Por falar em esperança
Enquanto decorrem as negociações (em recato) para um governo que nos salve do abismo e os socialistas lambem as feridas duma zaragata de seis anos, gozamos por estes dias umas raríssimas tréguas e inaudita serenidade política que desconfio se irão estender à estação tola. A realidade tombará ribombante lá para o mês de Setembro, mas entretanto folgam as costas, caiem as visitas no sitemeter na justa proporção em que se enchem as praias.
Entretanto neste período de deliciosa irrealidade que vimos gozando desde o dia 6 de Junho, desfruto com prazer os sinais da bonança, estado que por norma intervala com a tempestade: um tempo luminoso e ameno que sara qualquer tristeza, as promissoras contratações do Sporting que até Setembro empolgam o mais céptico adepto, o retorno da elegante eloquência da Ana Lourenço à SIC notícias, uma mini gelada numa tasca do Camões depois duma dura reunião, já para não falar do chegar a casa a tempo de ler o jornal i na varanda soalheira. Assim, para já para já, que mais pode um homem desejar? De resto um bom cristão é por inerência optimista, que em caso extremo caminha confiante ao encontro das feras no circo romano.