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João Távora

A dança das horas


Apesar de depois de muita pancada ter aprendido a ser pontual, não sou muito crente nessas coisas das horas e calendários. Mas quem sou eu para pôr em causa essas linhas com que nos cosemos conformadamente há tantas gerações...

Pois foi há já muitos anos que perdi a inocência, quando descobri que os ingleses mediam as distâncias com milhas, que o merceeiro aldrabava nos pesos, e que na China era de noite. E como eu gostava de "ligar para as horas” e sabê-las certas e indubitáveis “ao terceiro sinal”! Confesso que o golpe fatal na minha crença foi perpetrado sabe Deus quando, por um dos governos de austeridade de Mário Soares, quando se decretou a mudança da hora duas vezes por ano! Mudar a hora não fazia nenhum sentido... de que servia ter o relógio atomicamente acertado se, de repetente, era tudo mentira?

Hoje ainda não me conformo com a metamorfose horária, principalmente na primavera, quando nos roubam descaradamente o fim-de-semana em sessenta preciosos minutos... de sono. E eu bem sei que Einstein já dizia que o tempo é relativo, que é uma curva, coisa e tal; mas uma hora de diferença é demais! Principalmente para os miúdos mais pequenos que andam com os sonos e os apetites trocados, com as consequentes embirrações existenciais – coisa que neles se traduz em choradeiras e disparates.

Enfim, que o tempo não é fiável e que a as diferenças horárias pagam-se caro com umas úlceras e insónias, já eu sei por experiência própria com as viagens. Mas que a família toda tenha que sofrer uma semana inteira de jetlag sem sair do fuso horário do Estoril é que não está certo, é uma chatice.

A ver se logo adormeço a tempo de retemperar bem as energias, que isto não está nada fácil!

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