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João Távora

A Casa de Abrantes e Dom Manuel II

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Uma carta de 1928 recentemente chegada às minhas mãos, de Dom Manuel II para o meu bisavô João Ulrich consentindo o casamento de Maria Emília Casal Ribeiro Ulrich com o Marquês de Abrantes (meus avós), insinua num singelo parágrafo uma improvável amizade entre o rei e o meu avô José. Bem sei que tinham praticamente a mesma idade e que o meu avô pagou com o exílio a luta contra a república. Mas acontece que a Casa de Abrantes tinha, desde o início do conflito entre liberais e tradicionalistas, uma ligação fortíssima com a causa legitimista que por muitas décadas apoiou política e monetariamente contra o ramo liberal de que descendia Dom Manuel II. Talvez para um português actual não seja fácil entender até que ponto no século XIX era brutal esta fractura, mas a mim ainda hoje me chegam ecos desta cizânia que resultou numa sangrenta guerra civil. Sendo assim, a frase “Sou muito amigo de há muitos anos do Marquês de Abrantes: estou convencido que a sua filha não poderia fazer melhor escolha.”  vem carregada de significado político e reconforta o meu coração monárquico. Exilado e longe da sua amada Pátria tomada pelo radicalismo revolucionário, Dom Manuel II demonstra uma enorme grandeza de espírito e de que matéria é feito um Príncipe.
Lembrei-me disto a propósito da conflitualidade que se adivinha nos discursos radicais emergentes da nova legislatura e seus protagonistas. Pela minha parte tenho dificuldade em entender que as pessoas não se possam relacionar cortesmente, por maior que sejam as suas diferenças políticas e ideológicas. Nada justifica a perda de compostura, há uns mínimos de urbanidade exigível aos deputados que nos vão representar no parlamento, mesmo que este se chame Assembleia da República. Que não lhes fuja o pé para a chinela e não comprometam os consensos mínimos de uma nação que se quer civilizada.

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