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João Távora

Obra do diabo

O mundo nos nossos dias, escravizado às dinâmicas marxistas (chamemos-lhes assim), analisa tudo o que de si emana como se fora sempre reflexo duma disputa de hegemonia entre indivíduos, facções, políticas, culturas, sexos, raças ou etnias. Essa frenética alienação a que estamos escravizados, gera pessoas profundamente revoltadas e infelizes, sentimentos absolutamente contrários àqueles que essa mundivisão promete para um dia de glória vindouro. É contra essa fantasia que nós os cristãos nos batemos. No centro da grande clivagem da humanidade sempre ficou a perder o amor.

Até parece obra do diabo.

Desculpem qualquer coisinha...

Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor. Efésios 5:22

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Eis que subitamente uma onda na praia subiu um pouco mais que o esperado, molhou os pezinhos e desinquietou algumas “celebridades” e “influencers” que logo se viram obrigadas a ir às redes sociais regurgitar a sua profunda ignorância disfarçada de indignação. Isto a propósito da leitura da Carta de São Paulo aos Efésios, lida na missa do Domingo passado (em todo o Mundo, não em especial para a RTP) e que algum espírito demasiado simples acidentalmente assistiu na transmissão e decidiu “denunciar”. De nada deve valer a pena tentar explicar a quem estiver de má-fé que o pequeno trecho está descontextualizado e a carta foi escrita há dois mil anos, sendo o seu conteúdo profundamente revolucionário ainda hoje em muitas culturas, quando equipara as responsabilidades dos dois elementos do casal na construção de uma família – oferecendo para esse fim o seu amor de forma gratuita: (…) “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois uma só carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido.” Ou ainda citando São Paulo numa Carta aos Gálatas: "Não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." 

Para ilustrar este texto escolhi uma fotografia do Pe. Giovanni Scalese que está desde 2004 em Kabul onde lidera a Missão Católica. À sua guarda tem o único templo católico do Afeganistão e uma comunidade maioritariamente composta por órfãos, viúvas e outros marginais do islamismo. Pediu para ficar, como faria São Paulo seguindo o exemplo de Cristo. Essas “celebridades” ainda querem interromper o seu "sunset" e discutir como o cristianismo na sua fundação respeitava as mulheres e o livre arbítrio das pessoas em geral, ou simplesmente o sinal de cupidez que representa a tentação do literalismo?