A grande chapelada 3
Manuela Ferreira Leite revelou-se a grande vencedora da noite eleitoral de ontem: com a sua estratégia de comunicação baseada na sobriedade, e a escolha do cabeça de lista certo no momento certo, o PSD conquistou uma significativa vitória sobre o Partido Socialista. Tudo isto acontece apesar de Pedro Passos Coelho e da sistemática oposição e má fé assumida por um certo jornalismo e uns quantos fazedores de opinião que dominam com mestria o espaço mediático nacional. De facto, durante grande parte do mandato de José Sócrates, uma inaudita “oposição à oposição” que Pacheco Pereira tanto tem denunciado, dominou a agenda política doméstica.
O exemplo paradigmático destes fazedores de opinião e “mensageiros do oculto” é o inenarrável Luís Delgado, opinador militante na SIC Notícias e na Antena 1, onde exibe uma aflitiva pobreza cultural e intelectual. Este jornalista é para mim um incompreensível caso de alguém que supostamente dá a cara pela direita, mas que, em nome de ocultíssimos interesses, consegue ser sempre mais devastador com ela do que os seus “adversários”. É ouvi-lo na Antena 1 num programa ironicamente chamado “Contraditório” em concordância sistemática com os seus “opositores” Ana Sá Lopes e Carlos Magno. Aliás, na sua última edição, na sexta-feira passada, tivemos a possibilidade de o ouvir vociferar contra Manuela Ferreira Leite e o previsível insucesso do PSD, facto para ele escandaloso, tendo em conta uma suposta hecatombe dos partidos no poder dos restantes países europeus expostos à crise financeira internacional. Argumentos falsos quando sabemos como a direita se aguentou em França, Itália e Alemanha, apesar da crise, apesar de tudo. Ontem à noite, era vê-lo na SIC pateticamente empenhado nessa mesma causa, desvalorizando a vitória do PSD. O que fará correr Luís Delgado? E que estranho fascínio exerce esta obscura personagem a alguns directores de informação da nossa praça?
Legitimamente, exigimos dos políticos um mínimo de idoneidade, erudição, cultura e ciência. Implacavelmente, troçamos das suas gaffes, e obrigamo-los a assumir as consequências dos seus erros de avaliação e fracassos eleitorais. Ora não será que, detendo os media um inusitado poder, "o quinto" como lhe chamam, não deveriam também alguns jornalistas e analistas políticos assumir consequências dos seus enganos e desconchavos?
Eu sei de uns quantos que a esta hora, no mínimo, deviam estar a comer os seus chapéus num acto de penitência pública.