Curiosa é a passagem do Evangelho (Lc 24) quando dois discípulos, após a crucificação, seguiam desolados para Emaús, e Jesus, sem que eles O reconhecessem se acercou indagando sobre o que conversavam. Estranhamente cegos, retorquiram-Lhe: «Serás Tu o único forasteiro em Jerusalém a não saber o que lá aconteceu nestes dias?» Contaram-Lhe então eles o que houvera acontecido (...)
Ontem, fora de horas, tendo apanhado um Uber conduzido por um jovem negro, reparei no facto curioso de o mostrador do rádio exibir uma emissora de Luanda. Porque a viagem era longa, para fazer um pouco de conversa, perguntei-lhe se era natural da capital de Angola, ao que o motorista me respondeu que não, que era oriundo de Cabinda. Então, veio à liça a sua preocupação com o abandono do governo angolano deste riquíssimo enclave e da permanência do latente conflito do seu povo que (...)
Ninguém imaginaria há duas semanas a hecatombe que se iria abater na equipa de futebol do Sporting. Sou o primeiro a dar a mão à palmatória por tender a subestimar a importância do treinador no grupo de trabalho. Nem nas minhas mais negras previsões imaginaria que uma equipa aparentemente invencível com Ruben Amorim, duas semanas após a sua saída sofreria quatro derrotas seguidas. Os jogadores são os mesmos assim como o sistema de jogo – não me venham cá os intelectuais da (...)
Naquele tempo, comentavam alguns que o Templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Lucas 21, 5 Agarramo-nos à iconografia do nosso tempo como se fetiches se tratassem. Pretendemos que o nosso tempo se deixe tomar para nós, como se fossemos suficientemente importantes. Chega a ser comovente como nos empenhamos a preservar as obras que nos foram (...)
Preocupa-me o progressivo desaparecimento das referências cristãs no Natal pelas nossas paragens. Afonso Costa, cúmplice no assassinato do rei, exulta na sua campa, ou suspeito que não, porque não é possível alegria a quem arde no fogo eterno da Geena. Mas a minha preocupação não é tanto a questão da envangelização, mas a da viabilidade a longo prazo deste condomínio em que se vai transformando Portugal. Uma nação, requer uma alma, sabiam? A pouco mais de um mês da (...)
Pedro Boucherie Mendes apresenta no seu livro A Década Prodigiosa, publicado pela D. Quixote, um trabalho admirável para recordar o Portugal na década de oitenta. Apesar das cerca de 640 páginas, trata-se claramente de um livro Pop, interessante e divertido, dedicado à geração do autor, nascida no início dos anos 70, um (...)
Não me espantou muito ontem no noticiário das 13:00hs da rádio Observador ouvir uma curta reportagem de uma manifestação em Madrid pelo direito à habitação, que incluía um testemunho de uma Mortágua lá do sítio, apresentando soluções simples para aquele problema complexo, à boa maneira dum qualquer partido populista ou revolucionário “contra os interesses dos bancos, das grandes empresas e dos rentistas”. Fadados a suportar por cá as nossas mortáguas e similares, (...)
Bandeira da Carbonária (organização terrorista secreta republicana). Depois de aqui há anos, no centenário da República, ter sido realizado o maior escrutínio historiográfico alguma vez feito a este período negro da nossa história, seria natural que os bem-intencionados titulares do regime se envergonhassem um pouco no momento de o festejar: a revolução de 5 de Outubro de 1910, definitivamente, não merece quaisquer celebrações num país que pretenda ser civilizado. Mas, (...)
Para quem tenha a paciência de me ler, aqui vão os meus cinco tostões para o peditório emergente das eleições presidenciais de 2026: Não sendo tradição em Portugal o Chefe do Estado ser o responsável pelo governo do País, cabendo-lhe “apenas” um papel de mediação e de representação (sei bem das ambiguidades da constituição semipresidencialista quanto aos limites da sua actuação) é para mim um profundo enfado o ritual quinquenal da luta partidária para o (...)
Já viram algum presidente da república (coisa feia) ser eleito careca? Em Portugal, em democracia, nunca foi eleito algum presidente careca: Ramalho Eanes (que derrotou Soares Carneiro à primeira volta), Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcello Rebelo de Sousa tinham cabeleiras fartas. Tudo indica que esse é afinal de contas o atributo determinante para uma carreira política com ambições ao topo em democracia. Lembrei-me disto no outro dia a propósito do tabu de Luís (...)