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João Távora

Eduardo Nascimento

Noto com pesar a morte do cantor Eduardo Nascimento. Acontece que eu tinha uma bonita voz quando era criança, e à época com 5 anos, importado directamente da cozinha onde se ouvia telefonia (!), eu interpretava com sucesso o tema "O vento Mudou" nos jantares de família. Para lá deste insignificante dado pessoal, o protagonismo deste cançonetista negro no Portugal "colonialista" dos anos sessenta fala por si. Ontem como hoje, à maioria interessa mais as pontes do que as fracturas - só assim poderemos todos viver melhor.

Correio Real

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Aqui está a capa do Nº 20 do Correio Real, o boletim produzido pela Real Associação de Lisboa para a Causa Real, no seu 10º aniversário de existência que com orgulho celebramos nesta edição. 

O primeiro sinal de capitulação no combate cultural que travamos contra o progressismo que assola e corrói as fundações da nossa pátria é a renúncia ao ideal monárquico, à legitimidade histórica dos Duques de Bragança na representação duma nação com quase 900 anos de história.

 

António Jacinto Ferreira

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A resistência monárquica em Portugal teve ao longo dos últimos cem anos muitos rostos, a maior parte deles anónimos ou esquecidos da História. Para corrigir essa falha proponho-me recuperar os nomes maiores: Este verbete na Wikipédia é o meu tributo a António Jacinto Ferreira, publicista e fundador do semanário "O Debate" que foi editado entre 1951 e 1974. Outros se seguirão.

Bebés no lixo

Tudo bem, temos de compreender as circunstâncias miseráveis da mãe que deitou o seu bebé no lixo. Nem que seja por Acção de Graças pelo milagre que foi o resgate do nascituro (os milagres sempre existem, é bom de ver), a mãe merece toda a nossa caridade (na acepção do termo) e uma oportunidade efectiva de recuperação da sua dignidade de filha legítima de Deus. Mas daí a fazerem dela uma heroína que foi mártir do sistema vai um grande passo. A hedionda atitude tem de ser sinalizada, até porque isso é fundamental para que a sua redenção seja autêntica.

Sinal de alerta

O problema das "Fake News" é culpa das "empresas privadas" (leia-se redes sociais) que só têm em vista o lucro? Seria melhor o Estado tomar conta das redes sociais e monitorizar o comportamento dos cidadãos e atribuir-nos pontos e penalizações?
Quando o António Costa reclama que o CDS e o PSD votaram contra o serviço nacional de saúde ou quando a Marisa Matias afirma que deputados portugueses votaram contra o salvamento de refugiados no mediterrâneo, a responsabilidade é das redes sociais e do Mark Zuckerberg?
Quando um assunto como a limitação da liberdade de expressão começa a ser discutido como se isso fosse plausível temos de ficar alerta. Do que nos apercebemos é dum enorme esforço de pressão sobre estas plataformas e os seus responsáveis de modo a comprometê-los com critérios subjectivos de avaliação política aos conteúdos, de acordo com o "pensamento oficial". Afinal, num mundo global, a China é já aqui ao lado, não é?

Vida dura

Nunca contraries ao telefone uma pessoa (um cliente, por exemplo) que vai ao volante com alta voz. Pode ser que vá para longe ou esteja preso no trânsito e tenha muito, muito tempo para te moer cabeça. 

A luta continua

O socialismo é a aposta no conflito entre classes sociais (e seus derivados). O nacionalismo é a aposta no conflito entre uma nação e os forasteiros. Tem de haver qualquer coisa no meio para as pessoas razoáveis.

Sarna para se coçarem

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Extraordinária é a capacidade de atracção que têm os extremos em política, totalmente desproporcional à sua real representatividade nas comunidades. É um pouco como o fascínio que exerciam na populaça os circos de horrores do século XIX, com a mulher de barba ou o homem elefante. Na verdade, o Livre de Joacine, por exemplo, obteve em termos nacionais 57.000 votos (menos 10.000 que André Ventura), coisa que em relação aos 10.800.000 votantes significa pouco mais que 0,5%: ou seja, uma em cada duzentas pessoas com idade de votar. O facto é que nas últimas semanas a estreia destes protagonistas em São Bento domina as conversas de café, as redes sociais e a opinião publicada. Hoje por exemplo, a troca de galhardetes entre o comentador Daniel Oliveira e a deputada Guineense noTwitter (estão bem um para o outro) está em destaque no Observador.

Mas o que interessa é pôr os pés no chão: será que as preocupações de Joacine e de Ventura reflectem a realidade do meu país? Vive a Nação o perigo de desagregação e a insegurança oprime os portugueses de tal forma que receiam andar na rua com o relógio no pulso? Vive-se em Portugal um mal disfarçado apartheid e as pessoas de cor são estigmatizadas pela segregação racial? A percentagem de votos que os elegeu indica o contrário.

Pela minha parte o meu testemunho vai pelo mesmo caminho: nos sítios por onde circulo faço-o em segurança, seja na praia do Estoril onde convivem pacificamente mundos diferentes (?) como o dos turistas e das famílias em harmonia com a rapaziada que vem dos bairros periféricos mergulhar ao paredão, seja na cidade de Lisboa e nos transportes públicos em que um homem de meia-idade, de fato e gravata como eu, é tolerado sem problemas de maior – ando à vontade pela cidade e já por mais que uma vez jovens corteses me ofereceram lugar sentado nos transportes públicos, sem que na realidade eu precise. Depois há os "afro-descendentes" com quem me cruzo amiúde, seja o empregado da pastelaria com um sorriso benevolente, seja a graciosa mãe com dois filhos pequenos no banco da frente do comboio que partilhamos, ou o padre em Cascais que celebra a missa de domingo. Contrariamente ao discurso fracturante e de ódio que os extremos nos querem impingir, prevalece em mim a sensação de que somos uma nação integradora e tolerante, na qual os meus filhos têm espaço para crescer com valores hoje minoritários – que são os da minha casa. Mas essa é outra conversa, uma outra luta que dificilmente pode ser travada na arena política, porque é eminentemente cultural. A prosperidade de Portugal depende de problemas graves e complexos por resolver, mas definitivamente não são as guerras que André Ventura e Joacine Katar Moreira nos querem impingir. Mero entretenimento ou sarna para se coçarem.