A dietética jacobina
Folheando um dos jornais do passado fim-de-semana surpreendi-me com uma página inteira de conselhos dietéticos para o Natal que se aproxima. A articulista sugeria aos comensais, aparentemente sem pretensões a fazer rir, uma racional atitude de frugalidade, e algumas receitas de doces tradicionais alternativos: cozidos em vez de fritos, pouco açúcar, menos gorduras, hidratos e muitas saladas. Por fim, para rematar as celebrações, o artigo aconselhava um reforço de exercício físico nos dias seguintes. Faltou o sábio conselho de moderarmos as emoções - que isto dos sentimentos extremados podem fazer mal à vesícula. E como muitas criancinhas eufóricas fazem mal aos tímpanos...
Pois, estar vivo é deveras perigoso!
Por mim que sou cristão e que levo as celebrações natalícias bastante a peito, não prescindo da festa mundana, colorida pelas crianças endiabradas, pelas luzes intermitentes e pelos papéis de embrulho rasgados no chão. Assim como não prescindo de uma boa caneca de chocolate quente, uns sonhos e umas rabanadas a seguir à Missa do Galo. Também me delicia o almoço de Natal com peru recheado com castanhas e batata palha, precedido pelo fiel amigo acompanhado com todos. É uma alimentação excessiva? Com certeza que é, mas a ocasião concede-lhe toda a legitimidade. Assim nos dê a todos Deus Nosso Senhor saúde e prosperidade para podermos celebrar todos os anos a sua festa de aniversário em paz e com toda a dignidade.