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João Távora

Da boa educação

Não sou nenhuma flor de estufa, tenho os dois pés no mundo e no entanto faz-me alguma confusão a crescente banalização duma  linguagem feia e rasteira que prolifera  em cançonetas, filmes e programas de televisão, direccionados a uma determinada faixa etária ou “segmento de mercado”. Basta ver um filme de acção americano para classe média, um qualquer reality show, bonecos animados para adolescentes, ou escutar as palavras dum irrelevante recitador de RAP, para sermos confrontados com a mais hostil gíria e descontextualizado insulto a tudo o que mexe.  Um dia destes vi na MTV, num reality show na moda entre os adolescentes, uma rechonchuda cachopa americana vilipendiando ao vivo a sua namorada traída; numa verborreia onde o epíteto “cabra” era o mais carinhoso dos adjectivos. Eram seis da tarde.

O problema é que as palavras e os símbolos nunca são só palavras ou símbolos; possuem significados precisos e refletem sentimentos concretos dos quais jamais se descolam. No entretanto, a mesma adolescentocracia que tolera e trivializa estas aberrações “culturais”, vem a jusante chorar lágrimas de crocodilo e indignar-se com a violência doméstica, discriminação e outras enfermidades sociais que afinal alguma educação e valores teriam por certo atenuado.


Em meados do século XIX o jovem rei D. Pedro V idealizou a democratização da instrução, acessível e obrigatória a toda a população portuguesa. No dealbar do Século XXI o desafio é descobrirmos o que fazer para uma eficaz propagação dos bons valores e da boa educação.

 

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