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João Távora

Cão que ladra não morde e se rosna tem medo

 

Nos últimos tempos não tenho comprado o Público, coisa que talvez justifique a minha surpresa ao encontrar hoje em destaque, a ¼ de página (na 3) com caracteres de corpo grande a seguinte parangona: “Amadeu Carvalho Homem historiador e republicano, dirige uma pergunta ao pretendente ao trono, a propósito da celebração de mais um aniversário da Restauração, a 1 de Dezembro”: “SE UM DIA FOSSE REI DE PORTUGAL, NÃO ACHARIA BIZARRO (NO MÍNIMO) QUE O TRATASSE POR SUA MAJESTADE?” (a vermelho no original).
Porque mantenho alguma crença na inteligência humana, custa-me acreditar que esta opção editorial não tenha um justificado enquadramento que me escapa. De resto, a mesma pergunta com que nos desafia o historiador poderia aplicar-se a outros tratamentos honoríficos ou convencionais, que mais do que um sentido estrito correspondem apenas a uma tradição protocolar: Sentir-se-á o Presidente da República mesmo “Excelente” (Excelência) e o Senhor Reitor mesmo “Magnífico”, (Vossa Magnificência)?
Finalmente como um mal nunca vem só, a imbecil questão ficará sem resposta, dado que o destinatário dela como consta na manchete introdutória é D. Duarte Nuno Duque de Bragança, que faleceu aos 69 anos há mais de 34 anos.

Pela minha parte sou levado a concluir que o destaque dado a tão boçal provocação só se justifica pela insegurança e receio que a Instituição Real por estes dias parece inspirar aos republicanos ou simplesmente a gente de limitada craveira. É sabido que a primeira razão do cão ladrar e arreganhar os dentes é o “medo”, fenómeno que deveria levar os monárquicos a ter algum orgulho na sua Causa, que afinal algum trabalho vai fazendo…

 

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