Este país
Ontem à noite durante mais de uma hora fiz zapping pelas notícias na TV e garanto-te caro Pedro Correia que entre o Canal dois, a SIC Notícias e a RTP N poucas vezes ouvi a palavra nação. Cada um tem o que merece, e nós por cá só temos direito a “este país”. Até a náusea ouvi calamitosas referências sobre a centenária crise d“este país” num tom de tragédia sem paralelo. Sumidades como Maria Filomena Mónica, Medina Carreira, Helena Matos, Marinho Pinto, Gonçalves Pereira, disseram tudo e nada sobre as misérias nacionais, do futebol à justiça, do ensino à economia, de José Sócrates a Salazar, discorrendo um alucinante panorama de horrores e fatalidades. Será que para salvaguardar o "bom nome" deste país, poupamo-lo não o referindo? Será uma questão de pudor, ou simplesmente higiénica?
Perdido por um, perdido por mil; angustiado, apaguei a televisão e pus-me sossegadamente a ler mais umas páginas dos diários de João Chagas. Afinal “este país” é uma questão de hábito.