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João Távora

Uma ida ao Circo


Um programa familiar que concilie os gostos da miudagem lá em casa é um objectivo cada vez mais ambicioso e difícil: com quatro infantes, dois dos quais em avançado estado de adolescência e os outros dois com idades entre os sete anos e os vinte meses de idade (!) é sempre necessária imaginação e alguma “capacidade de liderança”. Assim sendo, ontem à tarde a família Pipocas foi toda ao Circo. 

Com a boa vontade de todos e umas guloseimas à mistura, as coisas lá acabaram por correr bem no Coliseu do Recreios. Acontece que o circo tem uma magia irresistível, uma estranha decadência que subsiste imutável geração após geração. Um anacronismo que  prevalece sobre a sofisticação dos cenários, efeitos especiais, “grandes artistas” e partenaires.  As “atracções” do circo são admiravelmente intemporais: hoje como há quarenta anos soa igual a estonteante “orquestra” com trompas de varas, saxofones, rufares e passos dobles. Ou a garbosa apresentadora de sotaque irreconhecível espartilhada em rendas e cetins. E há o inevitável palhaço rico vestido de lantejoulas e chapéu de bico, os musculados trapezistas em colants arriscando a vida sobre a rede e a mulher acrobata contorcendo-se sensual sobre um grande arco. E depois, que dizer do elefante magricela que nos faz vénias e salamaleques vendido por dois amendoins, ou das focas que batem palmas com uma bola suspensa no focinho?

Assim construímos as memorias dos nossos filhos, que talvez fartos de jogos virtuais e explosões de electrónica se rendem aquela anacrónica realidade. E finalmente estamos quase no Natal que é o mais importante e ajuda muito.

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