boa no gira-discos ou pista de dança. Mas acontece que estes “mal vestidos” que tomaram o poder já não tocam guitarra e de poetas têm pouco. Atenas a arder na televisão talvez para eles seja como um festival de verão, pleno de romance e idealismo. Dá boas capas de jornais e reportagens empolgantes. The show must go on. 

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