Box
Uma vantagem da box de TV por cabo é poder-se assistir mais tarde a debates entre comentadores e saltar a Constança Cunha e Sá, Pedro Marques Lopes, Ana Gomes ou o Carlos Abreu Amorim que por razões de saúde estou proibido de ouvir.
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Uma vantagem da box de TV por cabo é poder-se assistir mais tarde a debates entre comentadores e saltar a Constança Cunha e Sá, Pedro Marques Lopes, Ana Gomes ou o Carlos Abreu Amorim que por razões de saúde estou proibido de ouvir.
Como os meus amigos sabem sou objector de consciência no que respeita à disputa das presidenciais, mas ao ouvir com atenção Rui Rio tomei nota de como dentro da facção que representa tem um discurso bem menos equívoco que o de Marcelo.
Ainda bem que a NASA descobriu o Kepler 452b, um planeta "gémeo" da nossa mal-amada Terra. Com a vida como está e as eleições em Outubro é bom termos uma escapatória.
Ontem foi para mim uma honra e privilégio, em representação da Real Associação de Lisboa, travar contacto pessoal com a Senhora Presidente da Câmara de Odivelas. Susana Amador de forma franca e amistosa deu-nos a conhecer as dinâmicas e desafios deste grande Município e comprovou-nos (se necessário fosse), a férrea determinação com que há tantos anos batalha pela afirmação da sua tradição e história.
Fotografia Nuno Albuquerque
Não só as prerrogativas do “semi-presidente” da facção triunfante o convidam ao choque com o Parlamento (a sua dissolução, no limite), como o sistema eleitoral saído da nossa última revolução não favorece as maiorias, pelo contrário, promove a instabilidade política. Perante o impopular ajustamento económico que inevitavelmente se vai prolongar pela próxima legislatura, o quadro pode tornar-se verdadeiramente aterrador: imagine-se que à eleição de um governo minoritário e à proverbial incapacidade dos grandes partidos gerarem consensos, se junta um presidente lírico e “interventivo”. Para evitar uma tempestade perfeita que nos atire para uma sequela de mau gosto da tragédia grega, resta-nos confiar na sabedoria dos portugueses que várias vezes já nos surpreendeu com improváveis maiorias absolutas. Só assim se evitará o caos duma legislatura com os políticos às turras, mais preocupados com vantagens imediatas para as suas tribos que com o interesse público.
Publicado originalmente no Diário Económico
Disse-o e repito: as consequências da actuação do governo Syriza na Grécia põem em evidência o sucesso da estratégia escolhida pelo governo português nos anos de chumbo do resgate. Assentada a poeira desta dura e persistente crise, estou convicto que a História reservará um lugar de destaque a Passos Coelho pela sua coragem e tenacidade. Mas no curto prazo isso não é perceptível para a maioria das pessoas: as feridas abertas pelos efeitos colaterais do duro e inacabado ajustamento da nossa economia, que levará tempo a produzir resultados dignos de nota, condicionarão os resultados das próximas legislativas. Com erros próprios, uma comunicação social de esquerda e os condicionalismos das trágicas circunstâncias herdadas, a coligação não conseguirá evitar pagar uma pesada factura pelos mais de três anos de excepcional desgaste.
Por tudo isto é que me parece que o PSD e CDS só ganhariam evitar qualquer espécie de triunfalismo na campanha eleitoral que se vai iniciar. Pelo contrário deveriam adoptar uma propaganda fundada na sobriedade, no humilde reconhecimento do sofrimento causado a tantas pessoas e famílias sacrificadas pelo ajustamento levado a bom termo. A implosão dum estéril modelo económico assente na construção civil, no investimento público e consumo interno nunca deixaria de causar vítimas concretas e um assustador alarme social como aquele que vivemos não há muito tempo. Não há malabarismos estatísticos nem propaganda que acelere a cicatrização dessas feridas ainda recentes. Os eleitores não deixarão de castigar a boa actuação duma governação de emergência, a que a História se encarregará de homenagear e prestar justiça.
* Anatole France
Publicado originalmente aqui
Se eu chegar junto dos meus irmãos na praça pública de peito feito a chamar-lhes nomes feios corro o risco de ser humilhado.
No caso da Grécia, o problema da esquerda portuguesa e das suas "antenas" nos orgãos de comunicação social, é que, o aprimorar da tragédia Grega e a solução encontrada desacredita toda a narrativa utilizada contra a estratégia (bem sucedida) do governo português no resgate de Portugal.
Nunca fui um incondicional europeísta, antes pelo contrário; mas uma das virtudes que reconheci à adesão de Portugal à então CEE nos anos 80 foi o facto desse projecto, chamuscados que emergíamos então do terror do PREC, constituir uma clara barragem à ascensão de projectos extremistas na política doméstica. Esse caminho garantia a conversão do regime português num modelo de democracia liberal em que os nossos filhos poderiam crescer em liberdade. É por isso muito estranho por estes dias ouvir certas vozes indignadas com o “despotismo da Europa” e o facto das instituições europeias fazerem frente às veleidades de um governo de esquerda radical da Grécia, país que nos últimos anos desbaratou de forma dramática muito do seu crédito.
Durante a última semana li por aí os mais bizarros comentários daqueles que lamentam a afastamento de Varoufakis por uma maligna conspiração, personagem cuja principal sedução passava por ser sexy e… “mal vestido”. Não é de estranhar que a adolescentocracia eleja “mal vestido” como sinal de virtude na construção dos seus mitos. Eu tenho para mim que algum Rock n’ Rol até é coisa boa no gira-discos ou pista de dança. Mas acontece que estes “mal vestidos” que tomaram o poder já não tocam guitarra e de poetas têm pouco. Atenas a arder na televisão talvez para eles seja como um festival de verão, pleno de romance e idealismo. Dá boas capas de jornais e reportagens empolgantes. The show must go on.