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João Távora

Da exaustão

Aqui chegados, com os hospitais a rebentar pelas costuras, fartos de regras contraditórias e absurdas, oprimidos com a possibilidade de inadvertidamente sermos agentes transmissores do vírus, fica claro que a única coisa válida que o governo poderia ter feito para nosso bem, teria sido durante a bonança do Verão, a preparação de uma sólida rede médica e hospitalar reforçada com planos de contingência para o País enfrentar com os mínimos de eficiência a estação das doenças respiratórias e obviamente para acorrer às outras que são ainda mais letais que o Coronavírus. Em vez disso andaram entretidos à caça de gambozinos, à cata dos assintomáticos com que durante meses se alimentaram os relatórios da DGS e as parangonas dos jornais. Isso agora já não interessa nada. Antes como agora, incapazes de assumir a sua incompetência, o que lhes interessa é a gestão do ruído com base no medo que pressentem da rua e que os telejornais se encarregarão de ampliar.

Para sábado anunciam-se mais medidas. Obviamente espera-se o pior, que o governo tem de fazer de conta que nos protege. Apesar de sermos todos uns ingratos irresponsáveis e libertários, em democracia somos eleitores.

Açores


Tenho ideia de ter ouvido que o Chega já rejeitou qualquer hipótese de aliança com os “partidos do sistema”. Mas se eu mandasse no CDS dos Açores, convocava os partidos da direita com uma proposta concreta de coligação para apear a esquerda do poder que por lá já anda há demasiado tempo. É a governar que se faz a diferença, não é a arrotar postas de pescada. De resto, acho que a melhor maneira de lidar com os radicalismos convidá-los para um banho de realidade - de certo modo foi o que aconteceu ao PCP e ao Bloco nos últimos anos. 

Repensar o Natal?

A pretensão de Graça Freitas, Marcelo e outros fanáticos sanitários de impedir as "bolhas familiares", proibir o convívio dos jovens, e a socialização de adultos saudáveis por um prazo ilimitado, revela uma delirante falta de realismo e, direi mesmo, de humanidade. É uma vez mais a velha e perigosa tentação da reeducação do Ser Humano que só pode dar maus resultados, pois o pessoal é manso mas o pavio acaba. Um país não é um hospital e as cidades não são enfermarias governadas por zelosos médicos. Isto ainda vai acabar mal, e não será por causa do Coronavírus.

PS.: E agora sobre a eficácia das sacrossantas medidas sanitárias que o Henrique fala aqui: é interessante perceber a incidência não só sazonal (deixou-se de usar máscara a partir do final de Setembro?) mas geográfica do Vírus. São todos uns badalhocos no planalto central de Madrid em Marselha e na Polónia onde os casos por estes dias crescem especialmente?

O contexto

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Toda a gente que tenha nascido antes do ano 2000 sabe que o “contexto” de um governo (chamado) de direita, quase sempre na sequência duma falência, degrada-se em menos tempo que o da legislatura, chega ao fim nas lonas - não há medida que não resulte em escândalo no ruidoso coro da maioria sociológica de esquerda que domina regime por dentro e por fora, a comunicação social, as corporações e sindicatos, as grandoladas e demais activismos, cujas agendas se sustentam dum país pobre e subjugado. A direita no poder passa a ser fascista, não há contemplações, é intruso a enxotar.

Já o “contexto” de um governo "progressista", com a conivência dessa maioria sociológica dominante, é genericamente manso e acrítico – pobres mas conformados. Isso permite aos socialistas a consolidação do controlo do Estado com que se confundem, minar qualquer réstia de escrutínio e entrave à sua captura, tornando a democracia mera letra morta. Isto tudo por um prato de lentilhas ou bacalhau a pataco. Temos aquilo que merecemos, e no topo, como uma cereja, essa coisa inútil do presidente da república.

Os manos

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Nós somos os cinco filhos dos XXI marqueses de Abrantes - o pai Luís e a mãe Maria João. Em comum temos, além da amizade, uma história antiga e uma capacidade enorme de sobrevivência. Deus nos proteja.

Da infantilidade

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As notícias desta manhã sobre a contaminação de Trump relevam quase todas a ironia da sua suposta "desvalorização" do vírus – como se o facto se tratasse de justiça poética. Como se a afirmação de que "não podemos voltar a confinar"  (uma "desvalorização" com a qual concordo) implique algum tipo imunidade viral a... António Costa.

Pela minha parte parece-me um pouco infantil mas compreendo que para muitos seja consolador viver num mundo a preto e branco, sempre com um bode expiatório à mão para se sentirem bonzinhos. Mais grave é que isso aconteça com jornalistas (alguém os convença de que os nossos noticiários não chegam ao eleitorado americano).