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João Távora

O "ter de ser"

istockphoto-647252186-170667a.jpgA razão de ser do sucesso do contra-almirante na campanha da vacinação Covid19 foi o método da "task force". Qual é o truque? Fiz parte de algumas nos anos 90 criadas no MNE, a mais ambiciosa das quais aquela que operacionalizou a Cimeira da OSCE '98 que reuniu em Lisboa durante 3 dias 52 Chefes de Estado e de Governo - além dos ministros, Sec. de Estado, comitivas diplomáticas, esposas e esposos - uma logística incomensurável impregnada de gente importante, sensibilidades e armadilhas político-burocráticas. Como se faz o milagre? Com uma "task-force". Trata-se de uma equipa relativamente pequena de contratados, no caso quase todos civis, mas armados até aos dentes para o efeito pretendido, cujos responsáveis de cada área (política, transportes, segurança, hotelaria, protocolo, etc.) têm ligação directa ao topo da hierarquia (Ministro, EMFA ou 1°, Ministro). Como uma bolha de eficácia dentro dum microcosmos disfuncional (ministério) que está montado em função da sua orgânica para complicar ao invés de agir.

Dito isto, eu acho que o nosso país deveria ser governado por uma "task force" pelo menos por dois anos para por isto tudo a funcionar outra vez, que o "ter de ser" tem muita força. Sempre com o suporte da ciência. Depois logo se via.

O grande desafio

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Nestes momentos de incerteza e apreensão, na perspectiva dumas eleições antecipadas caídas do céu poderem constituir o resgate do país ou o seu afundamento numa crise de ingovernabilidade, seria da maior conveniência que os actores se comportassem com a serenidade e inteligência que a situação delicada exige. Não digo isto só a propósito da desgarrada verborreia e hiperactividade de Marcelo Rebelo de Sousa quando precisávamos de um Chefe de Estado com os mínimos institucionais (o mal que nos faz a república), mas também a propósito da prestação expectável por parte protagonistas que disputam as lideranças dos dois (ainda) principais partidos da direita portuguesa. Não se esqueçam eles, que dada a insólita coincidência das suas disputas internas com um calendário eleitoral, estarão o tempo todo sob as luzes da ribalta e sob o julgamento dos eleitores, que na maioria não é sectário e não vislumbra grande virtuosismo nas lutas internas, antes pelo contrário. Se se confirmar a dissolução do parlamento e o fim da fraude da geringonça, o caminho da direita para o poder será estreito e sob gelo fino. Uma alternativa ao socialismo só sairá vitoriosa se as suas lideranças souberem transmitir para o povo muito sentido de responsabilidade e serviço que verdadeiramente contraste com a actual situação - foram esses os melhores argumentos para a vitória de Carlos Moedas num território hostil à direita como o de Lisboa. De que valerá a Rio, Rangel, Chicão ou Melo ganharem os partidos e perderem a oportunidade de resgatarmos o país?