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João Távora

O legado de Maradona

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Estranho que o caracter revoltado e autodestrutivo de Maradona exerça tamanha atracção a uma determinada opinião publicada "intelectual" e “progressista”. Se é certo que uma alma atormentada é algo que possui inegável interesse literário e inspira muitos artistas, no individuo concreto e naqueles que o amam significa apenas uma incomensurável dor, que tem pouco de revolucionário. Sendo assim, fiquemo-nos pelo futebol que em Maradona - sem moralismos - é o que verdadeiramente interessa. E já não é pouco.
Deus o tenha na sua infinita misericórdia.

Corda esticada

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Quem me conhece melhor sabe que para mim a celebração do Natal não é uma questão fútil, de comeres e beberes. É com algum espanto oiço na radio Observador um “especialista” daqueles que, por sua vontade já nos encerrava a todos em casa como em Março (escolas e tudo), a recomendar que a festa este ano seja passada nesses termos. As notícias dão conta que noutros países já se equaciona limitar as celebrações natalícias a um determinado número de indivíduos por agregado, e ensaiar novas engenharias sociais de resultado mais que duvidoso. Estou cansado de ouvir especialistas a dizerem uma coisa e o seu contrário – já há algum tempo que para minha sanidade evito o sensacionalismo dos telejornais e não tarda corto também com as rádios.
A questão que eu gostaria de ver respondida é: pretende a DGS fechar de novo os nossos templos ao culto especificamente no Natal? Qual a avaliação e a métrica que as autoridades pretendem aplicar para limitar os encontros familiares? Em que ciência se baseiam?
Como poderá facilimamente verificar com as industrias, comércio, ginásios, escolas e igrejas abertas, a saúde biológica não é, não pode ser um valor absoluto - terá sempre de se pesar em confronto com outros de igual ou peso superior. Para isso é que existem governos e políticos, e não somos governados por uma junta médica que naturalmente recomendaria uma quarentena ao país inteiro, além da proibição de fumar.
A ver se me explico: a forma discricionária e incompetente como o nosso governo tem gerido a crise sanitária compromete a sua autoridade, justificando a minha apreensão com as decisões que estará a preparar, desta vez ligadas aos mais profundos sentimentos, crenças e tradições das pessoas. Nomeadamente minhas, que a paciência de obedecer a incompetentes está a chegar ao limite. Cuidado como apertam a mola ...ou esticam a corda.

A descrença, ou o vírus mais letal

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Se a história dos 68% dos casos de Covid19 terem origem no meio familiar a justificar o recolher obrigatório instaurado raiava o absurdo – como se o vírus nascesse de geração espontânea dentro das nossas casas - agora que sabemos que afinal só 10% dos casos ocorrem comprovadamente nas famílias e que mais de 80% dos casos de coronavírus em Portugal são de origem desconhecida, fica claro que estamos a ser governados de improviso por incompetentes: assim são implementadas medidas placebo para que se mantenha a ilusão na comunidade de que a propagação do vírus está sob o controlo dos políticos e da ciência. De nada interessa que ontem tenham sido reportados 6994 novos casos de infecção, o segundo na escala desde o inicio da pandemia, que surge mais de três semanas depois de ter entrado em vigor o tão ansiado uso obrigatório de máscara, e duas semanas depois de declarado o estado de emergência. Referia muito bem há dias Marcelo Rebelo de Sousa que as medidas não servirão para nada se as pessoas não acreditarem nelas. O problema é que o vírus também nelas descrê e faz o caminho a que estava destinado, pouco tendo sido feito pelos governantes para adaptar o SNS ao esperado embate.
Se admito que, por falta de estudos sérios e concludentes, crer ou descrer na utilidade das medidas restritivas que vêm sendo implementadas é um acto de fé, o descalabro que grassa na nossa frágil economia é uma evidência, que ao contrário do que muitos nos querem fazer crer não se limita ao sector do turismo e à hotelaria. Percebo que para grande parte dos portugueses que têm rendimento garantido ao final do mês, custe a perceber o que é cumprir um plano de negócios, gerir uma empresa, criar riqueza, cumprir com os compromissos e pagar ordenados. Desses portugueses instalados também começo a duvidar que se lembrem o que é a vida daqueles que têm todos os dias de se levantar de madrugada para, com o seu suor, levar algum sustento para casa, e os equilíbrios precários de que depende a “dignidade” da sua existência. Desconfio que já não elegem ninguém, mas um dia destes ainda os vamos ver na rua em desespero.
Evitemos contactos sociais supérfluos, obedeçamos ao protocolo respiratório, lavemos as mãos e usemos máscara onde o distanciamento físico não seja possível, mas não façam de nós parvos com a improvisação de engenharias sociais catastróficas para a nossa subsistência económica, sanidade psicológica e coesão social.
Vai ser necessário uma enorme energia e espírito de missão para liderar a fase de reconstrução que aí vem. Mas duvido muito que isso seja possível com os actuais protagonistas.

Ainda acham que vai tudo ficar bem?

Sempre fui daqueles que achava o nosso sistema político desequilibrado sem uma ala direita robusta e descomplexada, assumidamente conservadora, liberal e reformista. O que eu nunca pensei é que essa facção emergisse através de um oportunista agarrado a causas tão bizarras quanto a castração química de pedófilos, a segregação dos ciganos ou o anti-parlamentarismo (amigos garantem-me que é um visionário que isso dos ciganos e da castração quimica são só velhos truques para dar nas vistas e que tem um programa político sofisticado para a nossa salvação, mas nunca o ouvi a falar disso). Mas a realidade é aquilo que é, não há vazio em política, e a direita, atordoada com a epidemia entrou em processo de autofagia. Começa-se a parecer demasiado os monárquicos depois da implantação da república: eram muitos e bons, tão bons que não se conseguiram entender. Até hoje...
Enquanto isso, António Costa passeia-se entre os pingos da chuva, o socialismo cristaliza-se no poder e o processo de empobrecimento dos portugueses acelera de forma assustadora. Com a nossa frágil economia praticamente estagnada e incapaz de gerar os recursos que inevitavelmente terão que ser despendidos para evitar uma tragédia de proporções bíblicas. Entretanto a Comissão Europeia “reforça alerta sobre elevado endividamento de Portugal". Triste destino este de ser português nos tempos que passam em que o político cuja inteligência sobressai do debate morno e aparvalhado parece ser o jacobino do Sérgio Sousa Pinto.

Coisas velhas I

Desculpem-me vocês, pessoas inteligentes e cultas que são minhas amigas: o nosso grande drama na História acontece quando deixamos de ter contacto directo com aqueles que testemunharam o tempo anterior ao nosso. Aí é que nasce toda uma sorte de mitos que nos perturbam a interpretação do passado. Com nefastas consequências no futuro.

Ribeiro Telles e a Ecologia Integral

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Bom seria que se entendesse de uma vez por todas que as profundas convicções ecológicas de Gonçalo Ribeiro Teles, expressas no seu cepticismo pelos excessos da “engenharia” do homem no meio natural, são as mesmas que conduzem e fundamentam as suas convicções monárquicas: Portugal, como nação composta por comunidades naturais autónomas encimadas pela Instituição Real legitimada por 800 anos de história, a consolidar e agregar os portugueses, penhor da liberdade de todos, “o suporte interessado na boa organização e gestão da rés-publica” nas suas palavras.

Que Deus o guarde na sua infinita glória.