Sobre a boa educação
Um dos grandes equívocos da “cultura” urbana vigente é a pressuposta benignidade pedagógica da outorgação do livre arbítrio quase incondicional ao jovem adolescente, que por natureza é rebelde e transgressor.
Parece-me a mim que um adolescente responsável e ponderado é uma aberração. Lá em casa, a liberdade que vamos concedendo aos miúdos é controlada à distância e à condição do mérito patenteado nas tarefas e projectos em que estão envolvidos. Por outras palavras: às vezes a regra é mesmo a repressão, exercida com muito “afecto” e “envolvimento”... se eles estiverem para aí virados. Enfim; é uma canseira, para mais sem garantias nos resultados.
Não sejamos ingénuos: se na escola ou noutros espaços públicos os seus limites não forem claros e firmemente impostos, eu não ponho as mãos no fogo pelas suas atitudes e escolhas. E se por acaso o estimado leitor ainda não tem filhos na idade do armário e não percebe do que eu estou a falar, visite uma escola pública ou veja umas horas de MTV numa tarde destas. E depois não se ponham a afogar os petizes no lavatório, pois vão-se arrepender e além disso a maioria deles voltarão a ser razoáveis lá para os vinte e tais. É quase certo.