Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

João Távora

Lançamento do livro “Porque sou Monárquico” do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles

Convite_GRT_Pequeno.jpeg

Para mim foi uma honra especial trabalhar com o Vasco Rosa para dar à estampa este livro “Porque sou Monárquico”, uma antologia de textos políticos até agora dispersos do Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, que será a primeira publicação da chancela “Razões Reais” com que a Real Associação de Lisboa pretende fazer divulgação da doutrina e do pensamento monárquico. O lançamento deste livro será uma homenagem ao prestigiado homem de pensamento e doutrinador monárquico e decorrerá no próximo dia 4 de Outubro pelas 18,30 no Centro Nacional de Cultura e contará com as intervenções do Doutor Guilherme d’Oliveira Martins e do Arquitecto Fernando Santos Pessoa seu biógrafo e colaborador. O llivro está à venda aqui.

Catalunha

catalunha.png

Ao contrário da maior parte dos comentários que leio por aí, não entendo que o governo de Madrid perante a situação da Catalunha tenha uma saída airosa. Todas as opções possíveis são de perda, e a da negociação política para uma revisão constitucional que autorize um referendo à secessão irá abrir uma caixa de pandora que inevitavelmente a prazo comprometerá  a unidade da Espanha. Curioso é verificar como a esquerda simpatiza sempre com o nacionalismo quando este for disruptivo quanto ao status quo (revolucionário). Aliás o nacionalismo moderno (não orgânico) tem as suas raízes na revolução francesa e como sabemos é território dos mais assustadores fanatismos. Não podemos estar tranquilos.

Obrigado, João

JMS e Eu.jpg

Foi com enorme consternação que ontem dia 17 de Setembro soubemos da morte do João Mattos e Silva, que cedo de mais, sucumbiu na última batalha que lhe cabia enfrentar, desta vez contra um feroz e implacável adversário. 

O João Mattos e Silva foi dirigente da Juventude Monárquica, foi o primeiro presidente da Causa Real e mais recentemente presidente da Real Associação de Lisboa – quando me convidou a integrar a direcção e nestas andanças dei os primeiros passos. Recordarei sempre o João, para lá do amigo e companheiro, como o mais persistente dos militantes monárquicos, sempre na primeira fila dos duros desafios que a nossa Causa sempre enfrentou, independentemente do cargo que ocupava, com uma generosidade imensa. Um homem de grande frontalidade, por vezes irascível e de uma inabalável lealdade, toda a vida assumiu uma absoluta dedicação à Família Real Portuguesa. O nosso João Mattos e Silva deixa-nos um legado incontornável na história da resistência monárquica, pautado pelo seu pragmatismo político e dedicação incondicional. Estará hoje na Igreja de São João de Deus acompanhado não só pelos seus familiares e amigos queridos, mas pela bandeira que incansavelmente durante toda a sua vida ousou levantar, fruto da enorme coragem e amor à sua maior Causa: Portugal.

 Obrigado por tudo o que nos deixaste, João, ganhaste a tua luta. Até sempre.

Setembro

setembro.jpg

Em Setembro vinha o tempo de férias que sobrava e se arrastava, desenganado e indolente com o sol a baixar e as sombras a crescer, dia após dia, até chegarem as primeiras nuvens e a brisa fresca, como um prenúncio do Outono, o início das aulas, o fim da festa. Eram dias em que fazíamos da rua extensão da casa asfixiante de enfado, a jogar à bola com os outros miúdos desocupados e impacientes, perante a inquietação das mães que espreitavam à janela ansiando pelo novo ano escolar. Aquele tempo era um tempo de gloriosa imprudência em que criançada, sem medos, em pequenos bandos corria pelas ruas de Campo d’Ourique, que lhes conhecia todos os segredos, do recanto que faz de baliza para jogar à bola, aos quintais escondidos entre os prédios, os figos doces que sobejavam nos ramos mais altos da figueira – que valiam tanto ou mais que o gelado que os nossos filhos, numa pausa dum jogo de consola, vão buscar comodamente ao congelador. Aquelas tardes do mês de Setembro lembram-me a minha magnífica bicicleta verde-garrafa, altaneira em cima dos seus pneus 26’ que me obrigavam a esticar todo para chegar aos pedais. Era tempo passeatas pachorrentas ou de corridas contra-relógio entre a malta do bairro a bater recordes ali na Praça Afonso do Paço, onde o rectângulo inclinado convidava a uma pedalada desafiante na subida e estonteante na descida. 

O mês de Setembro também valia umas últimas fugidas à praia, com o areal meio abandonado, de águas tépidas e melancólicas num prenúncio da insurreição das marés vivas que nos iriam devolver de volta a casa, aos longos dias de espera pelo início das aulas que tardava. O tédio é um privilégio que as novas gerações não conhecem, entre o estímulo constante dos videojogos e os canais temáticos com aventuras e animação sem cessar – obrigava-nos a inventar, a ousar e às vezes a desatinar.
O fim de Setembro era o tempo das primeiras incursões à escola ou ao liceu, em busca dos horários e das turmas, cuja publicação tardava – tempos houve depois do 25 de Abril em que as férias se arrastaram até ao final de Outubro. Vinham as primeiras chuvas, as listas do material escolar e a ansiada visita à papelaria: lembro-me do gozo que me davam o cheiro do estojo novo, os cadernos imaculados, quem sabe uma mochila para estrear. Eram dias de um estranho júbilo que disfarçavam a melancolia do fim do Verão, a noite que cavalgava pela tarde dentro, as árvores que se despiam das folhas secas a estalar debaixo dos meus pés no caminho para a escola, nos primeiros dias de um novo recomeço, de rever outros amigos. Verdadeiramente o ano terminava gasto e envelhecido, em Setembro.

 

Dedicado ao meu filhote José Maria que por estes dias começa o segundo ciclo numa escola e vida nova.

A educação do Povo

Apresentadora.jpg

“Fonte oficial do executivo” disse ao Diário de Notícias que o “Governo vai fazer aprovar uma lei que proíbe jogos e espectáculos desportivos em dias de eleições”, uma solução à boa maneira de Kim Jong-un para educar o Povo. Agora a culpa da abstenção é do futebol? Então o Povo depois de um dia obrigatório de reflexão, não tem tempo para votar por causa de duas horas de bola? Ou o problema é das redacções dos jornais que ficam sobrecarregadas e os painéis de comentadores da TV confusos e dispersos com tanto acontecimento em simultâneo?

Não é fazendo das eleições um acto religioso que o regime se faz levar a sério e seduz a comunidade para o voto, a receita é outra, mais trabalhosa e de resultados mais lentos: fazer as pessoas sentirem-se verdadeiramente representadas pelos órgãos de soberania. E já agora, diz quem sabe que uma boa limpeza aos cadernos eleitorais também daria bons resultados na redução da abstenção.

Com “amigos” assim, quem precisa de inimigos?

scp2-615x461.jpg

Bruno de Carvalho não devia menosprezar os comentários de gente insuspeita que se têm publicado na comunicação social a propósito da malfadada entrevista que se autoconcedeu na semana passada ao canal do clube durante quase duas horas e meia. Nesta altura do mandato já duvido que servisse para alguma coisa, mas talvez fosse pedagógico obrigar o presidente a ver integralmente a gravação da sua entrevista. Eu não fui capaz, tive de mudar de canal, muito envergonhado, como se fora eu a fazer aquela figura. Este é um assunto que me incomoda verdadeiramente, que mina o meu orgulho no meu Sporting.

Depois, já sob um prisma mais acima de educação e subtileza, pergunto o que autoriza um presidente que manda construir uma estátua junto ao novo pavilhão, a gravar na pedra uma citação de si próprio se não um egocentrismo desmesurado? Terá Bruno Carvalho receio que os seus sucessores não lhe reconheçam a obra? Não teria sido mais honroso que outros o citassem um dia gratos?
Se é inegável que a gestão de Bruno Carvalho tem alcançado entusiasmantes conquistas para o nosso clube, desde logo a valorização dos activos, a competitividade da equipa principal e a consequente mobilização dos adeptos, tal não deveria autorizar a incontinência verbal do presidente que aparenta laivos patológicos, que muito o fragiliza e desacredita, e espero não chegue ao balneário – principalmente aí era importante que se preservasse a autoridade do seu cargo. Para mais, suspeito que com tanto despautério e fanfarronice, a tolerância dos adeptos em face um hipotético fracasso seja zero. Com “amigos” assim, quem precisa de inimigos?

 

Publicado originalmente aqui

Chegadas e partidas

Anos-60.jpg

 José Rentes de Carvalho discorre aqui sobre o fascínio dos aeroportos, das estações de comboios e das urgências dos hospitais. Os três são cenários de espera, de chegadas e partidas. O aeroporto exala uns laivos de euforia e mundanidade que não tem paralelo na plataforma da estação dos comboios, melancólica e proletária. De resto é nas urgências de um hospital, que a pobreza e o precário sobressaem na paisagem humana, e o olhar dos outros nos espelha despidos de máscaras e artifícios... mas com a inocência perdida.

Estranha democracia a nossa

O nosso sistema republicano faz com que o Chefe de Estado emerja da liderança de uma facção política - parece que é o que o pagode gosta, mas tal nunca foi comprovado. Nenhum dos nossos presidentes ou ex-presidentes o pretenderam disfarçar, muito menos após os seus mandatos, quando voltaram para o seio dos seus partidários sem se isentarem de intervenção sectária – Mário Soares foi disso o exemplo mais despudorado. Por isso Faz-me confusão as virgens ofendidas e a crítica cerrada à intervenção de Cavaco Silva na universidade de Verão do PSD pelos comentadores das TVs, unanimes, sem qualquer contraditório, diga-se.